ABC | Volume 113, Nº1, Julho 2019

Artigo Original Gil et al Escores de risco em síndromes coronárias agudas Arq Bras Cardiol. 2019; 113(1):20-30 Quanto a NSTEMI, os escores ProACS, GRACE e ACTION Registry–GWTG atingiram bom poder preditivo, com estatísticas-C de 0,898, 0,878 e 0,895, respectivamente. Nessa população, ambos os escores ProACS e ACTION Registry–GWTG mostraram falta de ajuste, interferindo na qualidade do ajuste desse escore na população geral. O PURSUIT e o EMMACE tiveram desempenho de qualidade moderada, com estatística-C de 0,742 e 0,702, respectivamente. Chama a atenção o melhor desempenho do escore PURSUIT em comparação ao NSTEMI, uma vez que se baseia em pacientes comNSTEMI. 4,5 Como esperado, os escores TIMI para STEMI e SRI tiveram baixo desempenho (estatística-C de 0,696 e 0,682), já que ambos foram desenvolvidos para pacientes com STEMI. 7 O C-ACS mostrou baixa acurácia discriminatória (estatística-C 0,618), e o CHA 2 DS 2 -VASc-HS não foi capaz de predizer mortalidade hospitalar em pacientes com NSTEMI (estatística-C de 0,534, p = 0,453). Escores de risco e prognóstico em longo prazo A maioria dos ERs avaliados foi desenvolvido somente para a predição de prognóstico em curto prazo. 3-13 Nesta população, todos os ERs tiveram baixo desempenho ao predizer mortalidade por todas as causas e SCA não fatal em um ano de acompanhamento (estatística-C < 0,7). Quase todos os ERs apresentaram estatística-C de 0,622 a 0,690, sem diferença estatisticamente significativa quando comparado ao ProACS. Vale destacar que o C-ACS não foi capaz de predizer um pior prognóstico em longo prazo (estatística C 0,550, p=0,057), apesar de ter sido validado para predição de prognóstico em longo prazo. 10 Outros estudos são necessários para desenvolver um ER commelhor acurácia discriminatória em predizer prognóstico em longo prazo em pacientes com SCA. Limitações Este é um estudo observacional, retrospectivo, unicêntrico de uma pequena população. A análise dos parâmetros foi baseada em dados não randomizados. O tamanho da amostra foi relativamente pequeno e composto por pacientes consecutivos admitidos em um único hospital central, o que pode representar uma amostra enviesada. Conclusões Nesta população, vários ERs mostraram boa acurácia discriminatória em predizer mortalidade em curto prazo. Os ERs ProACS, GRACE e ACTION Registry–GWTG tiveram um desempenho excelente, com estatística-C em torno de 0,90. Isso revelou a grande capacidade preditiva tanto em pacientes com STEMI como em pacientes com NSTEMI. Os escores TIMI para STEMI, PURSUIT, SRI e EMMACE tiveram um desempenho razoável. No entanto, o CHA 2 DS 2 ‑VASc‑HS 20 e o C-ACS tiveram baixo desempenho, talvez pelas diferenças entre as coortes nas quais se basearam, e a amostra populacional deste estudo. Nesta população real, é evidente que o ER desenvolvido das bases de dados de grandes registros, tais como o GRACE, o ProACS e o ACTION Registry–GWTG, parecem ter melhor desempenho em comparação aos escores derivados de ensaios clínicos, Os ERs desenvolvidos a partir de ensaios clínicos tendem a incluir populações enviesadas, que evitam pacientes de alto risco. Nenhum dos ERs tiveram bom desempenho em predizer prognóstico de longo prazo. Tal fato é compreensível, uma vez que esses escores foram desenvolvidos para a predição de mortalidade de curto prazo. O ER ProACS mostrou-se um modelo de risco eficaz, com ótimo desempenho nesta população, tanto em pacientes com STEMI como em pacientes com NSTEMI. Esse é um escore intuitivo, que requer somente quatro variáveis facilmente obtidos. Sua simplicidade é comparável somente à do C-ACS, cuja performance foi significativamente baixa em todos os aspectos. Os autores acreditam que o ProACS é um método simples e apropriado para obtenção da estratificação de risco adequada quanto ao prognóstico de curto prazo que se aplica bem à população portuguesa. Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa: Gil J, Santos LF; Obtenção de dados: Gil J, Abreu L, Antunes H, Gonçalves ML, Pires MI; Análise e interpretação dos dados: Gil J, Abreu L, Antunes H, Gonçalves ML, Pires MI, Santos LF, Henriques C, Matos A; Análise estatística: Gil J, Henriques C, Matos A; Redação do manuscrito: Gil J, Abreu L, Antunes H; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Santos LF, Cabral JC, Santos JO. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento Opresente estudo não teve fontes de financiamento externas. Vinculação acadêmica Nãohávinculaçãodesteestudoaprogramasdepós‑graduação. Aprovação ética e consentimento informado Este artigo não contém estudos com humanos ou animais realizados por nenhum dos autores. 29

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