ABC | Volume 113, Nº2, Agosto 2019

Artigo Original Oliveira et al Risco cardiovascular na psoríase Arq Bras Cardiol. 2019; 113(2):242-249 Tabela 1 – Dados antropométricos, estilo de vida, comorbidades e exames laboratoriais dos pacientes da amostra Variáveis Grupo Controle (n = 33) Grupo Psoriásico (n = 11) Valor de p Idade (anos) 60 ± 9 64 ± 12,5 0,391* Raça 0,479 † Branca 21 (63,6%) 5 (45,5%) Parda/Negra 12 (36,4%) 6 (54,5%) ASC (m 2 ) 1,92 ± 0,20 1,94 ± 0,23 0,835 ‡ Peso (kg) 79,8 ± 15,1 84,7 ± 21,6 0,494 ‡ IMC (kg/m 2 ) 27,2 ± 4,7 30,9 ± 5,9 0,079 ‡ Relação cintura/quadril 0,96 ± 0,06 0,97 ± 0,05 0,576 ‡ Hábitos Tabagismo 7 (21,2%) 6 (54,5%) 0,086 † Etilismo 10 (30,3%) 3 (27,3%) 1,000 § Comorbidades Hipertensão 11 (33,3%) 7 (63,6%) 0,093 § Dislipidemia 10 (30,3%) 3 (27,3%) 1,000 § Diabetes mellitus 6 (18,2%) 3 (27,3%) 0,669 § Exames laboratoriais Colesterol total (mg/dL) 198 ± 39,8 252 ± 43,5 < 0,001* Colesterol HDL (mg/dL) 46 ± 13,5 38 ± 16,5 0,283* Colesterol LDL (mg/dL) 118 ± 40,8 167 ± 24 < 0,001* Proteína C Reativa (mg/L) 1 ± 1,2 7,6 ± 35,4 < 0,001* Os p-valores referem-se aos testes *Wilcoxon Mann-Whitney para amostras independentes (dados como mediana ± DI), † qui-quadrado de independência, ‡ t-Student para amostras independentes (dados como média ± DP) e § teste exato de Fisher. IMC: índice de massa corporal; ASC: área de superfície corporal. em relação à presença de comorbidades. Na avaliação dos exames laboratoriais, o GP apresentou maiores níveis de colesterol total, colesterol LDL e proteína C reativa (todos com p < 0,001) (Tabela 1). Os medicamentos de uso sistêmico mais utilizados pelos pacientes deste estudo foram bloqueadores dos receptores de angiotensina (29,5%), estatinas (22,7%) e diuréticos (18,2%), não havendo diferenças significativas para o uso destes medicamentos entre os grupos (dados não mostrados). Para o tratamento da psoríase, 2 pacientes (18%) do GP utilizavam metotrexato. Apenas 1 paciente pertencente ao GP (9%) utilizava corticoide tópico regularmente para controle das lesões cutâneas, no momento da realização do estudo. Os pacientes do GP apresentaram aumento de VOP (9,1 ± 1,8 e 8 ± 2 m/s, p = 0,033), EMI da artéria carótida comum esquerda (p = 0,018) e maior proporção de percentil acima de 75 pela tabela ELSA (54,5 e 18,2%, p = 0,045) e) quando comparados ao GC. O GP também apresentou aumento de PAS periférica (137,1 ± 13,2 e 122,3 ± 11,6 mmHg, p = 0,004), PAS central (127 ± 13 e 112,5 ± 10,4 mmHg, p = 0,005), PAD periférica (89,9 ± 8,9 e 82,2 ± 8 mmHg, p = 0,022), PAD central (91 ± 9,3 e 82,2 ± 8,3 mmHg, p = 0,014), colesterol total (252 ± 43,5 e 198 ± 39,8 mg/dL , p < 0,001), colesterol LDL (167 ± 24 e 118 ± 40,8 mg/dL , p < 0,001) e PCR (7,6 ± 35,4 e 1 ± 1,2 mg/L , p < 0,001). Os grupos não diferiram em relação aos valores do AIx@75  (Tabela 2). Discussão A psoríase tem sido considerada como uma condição inflamatória auto-imune com repercussões importantes em outros sistemas. 5,6,8 Há evidências de maior incidencia de obesidade , diabetes mellitus , hipertensao arterial e maior ocorrência de DCV - como infarto agudo do miocardio e acidente vascular cerebral, entre psoriásicos. 30,31 Desta forma, as manifestações cutâneas parecem ser apenas um dos fatores associados a esta doença complexa. Especula-se que a grande quantidade de mediadores inflamatórios circulantes nos pacientes psoriásicos, além da PCR, como TNFa, IL-6 possam ter relação com a resposta inflamatória relacionada ao remodelamento vascular, que possivelmente estaria associado às alterações cardiovasculares observadas. 31,32 No presente estudo, foram selecionados pacientes psoriásicos com PASI > 7, ou seja, em graus moderado e grave da doença. O alto valor de PCR observado nestes pacientes, quando comparado ao grupo controle, sugere intensa resposta inflamatória que, associada aos mais altos níveis de pressão arterial e colesterol LDL, poderia contribuir para o remodelamento arterial e justificar as alterações hemodinâmicas e estruturais encontradas. 7,10 245

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