ABC | Volume 113, Nº2, Agosto 2019

Artigo Original Lima et al Orientação intra-hospitalar – Registro VICTIM Arq Bras Cardiol. 2019; 113(2):260-269 Tabela 4 – Relação entre a orientação nutricional intra-hospitalar autorreferida e o conhecimento nutricional nos pacientes com IAMcSST atendidos nos hospitais em Sergipe de acordo com o tipo de serviço (público x privado) Nível de conhecimento nutricional Pacientes orientados (102) p valor Pacientes não orientados (68) Valor de p Público Privado Público Privado Baixo, n(%) 21 (26,3) 1 (4,5) 0,001* 14 (23,7) 0 (0) 0,240* Moderado, n(%) 38 (47,5) 6 (27,3) 23 (39,0) 4 (44,4) Alto, n(%) 21 (26,3) 15 (68,2) 22 (37,3) 5 (55,6) *Teste qui-quadrado. Esse cenário preocupante de subutilização da orientação nutricional intra-hospitalar pode ser modificado com a adoção de condutas simples na rotina de trabalho da equipe multiprofissional. Melhorar a comunicação, dedicar maior tempo e atenção às informações concedidas ao paciente e, em conjunto, entregar recomendações escritas individualizadas e com qualidade, para complementar e fixar a orientação, são medidas simples, de baixo custo e que podem levar a um desfecho clínico positivo. 36,40 Além disso, o fato de o momento de alta hospitalar ser geralmente de muita ansiedade para o paciente e os familiares pode acabar dificultando a assimilação da informação. Desse modo, a orientação nutricional não precisa ser restrita a esse momento, mas sim realizada durante todo o período intra-hospitalar, o que evitará também que o paciente receba alta antes de ser orientado. É importante frisar ainda a necessidade demelhor vinculação entre os diferentes níveis assistenciais para a garantia do cuidado integral ao paciente cardíaco. Assim, o preparo adequado dos profissionais da saúde para a realização da contrarreferência e a melhor qualidade do serviço assistencial especializado para atender a demanda são fundamentais para o sucesso do encaminhamento. Limitações Algumas limitações inerentes à comunicação de orientações merecem ser destacadas, como: (1) muitas informações foram autorreferidas, ou seja, dependiam da memória do entrevistado, que pode ter sido influenciada por alguns fatores independentes como nível de escolaridade e condição clínica na hora da entrevista. Além disso, muitos pacientes eram idosos, o que pode levar a um viés de memória maior; e (2) devido a uma parte da pesquisa ser realizada pelo telefone, o contato com alguns pacientes foi comprometido, pela dificuldade de compreensão ou por problemas de saúde, como deficiência auditiva ou mental. Com o intuito de diminuir as limitações da pesquisa, foi realizado um estudo-piloto previamente à coleta dos dados, com o objetivo de identificar o intervalo de tempo ideal para a realização da ligação telefônica e diminuir as perdas pela memória, além de padronizar as questões da entrevista para que todos os pacientes, independentemente do nível socioeconômico, entendessem os pontos levantados. Conclusão Os resultados dessa pesquisa demonstram a falta de registro em prontuário da orientação nutricional intra-hospitalar, bem como a baixa qualidade dessa orientação concedida aos pacientes com IAMcSST em ambos os serviços de saúde em Sergipe, sobretudo no público. Vale ressaltar que esses dados podem não representar apenas a realidade do estado de Sergipe, mas também uma situação nacional, que necessita ser melhor investigada a fim de proporcionar melhorias na qualidade do serviço de saúde como um todo no país, principalmente da orientação nutricional intra‑hospitalar. Embora seja de baixo custo, essa é uma ação pouco realizada até então e, se alcançada demaneira equânime, poderá ser muito favorável para o aumento do conhecimento nutricional e do prognóstico clínico dos pacientes com IAMcSST. Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa: Lima TCRM, Silva DG, Oliveira JC, Oliveira LCS, Arcelino LAM, Oliveira JC, Sousa ACS, Barreto Filho JAS; Obtenção de dados: Lima TCRM, Oliveira JC, Oliveira LCS, Arcelino LAM, Oliveira JC; Análise e interpretação dos dados: Lima TCRM, Silva DG, Barreto IDC, Sousa ACS, Barreto Filho JAS; Análise estatística: Lima TCRM, Barreto IDC; Obtenção de financiamento: Oliveira JC, Oliveira LCS, Oliveira JC, Barreto Filho JAS; Redação do manuscrito: Lima TCRM; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Silva DG, Barreto IDC, Oliveira JC, Oliveira LCS, Arcelino LAM, Oliveira JC, Sousa ACS, Barreto Filho JAS. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento O presente estudo foi financiado pelo CNPq, chamada pública nº14/2013. Vinculação acadêmica Este artigo é parte de dissertação de Mestrado de Ticiane Clair Remacre Munareto Lima pela Universidade Federal de Sergipe. Aprovação ética e consentimento informado Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Sergipe sob o número de protocolo 2099.430. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes incluídos no estudo. 267

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