ABC | Volume 113, Nº1, Julho 2019

Artigo Original Oliveira et al Reinternação de pacientes com síndrome coronariana Arq Bras Cardiol. 2019; 113(1):42-49 Figura 1 – Fluxograma da ocorrência de reinternação, no período de até 1 ano após a primeira admissão, de pacientes com SCA. 581 pacientes 555 pacientes 26 pacientes excluídos por óbito intra-hospitalar 10 pacientes excluídos por óbito após a alta hospitalar sem reinternação 9 pacientes excluídos após readmissão com permanência hospitalar menor que 24 horas 545 pacientes 536 pacientes internação e foram coletadas informações referentes a causas, datas das readmissões hospitalares e uso de medicamentos em domicílio no momento da reinternação. As informações foram repassadas para um questionário estruturado. Todas as readmissões foram categorizadas de acordo com o diagnóstico clínico principal de admissão e com as causas (SCA, causas cardiovasculares e outras não cardiovasculares). Terapia medicamentosa Após 30 e 180 dias da alta hospitalar da primeira internação, foram obtidas informações referentes ao uso ou não das classes de medicamentos: antiagregante plaquetário, estatinas, betabloqueador, inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) e bloqueadores dos receptores de angiotensina (BRA). Também foram coletadas informações sobre o uso dessas classes de medicamentos em domicílio no momento da reinternação, por meio da coleta nos prontuários hospitalares. Prática de atividade física Os dados referentes à prática de atividade física foram avaliados por meio do IPAQ. 12,13 Esse questionário classifica os pacientes em quatro categorias: muito ativo, ativo, irregularmente ativo e sedentário; porém, neste estudo eles foram classificados em ativos (os que foram considerados pelo IPAQ como muito ativos e ativos) e não ativos (aqueles classificados como irregularmente ativos e sedentários). Esses dados foram coletados no momento do estudo prévio, que avaliou, por meio de ligação telefônica, o nível de atividade física no momento da admissão, 30 e 180 dias após a alta hospitalar da internação. Condições clínicas Avaliou-se o tipo de SCA no momento da primeira admissão, como também a presença prévia de hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes melito (DM), dislipidemias, doença arterial coronariana (DAC) , ICC, angina, infarto agudo do miocárdio (IAM), angioplastia, revascularização do miocárdio e doença renal crônica. Todas as variáveis foram categorizadas em presentes e ausentes (sim ou não). Análise estatística As variáveis categóricas foram expressas em frequências absoluta e relativa, e as quantitativas foram submetidas ao teste de Kolmogorov-Smirnov, para a avaliação do pressuposto de normalidade de distribuição. As que preencheram o pressuposto da normalidade foram apresentadas por média e desvio-padrão. A associação entre variáveis categóricas foi analisada por meio do teste do qui‑quadrado ou pelo teste exato de Fisher, quando indicado. Adotou-se como critério de significância estatística um valor de p < 0,05. As variáveis que apresentaram p-valor igual < 0,20 após o teste de associação e/ou que são fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares foram submetidas à regressão logística múltipla. Foram selecionadas 14 variáveis: sexo, tipo de assistência, raça, idade, hipertensão, dislipidemia, DM, ICC, uso de estatina com 180 dias, escolaridade, tabagismo, etilismo e tipo da SCA como independentes do modelo de regressão, e reinternação como variável dependente. Para esse modelo, foi utilizada a Odds Ratio (OR) com seus respectivos intervalos de confiança de 95%. O teste de qualidade de ajuste Hosmer‑Lemeshow foi utilizado para avaliar a adequação do modelo. Os dados foram analisados usando o software R, versão 3.4.0 (The R Core Team, 2016). 14 Resultados Foram elegíveis para o presente estudo 536 pacientes, cuja média de idade foi de 63,15 (DP 12,26) anos e, em sua maioria, do sexo masculino (63,99%). Identificaram‑se 115 pacientes reinternados (21,46%). As reinternações ocorreram, emmédia, em 122,74 dias após a primeira internação (DP 112,14). Dos pacientes reinternados, 7% apresentaram óbito como prognóstico da reinternação, e 68,7% tiveram outras reinternações em 1 ano. Quanto às causas de reinternação hospitalar, 42,61% ocorreram por SCA, 20,87% por outras causas cardiovasculares (hipertensão pulmonar, doença obstrutiva periférica, bloqueio atrioventricular do segundo grau e insuficiência mitral) e 36,52% por outras causas não cardiovasculares (desnutrição, insuficiência respiratória, doença renal, DM e complicações, transtorno não especificado da função vestibular, diverticulite, hernioplastia, trauma e hiponatremia). Na Tabela 1, são apresentadas as associações das variáveis socioeconômicas com tipo de assistência à saúde, estado nutricional e hábitos de vida com as reinternações. Pacientes de cor branca, com maiores escolaridade e renda familiar e pertencentes ao tipo de assistência privada de saúde apresentaram maiores percentuais de reinternação. 44

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