ABC | Volume 113, Nº2, Agosto 2019

Minieditorial Biomarcadores na Insuficiência Cardíaca Biomarkers in Heart Failure Pedro Pimenta de Mello Spinet i Hospital Universitário Pedro Ernesto, Rio de Janeiro, RJ – Brasil Hospital Unimed-Rio, Rio de Janeiro, RJ – Brasil Minieditorial referente ao artigo: Nível Alto de Lipoproteína (a) como Preditor de Insuficiência Cardíaca Recorrente em Pacientes com Insuficiência Cardíaca Crônica: um Estudo de Coorte Correspondência: Pedro Pimenta de Mello Spineti • Boulevard 28 de setembro, 77. CEP 20551-030, Vila Isabel, RJ – Brasil E-mail: pedrospineti@yahoo.com.br Palavras-chave Biomarcadores; Lipoproteínas; Insuficiência Cardíaca; Hipertensão; Diabetes Mellitus. DOI: 10.5935/abc.20190167 A Organização Mundial da Saúde define biomarcador como qualquer substância, estrutura ou processo que pode ser medido no corpo ou em seus produtos e que influencia ou prediz a incidência ou desfecho de uma doença. 1 Os biomarcadores podem servir a múltiplos propósitos: diagnóstico, estadiamento da doença, prognóstico e previsão e monitoramento da resposta a uma intervenção. 1 Um biomarcador útil deve permitir medições repetidas e precisas com um tempo de resposta rápido a um custo razoável, fornecer informações que ainda não estão disponíveis a partir de uma avaliação clínica cuidadosa e seu desempenho deve ser superior a outros testes disponíveis e auxiliar na tomada de decisões e melhorar o cuidado clínico. 2 Vários biomarcadores têm sido estudados no contexto da insuficiência cardíaca (IC) aguda e crônica. Em 2016, a American Heart Association emitiu uma declaração sobre o Papel dos Biomarcadores para a Prevenção, Avaliação e Manejo da Insuficiência Cardíaca. 3 Após uma extensa revisão, eles afirmaram que vários biomarcadores associados à IC são bem reconhecidos, e a mensuração de suas concentrações na circulação pode ser uma abordagem conveniente e não invasiva para fornecer informações importantes sobre a gravidade da doença e ajudar na detecção, diagnóstico, prognóstico emanejo da IC. Estes incluempeptídeos natriuréticos, supressor solúvel da tumorigenicidade-2 (ST-2), troponina ultrassensível, galectina-3, pro-adrenomedulinamedio-regional (MR-proADM), cistatina-C, interleucina-6 e procalcitonina. É necessário avaliar melhor os marcadores existentes e tambémos novos para orientar a terapia. A Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda de 2018 recomenda o uso de peptídeos natriuréticos com propósitos diagnósticos e prognósticos. 3 De acordo com essa diretriz, outros biomarcadores, como troponinas T e I, galectina-3 e ST-2, podem acrescentar informações prognósticas em pacientes com IC. 4 Mais recentemente, pesquisadores suecos relataram que níveis plasmáticos elevados de NT-proBNP, MR‑proADM, copeptina e cistatina-C estavam associados a maior mortalidade após a alta hospitalar em uma coorte de 286 pacientes hospitalizados por IC recentemente diagnosticada ou exacerbada. 5 Entretanto, o NT-proBNP foi o único biomarcador a prever o risco de rehospitalização por causas cardíacas. A Lipoproteína(a) (Lp(a)) é um biomarcador associado ao aumento do risco de doença aterosclerótica. Em 2016, Kamstrup e Nordestgaard demonstraram uma clara associação gradual de níveis elevados de Lp(a) com aumento do risco de IC em um estudo com mais de 98.000 participantes dinamarqueses. 5 Além disso, eles forneceram evidências genéticas de que essa associação era mediada, pelo menos parcialmente, via doença arterial coronariana (DAC) e estenose da valva aórtica. Esta edição dos Arquivos Brasileiros de Cardiologia apresenta o trabalho de Jianlong et al., 6 avaliando o valor prognóstico da Lp(a) em pacientes chineses hospitalizados por IC descompensada de origem isquêmica. Um nível de Lp(a) > 20,6 mg/dL foi associado com um aumento de 3 vezes na rehospitalização por IC. Pacientes com níveis mais elevados de Lp(a) também apresentaram níveis mais altos de NT-proBNP, maior classe da NYHA, menor fração de ejeção do ventrículo esquerdo, e mais DAC. Os resultados foram ajustados para essas covariáveis com uma pequena diminuição na razão de risco ( hazard ratio ). A Lp(a) pode ser umnovo biomarcador relevante empacientes com IC de origem isquêmica. Mais estudos em diferentes populações são necessários para validar esses resultados. 205

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