ABC | Volume 113, Nº2, Agosto 2019

Artigo Original Coll et al Medição não-invasiva de débito cardíaco Arq Bras Cardiol. 2019; 113(2):231-239 nula tradicional, que é influenciado pelo tamanho da amostra, inferências baseadas em magnitude fundamentam a análise, a magnitude do efeito observado e determinam se o efeito é menor, similar ou maior que a menor diferença detectável (MDD). 46 Portanto, médias e intervalos de confiança (IC) de 90% foram computados primeiro. Em seguida, investigou-se a disposição das diferenças médias em relação às MDDs. Embora a MDD para a carga máxima foi calculada a partir do desvio padrão combinado multiplicado por 0,2, a MDD para todas as outras variáveis fisiológicas foi calculada a partir dos desvios padrão combinados multiplicados por 0,6, pois sabe-se que as variáveis fisiológicas mostram variabilidade espontânea claramente maior que medidas biomecânicas. 47 Por fim, as probabilidades para o teste 2 mostrando valores “verdadeiros” maiores, semelhantes ou menores que o teste 1 foram determinadas e descritas qualitativamente utilizando-se a seguinte escala probabilística: <1%, mais improvável ; 1 a <5%, muito improvável ; 5 a <25%, improvável ; 25 a <75%, possivelmente ; 75 a <95%, provavelmente ; 95 a <99%, muito provavelmente , e ≥99%, bem provável . Nos casos em que as probabilidades de se ter valores maiores e menores foram ≥5%, as diferenças foram descritas como pouco claras . Caso contrário, as diferenças foram interpretadas de acordo com as probabilidades observadas. Para esclarecer o significado das diferenças, diferenças padronizadas rotuladas como tamanhos de efeito (TE) foram calculadas e interpretadas de acordo: 0,2 a <0,6, pequeno ; 0,6 a <1,2, moderado ; 1,2 a <2,0, grande ; 2,0 a <4,0, muito grande ; e ≥4.0, extremamente grande . Para expressar a confiabilidade relativa, foram computados os CCI e IC 90%. Os coeficientes foram descritos da seguinte forma: <0,20, muito baixo ; 0,20 a <0,50, baixo ; 0,50 a <0,75, moderado ; 0,75 a <0,90, alto ; 0,90 a <0,99, muito alto ; e ≥0.99, extremamente alto . Para quantificar a confiabilidade absoluta, foram calculados os TE e IC 90%. A significância dos TE foi expressa por meio de padronização para a qual foi aplicada a escala acima para diferenças padronizadas. 47 As relações entre o TC e as medidas da estrutura e função cardíacas, assim como os parâmetros tradicionais de esforço cardiopulmonar, foram investigadas por meio dos coeficientes de correlação de Pearson (r) que foram adequadamente interpretados: <0,1, trivial ; 0,1 a <0,3, pequeno; 0,3 a <0,5, moderado ; 0,5 a <0,7, grande ; 0,7 a <0,9, muito grande ; 0,9 a 1,0, quase perfeito . 47 Por fim, foram calculadas as variâncias comuns dos coeficientes de determinações (R 2 ). Desse modo, definiu-se um valor de corte de 50% para esclarecer se duas variáveis são dependentes ou independentes umas das outras. 48 Resultados 25 participantes concluíram os dois testes de esforço. 17 participantes (10 homens, 7 mulheres) foram incluídos. 8 participantes foram excluídos devido a erros de medição (outliers). Os dados antropométricos, ecocardiográficos e espiroergométricos dos participantes encontram-se na Tabela 2. Confiabilidade Os dados relativos ao viés sistemático encontram-se na Tabela 3. Os dados mostram as diferenças nas médias entre o teste 1 e o teste 2 para todos os parâmetros hemodinâmicos e cardiopulmonares medidos em repouso e durante condições submáximas e máximas de esforço. Para todos os parâmetros, havia diferenças pouco claras a triviais muito prováveis com TE pequeno a moderado (TE: 0,2-0,6). A Tabela 4 resume a confiabilidade relativa e absoluta expressa por CCI e TE, respectivamente, para todos os parâmetros medidos. Os CCI variaram de moderado (CCI: 0,59) a muito alto (CCI: 0,98), ao passo que os TE variaram de pequeno (TE: 0,3) a grande (TE: 1,8). O TC demonstrou confiabilidade relativa e absoluta superior sob todas as condições de medição (CCI: 0,80-0,85; TE: 0,9‑1,1) em comparação aos seus parâmetros subjacentes (CCI: 0,59‑0,98; TE: 0,3-1,8). Relações A figura 1 mostra as relações entre as medidas ecocardiográficas da estrutura e função cardíacas, os parâmetros tradicionais de esforço cardiopulmonar e o TC máximo. O TC máximo apresentou correlação moderada com VO 2máx (Figura 1A: r = 0,68; R 2  = 0,47) e LAV (Figura 1B: r = 0,55; R 2  = 0,31), porém apenas apresentou pequena correlação a com espessura da parede ventricular esquerda (Figura 1E: r = 0,33; R 2  = 0,11), diâmetro diastólico final do ventrículo esquerdo (Figura 1F: r = 0,38; R 2  = 0,14) e sistólico (Figura 1C: r = –0,32; R 2  = 0,11), além de correlação trivial com a função diastólica (Figura 1D: r = 0,20; R 2  = 0,04). Tabela 2 – Características antropométricas, ecocardiográficas e de esforço máximo dos participantes (masculino: n = 10; feminino: n = 7) Variável Média ± 90% IC Idade (anos) 46 ± 1 IMC (kg/m 2 ) 23,9 ± 0,9 EIVd (mm) 9,6 ± 0,5 VEdf (mm) 46,9 ± 1,8 PPEd (mm) 9,9 ± 0,5 FEN (%) 26,9 ± 2,0 FE (%) 66,0 ± 2,2 E’ (cm/s) 9,9 ± 1,1 E/E’ 8,5 ± 1,3 Tlim (min:s) 19:42 ± 4:39 Pmax (W) 187 ± 23 VO 2máx (ml/min/kg) 33 ± 4 LAV (%VO 2máx ) 60,7 ± 4,0 IC: intervalo de confiança; IMC: índice de massa corporal; SIVd: diástole septal interventricular; VEdf: diâmetro diastólico final do ventrículo esquerdo; PPEd: espessura da parede posterior do ventrículo esquerdo; FEN: fração de encurtamento; FE: fração de ejeção; E’: velocidade anular mitral máxima durante o enchimento precoce; E/E’: razão entre a velocidade de influxo mitral inicial e a velocidade diastólica inicial anular mitral; Tlim: tempo até a exaustão; Pmax: carga máxima de trabalho; VO 2máx : consumo máximo de oxigênio; LAV: limiar anaeróbico ventilatório. 234

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=