ABC | Volume 113, Nº2, Agosto 2019

Artigo Original Saad et al. Utilização de serviços de saúde e custos após ablação para FA Arq Bras Cardiol. 2019; 113(2):252-257 Tabela 1 – Informações demográficas e perioperatórias dos pacientes do estudo Variável Total (%) Sexo masculino 58 (69,9) Idade* 52,8 (14,6) Comorbidades Hipertensão 15 (18) Insuficiência cardíaca 5 (6) Doença cardíaca isquêmica 10 (12) Doença cardíaca valvular 4 (4,8) Doença do sistema de condução 3 (3,6) Diabetes 4 (4,8) Apneia do sono 7 (8,49) Doença da tireoide 5 (6) Tempo de seguimento pré-procedimento (meses) * 14,4 (7,2) Tempo de seguimento pós-procedimento (meses)* 10,9 (5,4) Tempo de permanência procedural (dias)* 1,93 (1,6) Custo do cateter 11.468 (4.591) * Média ± desvio padrão. A mediana dos custos totais mensais teve uma redução de 68,5%, de 330,95 (IIQ: 142,36 – 754,17) para 104,21 (IIQ: 56,35 – 226,51, p < 0,001). Os custos ambulatoriais e com emergências também foram reduzidos em 48,8% e 100%, respectivamente (p < 0,001 para ambas as variáveis). O número mensal de internações eletivas e seus custos relacionados, bem como as consultas ambulatoriais, não apresentaram alteração estatisticamente significante entre os períodos pré- e pós-ablação. Na análise das variáveis associadas a uma maior redução no custo mensal total após o procedimento de ablação, nenhuma das comorbidades avaliadas – hipertensão, insuficiência cardíaca e CI ou valvular – apresentou significância estatística (p > 0,10 para todas as variáveis). Discussão Neste estudo, observamos que a ablação por cateter resultou na redução dos custos de atendimento ambulatorial e hospitalar durante um seguimento médio pós-procedimento de 10,7 meses, com uma redução da mediana de custo mensal de 68,5%: de R$330,95 para R$104,21 após o procedimento. A redução de custos ocorreu tanto no cenário ambulatorial (de R$121,48 para R$62,70) quanto no setor de emergência (de R$65,21 para R$0). O procedimento apresentou uma taxa de sucesso de 83,6% após 1 ano de seguimento, o que é compatível com estudos recentes conduzidos em outros lugares utilizando cateteres com sensor de contato. 13,14 O número de complicações graves foi de 1,2%, resultado similar a outras pequenas coortes na literatura. 16,17 Outros relatos da literatura também observaram o impacto da redução de custos pós-ablação. No maior estudo publicado até o momento, Ladapo et al. 11 incluíram 3.194 pacientes de bancos de dados administrativos nos EUA. 11 Nessa pesquisa, a abordagem foi ligeiramente diferente: eles consideraram que os custos podem de fato aumentar nos 6 meses após o procedimento, como resultado da necessidade de uma nova ablação em uma fração da amostra, bem como o tratamento de complicações periprocedurais. Portanto, eles analisaram o período de 6 a 36 meses após a ablação, divididos em ciclos de 6 meses. No período de 6 a 12 meses após a ablação, os custos mensais médios diminuíram em torno de US$800, em comparação com os 6 meses imediatamente anteriores à ablação. Este número diminuiu até os 18-24 meses (onde a redução, em comparação com o período anterior à ablação, era de cerca de US$200), e depois aumentou novamente para cerca de US$800 no período de 30 a 36 meses. No entanto, apenas 1/3 e 1/10 dos pacientes tiveram pelo menos 24 e 36 meses de tempo de seguimento, respectivamente, tornando esses dados de longo prazo mais imprecisos. Independente disso, parece consideravelmente robusto o fato de que as reduções de custo sejam notadas já no primeiro ano, sendo mantidas por um período mais longo de seguimento. Alguns estudos na literatura estimaram quanto tempo após a ablação por cateter o procedimento se tornaria neutro em relação ao custo. Em um estudo francês de Tabela 2 – Utilização mensal de recursos e custos antes e depois do procedimento de ablação Desfecho Antes da ablação - média (DP) Antes da ablação - mediana (IIQ) Depois da ablação - média (DP) Depois da ablação - mediana (IIQ) Valor de p Número de consultas ambulatoriais 0,05 (0,15) 0 (0 - 0) 0,04 (0,10) 0 (0 - 0) 0,770 Número de consultas na Emergência 0,17 (0,21) 0,10 (0,04 – 0,23) 0,08 (0,16) 0 (0 – 0,11) < 0,001 Número de consultas na Emergência – CID arrítmico 0,05 (0,07) 0 (0 – 0,09) 0,01 (0,04) 0 (0 – 0) < 0,001 Número de internações hospitalares eletivas 0,01 (0,02) 0 (0 – 0) 0,01 (0,04) 0 (0 – 0) 0,134 Custos totais (R$) 747,75 (1.315,38) 330,95 (142,36 – 754,17) 589,93 (1.779,83) 104,21 (56,35 – 226,51) < 0,001 Custos ambulatoriais (R$) 156,81 (161,90) 121,48 (56,35 – 206,87) 83,74 (95,17) 62,70 (32,91 – 105,15) < 0,001 Custos relacionados a emergências (R$) 500,95 (1,268,61) 65,21 (3,54 – 433,88) 110,57 (358,86) 0 (0 – 36,98) < 0,001 Custos relacionados a hospitalização eletiva (R$) 89,99 (416,33) 0 (0 – 0) 395,61 (1,720,18) 0 (0 – 0) 0,215 DP: desvio padrão; IIQ: intervalo interquartil. Os valores de P foram calculados com testes não paramétricos, uma vez que todas as variáveis apresentaram distribuição não-normal. 255

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