ABC | Volume 113, Nº2, Agosto 2019

Artigo Original Oliveira et al Risco cardiovascular na psoríase Arq Bras Cardiol. 2019; 113(2):242-249 As mensurações das pressões arteriais periférica (braquial,) central e dos parâmetros de avaliação da RA foram adquiridos de forma não invasiva pelo equipamento Mobil-O-Graph NG (IEM, Stolberg, Alemanha), com algoritmo ARC Solver (the ARC Solver method , Austrian Institute of Technology ) embutido. Este dispositivo é um monitor oscilométrico de pressão braquial ambulatorial de 24 horas, aprovado pela Food and Drug Administration dos Estados Unidos da América e Enne Conformite da Europa. Sua unidade de detecção de pressão arterial e RA é validada de acordo com as recomendações da British Hypertension Society e recentemente pelo American Heart Association Councilon Hypertension. 22-24 Após a medida do perímetro do membro e escolha do manguito adequado, o aparelho foi posicionado de maneira semelhante aos procedimentos definidos por diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia. 12 Foram executadas três medições consecutivas de maneira automatizada e os resultados foram expressos como a média entre as medições obtidas. A estimativa da RA foi feita por meio das variáveis velocidades de onda de pulso (VOP), augmentation índex (AIx) ajustado para a frequência cardíaca (FC) de 75 batimentos por minuto (AIx@75). O equipamento também forneceu as medidas de frequência cardíaca (FC), pressões arteriais sistólica (PAS), diastólica (PAD) e pressão de pulso (PP), periféricas e centrais. A análise da EMI foi obtida após estudo completo pelo duplex scan de artérias carótidas, por meio do modo bidimensional, com um transdutor linear de 10-MHZ Vivid S6 (GE healthcare, Telaviv, Israel), de acordo com as recomendações do Departamento de Imagem Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia. 25 A seguir foi obtido a medida a um centímetro distal da artéria carótida comum, de forma semi-automática, na parede posterior do vaso. Considerou-se a EMI média, não incluindo as placas, para a determinação do percentil da medida da EMI. Uma vez obtidos os valores médios da EMI de cada lado, foram comparados com a tabela sugerida, para a obtenção do percentil equivalente. Omaior percentil deve ser considerado aquele no qual se encontra o indivíduo estudado, de acordo com a faixa etária. No presente estudo, utilizamos a tabela do Estudo Longitudinal da Saúde do Adulto (ELSA-Brasil), 26 que avalia as doenças crônicas na população brasileira, na faixa etária entre 40 e 65 anos, de etnia branca, mulata ou negra e comparada também com a tabela do estudo Multi Ethinic Study of Aterosclerosis (MESA). 27 Foram consideradas como tendo aumento significativo as medidas acima do percentil 75. Um exame ecocardiográfico bidimensional completo associado com estudo Doppler e Doppler tecidual foi realizado, de acordo com as recomendações da American Society of Echocardiography (ASE). 28 Analisamos as imagens de três ciclos cardíacos associadas ao eletrocardiograma (ECG). Foram analisadas as medidas das dimensões do ventrículo esquerdo (VE), volume atrial esquerdo (AE), espessura parietal, massa ventricular esquerda indexada, fração de ejeção do VE e as imagens ao Color Doppler de todas as valvas. A análise da função diastólica do ventrículo esquerdo (FDVE) foi realizada de acordo com as recomendações da American Society of Echocardiography and the European Association of Cardiovascular Imaging, de 2016, pelo estudo Doppler. 29 Foram obtidos os parâmetros de pico de velocidade da onda de enchimento precoce do VE (onda E), o pico de velocidade da onda de enchimento atrial (onda A), a relação E/A, o tempo de desaceleração da onda E (DT) e a medida do tempo de relaxamento isovolumétrico (TRIV). As velocidades do Doppler tecidual foram obtidas medial e lateralmente ao anel mitral, no corte de 4 câmaras para a medida do pico da velocidade diastólica inicial (e’). Foram adotados os critérios recomendados pela ASE , atualizados em 2016, 29 tanto para a realização destas técnicas, quanto no tocante à classificação correspondente: função diastólica normal, disfunção diastólica em grau I (relaxamento anormal do VE), grau II (padrão pseudonormal) e grau III (padrão restritivo). A disfunção subclínica (ou seja, assintomática ou não evidente foi diagnosticada por meio das disfunções sistólica e/ou diastólica do VE . Não foi possível a realização do cegamento do ecocardiografista para a psoríase, pois a manifestação cutânea da doença é clinicamente evidente. Análise estatística As variáveis categóricas foram apresentadas como contagens e percentuais. As variáveis numéricas foram submetidas ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk, e foram apresentadas como média ± desvio-padrão (DP), em caso de normalidade, ou como mediana ± distância interquartílica ([DI] diferença entre o terceiro e o primeiro quartis), caso contrário. Na avaliação da associação entre variáveis categóricas foi empregado o teste exato de Fisher ou teste qui-quadrado de independência. A comparação de variáveis numéricas entre grupos foi realizada via teste t-Student ou Wilcoxon Mann-Whitney para amostras independentes, em caso de atendimento ou não à normalidade. A análise foi desenvolvida no programa R versão 3.3.2 e foi adotado nível de significância de 5%. Para atender ao objetivo do estudo estimamos a diferença média das medidas de RA entre o GP e o GC. O cálculo do tamanho da amostra foi então realizado para se verificar o teste da diferença entre duas médias. Na ocasião do cálculo do tamanho da amostra foi feita a suposição de que as variâncias das medidas de RA dos psoriásicos e do grupo controle seriam iguais. Além disso, utilizou-se uma razão de 3 controles para 1 psoriásico, devido à dificuldade de identificação de pacientes em estágio moderado e grave (PASI ≥ 7) sem uso de corticoterapia, considerando-se nível de significância de α = 5% e poder de 1 – β = 80%. Resultados A amostra do estudo foi composta por 44 indivíduos, sendo 33 do GC e 11 do GP. A mediana da idade foi 60,5 ± 11,3 anos e 59,1% eram da raça branca. Os valores médios para ASC, IMC e relação cintura/quadril foram 1,93 ± 0,20 m 2 , 28,1 ± 5,2 kg/m 2 e 0,96 ± 0,06, respectivamente. Não houve diferença entre as idades para GC e GP (Tabela 1). Quanto ao estilo de vida e comorbidades, 29,5% eram etilistas, 29,5% tabagistas, 40,9% eram portadores de hipertensão arterial sistêmica, 20,5% de diabetes melito e 29,5% de dislipidemia. Os grupos de análise não diferiram 244

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