ABC | Volume 113, Nº2, Agosto 2019

Minieditorial Falta de Aconselhamento Nutricional durante Hospitalização The Lack of Nutritional Counseling during Hospitalization Luiza Antoniaz zi Instituto do Coração (InCor) – Lipids, São Paulo, SP – Brasil Minieditorial referente ao artigo: Qualidade da Orientação Nutricional Intra-hospitalar em Pacientes com IAMcSST das Redes Pública e Privada de Saúde em Sergipe: Registro (VICTIM) Correspondência: Luiza Antoniazzi • Av. Dr. Eneas de Carvalho Aguiar, 44 - Lipid Unit. CEP 05402-000, São Paulo, SP – Brasil E-mail: luiza.antoniazzi@hotmail.com Palavras-chave Hospitalização; Dieta Saudável; Redução do Risco; Pacientes Internados; Dietética. DOI: 10.5935/abc.20190172 Durante o acompanhamento nutricional de indivíduos hospitalizados, o nutricionista realiza o diagnóstico, prescrição dietética, supervisiona a distribuição das dietas e avalia sua aceitação, além de realizar aconselhamento nutricional para que os pacientes compreendam como um padrão dietético específico pode ser mais adequada tendo em conta os seus diagnósticos e estado nutricional. Segundo a Resolução 600 de 2018 do Conselho Federal de Nutricionistas, o número de profissionais necessários é 1 a cada 15 leitos de alta complexidade e a cada 30 leitos de média complexidade. 1 Lima et al., 2 em um artigo publicado nesta edição, avaliaram se era realizado aconselhamento nutricional no ambiente hospitalar para pacientes que haviam sofrido Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e a qualidade dessa orientação. Segundo eles, 57,6% dos indivíduos internados na rede pública e 70,3% na rede privada, em Sergipe, receberam aconselhamento nutricional intra-hospitalar. Uma possível causa dessa baixa taxa de aconselhamento pode ser a quantidade de nutricionistas disponíveis nas instituições hospitalares, que é mais baixa do que o previsto pela resolução. 1 Seta et al., 3 avaliaram, em 2010, oito hospitais públicos em quatro estados brasileiros, dos quais nenhum nutricionista relatou aconselhamento nutricional. 3 Outro problema é a qualidade da orientação. É preciso verificar se ela atende às diretrizes para prevenir a ocorrência de novos eventos cardiovasculares. Nesse artigo, houve predomínio de diretrizes restritivas, principalmente quanto ao sal e gorduras. Os pacientes da rede privada foram mais beneficiados quanto à inserção de alimentos cardioprotetores, principalmente frutas e hortaliças. A dieta preventiva após IAM requer adequação calórica e restrição calórica aplicada, quando necessário, para adequação do estado nutricional. É importante que os macronutrientes sejam adequados dentro da normalidade, levando-se em conta a restrição de gorduras saturadas e o equilíbrio entre as outras gorduras, conforme recomendado pelas diretrizes sobre dislipidemia. 4-6 Além disso, as recomendações atuais de prevenção de eventos cardiovasculares englobam uma dieta semelhante à mediterrânica: ingestão <5 g de sal por dia; 30-45 g de fibra por dia; consumo regular de frutas e legumes por dia; consumo diário regular de peixe e nozes sem sal, ingestão limitada de álcool, e desencorajamento do consumo bebidas adoçadas com açúcar. 7,8 A compreensão do comportamento alimentar é indispensável para aprofundar o conhecimento dos fatores determinantes do comportamento alimentar, que incluem uma gama complexa de fatores nutricionais, demográficos, sociais, culturais, ambientais e psicológicos. Diversos estudos apontam que o modelo transteórico, 9 desenvolvido na década de 1980 por dois pesquisadores norte-americanos, James O. Prochaska e Carlo DiClemente, 10 pode ser considerado um instrumento promissor para auxiliar a compreender a mudança comportamental relacionada à saúde e é amplamente utilizado em pesquisa e prática clínica. O modelo transteórico de mudança de comportamento tem cinco etapas. No estágio de pré-contemplação, ainda não foi considerada pelo indivíduo ou nenhuma mudança foi feita, não havendo intenção de adotá-la em um futuro próximo. No estágio da contemplação, o indivíduo começa a considerar a mudança comportamental, isto é, pretende mudar o comportamento no futuro, mas um prazo ainda não foi definido. O indivíduo que toma a decisão, na fase chamada de preparação, pretende mudar seu comportamento no futuro próximo, por exemplo, no próximo mês. Geralmente, depois de superar tentativas anteriores frustradas, pequenas mudanças são feitas e um plano de ação é adotado, ainda não havendo um compromisso sério com o mesmo. Já os indivíduos em ação de fato alteraram seu comportamento, suas experiências ou seu ambiente para superar as barreiras previamente percebidas. Essas mudanças são visíveis e ocorreram recentemente, nos últimos seis meses, por exemplo. Na fase de manutenção, o indivíduo já mudou seu comportamento e o manteve por mais de seis meses. 10 O estudo de Vieira et al., 11 realizado com pacientes que passaram por angioplastia em um hospital especializado em cardiologia de São Paulo, identificou os estágios de mudança de comportamento em que se encontravam: 36% estavam em manutenção, 26% empreparação, 17% empré-contemplação, 12% em ação e 9% em contemplação. É necessário que a equipe de nutrição crie estratégias adequadas de educação alimentar para os indivíduos em cada uma dessas etapas, a fim de promover a adesão a um plano alimentar mais favorável e a adequação do estado nutricional. Um estudo buscou identificar mudanças de atitudes e hábitos em indivíduos da região norte do Paraná, após IAM 270

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