ABC | Volume 113, Nº1, Julho 2019

Artigo Original Rocha et al Padrões alimentares e adiposidade em crianças Arq Bras Cardiol. 2019; 113(1):52-59 de 50 g (Tanita ® , modelo BC 553, Arlington Heights, IL, EUA). A estatura foi aferida utilizando-se um estadiômetro vertical, dividido em centímetros e subdividido emmilímetros (Alturaexata ® , Belo Horizonte, MG, Brasil). O estado nutricional foi avaliado pelo índice de massa corporal (IMC), sendo os pontos de corte do IMC por idade calculados em escore z e classificados segundo parâmetros da OMS (2007) 18 em magreza, eutrofia, sobrepeso e obesidade. O excesso de peso foi considerado para as categorias de sobrepeso e obesidade. O perímetro da cintura foi obtido por meio da aferição do ponto médio entre a crista ilíaca e a última costela, utilizando fita inelástica, dividida em centímetros e subdividida em milímetros. A obesidade abdominal foi classificada quando o perímetro da cintura foi igual ao percentil 90 da própria amostra, seguindo as orientações da International Diabetes Federation (2007). 19 A relação cintura/estatura (RCE) foi obtida pela razão do perímetro da cintura pela estatura. Foi utilizado o ponto de corte ≥ 0,5 como risco para desenvolvimento de doenças cardiovasculares. 20 O perímetro do pescoço (PP) foi aferido no nível da cartilagem da tireoide utilizando fita inelástica, dividida em centímetros e subdividida em milímetros. Para classificação do PP foram utilizados os pontos de corte propostos por Nafiu et al. (2010) 21 para detecção do excesso de gordura corporal em crianças. A composição corporal das crianças foi avaliada pela DXA por técnico especializado, obtendo-se a medida de massa gorda. A criança foi avaliada pela manhã, em jejum, na posição supina. A gordura corporal foi classificada utilizando os pontos de corte propostos por Lohman (1992), 22 sendo os pontos de corte de risco de sobrepeso e sobrepeso considerados como excesso de gordura corporal. Variáveis de ajuste Potenciais variáveis de ajuste foram selecionadas de acordo com a literatura prévia. 23-25 A coleta dessas variáveis foi realizada por nutricionistas, utilizando questionário elaborado pelos próprios pesquisadores. O questionário foi previamente testado em estudo-piloto, sendo a amostra constituída de crianças de 8 e 9 anos. As variáveis sociodemográficas avaliadas foram sexo e etnia da criança autorrelatada, escolaridade materna, renda familiar e per capita e tipo de escola em que a criança estava matriculada (pública ou privada). As variáveis comportamentais foram: omissão do café da manhã e comportamento sedentário. Todos as questões foram respondidas pelos pais ou responsáveis. O consumo do café da manhã foi avaliado pela primeira ingestão alimentar que a criança consumia e/ou bebia nas primeiras 2 horas após acordar. 24 O comportamento sedentário foi avaliado como tempo da criança gasto em atividades que não aumentavam o gasto energético, como assistir à televisão ou se dedicar a outras formas de entretenimento baseadas em tela. O ponto de corte utilizado foi o tempo de tela maior ou igual a duas horas/dia, de acordo com a American Academy of Pediatrics (2013). 25 O peso e a altura da mãe da criança foram mensurados utilizando balança digital eletrônica, com capacidade de 150 kg e sensibilidade de 50 g (Tanita ® , modelo BC 553, Arlington Heights, IL, EUA) e estadiômetro vertical, dividido em centímetros e subdividido em milímetros (Alturaexata ® , Belo Horizonte, MG, Brasil), respectivamente. Por meio destes dados, foi possível calcular o IMC e classificá-lo de acordo com os parâmetros da OMS(1998). 26 Análise estatística Estatísticas descritivas foram usadas para caracterizar a amostra segundo características sociodemográficas, comportamentais, estado nutricional e composição corporal. Nessa etapa, cada variável foi avaliada por meio da distribuição de frequências absolutas e relativas. A normalidade das variáveis foi avaliada pelo teste de Shapiro-Wilk , além da avaliação de métodos gráficos (histograma), verificação da curtose e assimetria para classificar as variáveis quanto a normalidade. Para identificação do padrão alimentar, os alimentos contemplados pelo R24h foram mensurados em gramas/dia (g/d) ou mililitros/dia (ml/d) e reunidos em alimentos isolados ou grupos de alimentos por semelhança nutricional e pela sua contribuição para a hipótese de relações dieta-doença. Além, disso, os alimentos consumidos por menos de 10% da população avaliada foram excluídos ou agrupados. 27 Para identificação dos padrões, todos os alimentos em mililitros/dia foram transformados em gramas/ dia de acordo com a tabela de densidade da Food and Agriculture Organization (FAO, 2012). 28 A identificação dos padrões foi realizada por metodologia a posteriori , por meio da análise de componentes principais (ACP). Antes de iniciar a análise, o tamanho amostral foi cuidadosamente avaliado em relação aos grupos de alimentos formados nas análises de ACP. 29 Para a análise de ACP, foram estimados os resultados do teste de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO = 0,58) e do teste de esfericidade de Bartlett (p < 0,001). Eles avaliam se os dados podem ser utilizados na ACP. 29 A rotação varimax foi realizada para facilitar a interpretação dos resultados obtidos, na qual foram retidas as cargas fatoriais maiores ou iguais a 0,25 (positivo ou negativo). 24 O número de fatores extraídos foi definido conforme o critério de eingevalue maior que 1 seguido do gráfico scree plot da variância pelo número de componentes, em que os pontos, no maior declive, indicaram o número de componentes a reter. A nomenclatura dos padrões encontrados foi atribuída de acordo com as características dos alimentos/grupos formados e extraídos pela ACP. Os padrões alimentares foram apresentados como variável explicativa, sendo os escores de consumo dos padrões alimentares dos escolares categorizados segundo o percentil 75 da amostra. O teste de Mann-Whitney foi realizado para a comparação de medianas das variáveis antropométricas e de composição corporal segundo a classificação dos padrões alimentares. A análise bruta foi realizada a partir de modelos de regressão de Poisson com variância robusta, tendo a antropometria 54

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