ABC | Volume 113, Nº1, Julho 2019

Posicionamento Posicionamento sobre Indicações da Ecocardiografia em Adultos – 2019 Arq Bras Cardiol. 2019; 113(1):135-181 patológicos apresentam fluxo turbulento, em mosaico de cores. Nos casos de suspeita de endocardite infecciosa em próteses, o diagnóstico é dificultado pela presença de sombras e reverberações, permitindo que o ETT consiga identificar geralmente apenas as grandes vegetações. Existindo a suspeita clínica de endocardite, é sempre recomendável realizar o ETE, que tem maior sensibilidade, detectando vegetações menores e possíveis complicações, como abscessos anulares (Tabela 29). O ETE 3D permite a localização espacial mais precisa, em relação às estruturas protéticas e anatômicas adjacentes, de vegetações potencialmente emboligênicas. Nos casos de fenômenos embólicos ou quadro de estenose aguda da prótese, principalmente em posição mitral, a presença de trombose valvar ou strands (fibrina) deve ser suspeitada, estando indicados ETT e ETE (se possível, ETE 3D), com a finalidade de sobrepujar a sombra acústica e melhor visibiliizar o AE e a face atrial da prótese. Nesses casos, além Tabela 28 – Recomendações do ecocardiograma nas próteses valvares Recomendação Classe de recomendação Nível de evidência ETT em portadores de próteses valvares com alteração dos sinais ou sintomas clínicos que sugiram disfunção protética (estenose ou insuficiência) I A ETE em pacientes com disfunção protética ao ETT, para confirmação e melhor quantificação da disfunção IIa B Reavaliação periódica em pacientes portadores de próteses, com disfunção ventricular sem modificação dos sintomas ou sinais clínicos IIa B Reavaliação periódica em próteses valvares biológicas sem sinais ou sintomas de disfunção protética IIb B ETT: ecocardiograma transtorácico; ETE: ecocardiograma transesofágico. Tabela 29 – Recomendações do ecocardiograma na endocardite infecciosa em pacientes com próteses valvares Recomendação Classe de recomendação Nível de evidência Detecção e caracterização da lesão valvar e avaliação da repercussão hemodinâmica* I B Detecção de complicações como abscessos, rupturas e fístulas* I B Reavaliação nos casos com má evolução clínica* I B Suspeita de endocardite em paciente com culturas negativas* I B Bacteremia de etiologia desconhecida* I B Febre persistente sem evidências de bacteremia ou novos sopros* IIa B Avaliação de rotina durante o tratamento de endocardite não complicada* IIb B Febre transitória sem evidências de bacteremia ou novo sopro* III B *Ecocardiograma transesofágico pode dar informações adicionais às obtidas com o ecocardiograma transtorácico. de procurar trombos ou fibrina na válvula ou no AE, deve-se avaliar funcionalmente as estruturas móveis da prótese e o potencial emboligênico dos trombos (Tabela 30). 3.4. Endocardite Infecciosa Endocardite infecciosa (EI) é a infecção do endocárdio vascular ou cardíaco resultante da invasão de microorganismos. Apesar dos avanços nas técnicas diagnósticas e no tratamento, a mortalidade da EI permanece elevada. 164 O perfil de apresentação da doença se modificou, com emergência de novos grupos de risco e de microorganismos mais virulentos, com os estafilococos despontando como os principais agentes etiológicos. O ecocardiograma é fundamental na abordagem da EI (Tabela 31). 165-168 A melhor resolução dos aparelhos e, principalmente, o uso do ETE são responsáveis pela alta acurácia do método no diagnóstico e na avaliação das complicações. O Tabela 30 – Recomendações do ecocardiograma em pacientes com suspeita clínica de trombose das próteses valvares Recomendação Classe de recomendação Nível de evidência Portador de prótese mecânica com fenômeno embólico e/ou insuficiência cardíaca aguda I B Avaliação para determinar as alterações hemodinâmicas causadas pela trombose IIb B ETE para complementar o ETT, avaliar a mobilidade e o potencial emboligênico dos trombos e estudo funcional da prótese IIb B ETE: ecocardiograma transesofágico; ETT: ecocardiograma transtorácico. 160

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