ABC | Volume 113, Nº2, Agosto 2019

Artigo Original Maia et al Strain longitudinal global na capacidade funcional Arq Bras Cardiol. 2019; 113(2):188-194 de VE/VCO 2 < 35; e grupo 2 - maxVO 2 < 14mL/kg/ min e inclinação de VE/VCO 2 > 35 (critérios de indicação classe IIa para transplante cardíaco). 16 As variáveis categóricas foram apresentadas por frequência absoluta e relativa; as variáveis quantitativas paramétricas por média e desvio padrão; e as variáveis não paramétricas em mediana e intervalo interquartil. A normalidade dos dados quantitativos foi verificada pelo teste de Shapiro-Wilk. Para as comparações das variáveis paramétricas, o teste t de Student foi usado para as amostras independentes, e o teste de Mann-Whitney para as variáveis não paramétricas. Para comparação das variáveis categóricas, usamos o teste não paramétrico do qui-quadrado. Na segunda etapa das análises, a correlação entre os valores de SLG com as variáveis espiroergométricas foi realizada pelo coeficiente de Pearson para variáveis paramétricas, e coeficiente de Spearman para variáveis não paramétricas. Curva ROC ( Receiver Operating Characteristic ) foi realizada para avaliar a capacidade do SLG em predizer maxVO 2 < 14 mL/kg/min e inclinação do VE/VCO 2 > 35. O nível de significância adotado nas análises estatísticas foi p < 0,05. Os dados foram organizados em uma planilha do programa Excel, e as análises realizadas pelo programa de cálculos estatísticos SPSS ( Statistical Package for Social Sciences ) versão 23. Resultados Durante o estudo, 39 pacientes com IC foramencaminhados para o programa de reabilitação cardiopulmonar. Desses, 10 não foram incluídos devido a uma FEVE maior que 45%, um paciente não foi incluído por apresentar uma janela acústica inadequada para as análises subsequentes do SLG, e dois pela presença de arritmia. Portanto, 26 pacientes (idade média de 47±12 anos, 58% homens) participaram do estudo (Tabela 1). Em relação aos resultados do TECP, a média do maxVO 2 foi 19,09 ± 9,52 mL/kg/min e a inclinação de VE/VCO 2 39,43 ± 9,91. A RFC média foi de 19,65 ± 17,42 bpm e o T 1/2 VO 2 médio de 168,61 ± 43,90s. Na ecocardiografia, a FEVE média foi 28,0 ± 8,6%, e o SLG médio -7,5 ± 3,92% para todos os pacientes do estudo (Tabela 1). Correlação das variáveis do TECP com as medidas de FEVE e SLG Ao comparar os dados do TECP com resultados da FEVE (Tabela 2), observou-se uma correlação positiva com o maxVO 2 (r = 0,585, p = 0,02), e negativa com T 1/2 VO 2 (r = -0,530; p = 0,005). As demais variáveis não apresentaram correlação (Tabela 2). O SLG mostrou correlação significativa com todas as variáveis do TECP analisadas. Esse parâmetro mostrou uma correlação positiva com o maxVO 2 e RFC, e uma correlação inversa com a inclinação do VE/VCO 2 e o T 1/2 VO 2 (Tabela 2, Figura 1). Em relação ao grupo comVO 2 > 14 mL/kg/min e inclinação do VE/VCO 2 < 35, e ao grupo com VO 2  < 14 mL/kg/min e inclinação do VE/VCO 2 > 35, não foram encontradas diferenças quanto às variáveis clínicas, comorbidades e medicamentos utilizados. No entanto, observaram-se diferenças nas variáveis ecocardiográficas, como mostradas na Tabela 3. A área sob a curva ROC (Figura 2) para o valor índice do SLG como preditor de baixa capacidade funcional e de um pior prognóstico foi 0,88 (IC95% = 0,75 a 1,00), com sensibilidade de 75%, especificidade de 83%, valor preditivo positivo de 67%, e valor preditivo negativo de 88%, para um ponto de corte para SLG de –5,7%, p = 0,03. Discussão No presente estudo, em pacientes com IC sistólica encaminhados para um programa de reabilitação cardiopulmonar, o SLG associou-se significativamente com os parâmetros funcionais do TECP. Aparentemente, o SLG foi mais preciso que a FEVE em classificar os pacientes com IC Tabela 1 – Características da população estudada Variável (n = 26) Idade (anos), média ± DP 47,31 ± 12,71 Sexo: n (%) Masculino 15 (57,7) Feminino 11 (42,3) IMC (Kg/m 2 ): Média ± DP 29,31 ± 5,38 Comorbidades: n (%) HAS 20 (77) DM 15 (61) Etiologia da Insuficiência Cardíaca: n (%) Isquemia 6 (23) Hipertensão 10 (39) Miocardite 4 (15) Doença de Chagas 1 (4) Idiopática 5 (19) Medicação: n(%) IECA/BRA 23 (88) Betabloqueador 26 (100) Diuréticos 22 (84) FEVE (%) (média ± DP) 28,0 ± 8,62 Strain (%) (média ± DP) -7,5 ± 3,92 maxVO 2 (média ± DP) 19,09 ± 9,52 Inclinação de VE/VCO 2 (média ± DP) 39,43 ± 9,91 RFC (bpm) (média ± DP) 19,65 ± 17,42 T 1/2 VO 2 (s) (média ± DP) 168,61 ± 43,90 IMC: índice de massa corporal; HAS: hipertensão arterial sistêmica; DM: diabetes mellitus; IECA: inibidor da enzima conversora de angiotensina; BRA: bloqueador de receptor de angiotensina; FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo; maxVO 2 :consumo máximo de oxigênio; inclinação do VE/VCO 2 : inclinação da razão ventilação por minuto/produção de dióxido de carbono; RFC: recuperação da frequência cardíaca; T 1/2 VO 2 : tempo de recuperação de 50% do VO 2 . 190

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