ABC | Volume 113, Nº1, Julho 2019

Posicionamento Posicionamento sobre Indicações da Ecocardiografia em Adultos – 2019 Arq Bras Cardiol. 2019; 113(1):135-181 do VE na meia idade. 101 A presença de HVE é considerada evidência de lesão em órgão-alvo nos pacientes hipertensos, sendo bem documentada sua associação com doenças cardiovasculares e mortalidade. 102-104 Tal aumento do risco cardiovascular nos pacientes hipertensos está diretamente relacionado à MVE, independente dos valores da pressão arterial. 103 Além da MVE, o padrão geométrico da HVE também é visto como importante variável relacionada ao risco cardiovascular. São descritos quatro padrões de geometria do VE 99 (Tabela 7). Os padrões geométricos alterados (HVE concêntrica, HVE excêntrica e remodelamento concêntrico) são preditores de complicações cardiovasculares em hipertensos, sendo a HVE concêntrica a que acarreta maior risco de eventos. 103 Outro achado frequente na HAS é a presença de disfunção diastólica do VE. 101 Indivíduos hipertensos com insuficiência cardíaca comumente apresentam, ao ecocardiograma HVE, alterações da função diastólica e fração de ejeção preservada. Nesses casos, a disfunção diastólica pode, por si só, ser a Tabela 6 – Graus de anormalidade da massa do ventrículo esquerdo 95,99 Método linear Feminino Masculino Normal Aumento discreto Aumento moderado Aumento severo Normal Aumento discreto Aumento moderado Aumento severo Massa do VE, g 67 a 162 163 a 186 187 a 210 ≥ 211 88 a 224 225 a 258 259 a 292 ≥ 293 Massa/sc, g/m² 43 a 95 96 a 108 109 a 121 ≥ 122 49 a 115 116 a 131 132 a 148 ≥ 149 Massa/altura, g/m 41 a 99 100 a 115 116 a 128 ≥ 129 52 a 126 127 a 144 145 a 162 ≥ 163 Massa/altura 2,7 , g/m 2,7 18 a 44 45 a 51 52 a 58 ≥ 59 20 a 48 49 a 55 56 a 63 ≥ 64 ERP (2 x PPVE/DDVE) 0,22 a 0,42 0,43 a 0,47 0,48 a 0,52 ≥ 0,53 0,24 a 0,42 0,43 a 0,46 0,47 a 0,51 ≥ 0,52 Espessura do septo, cm 0,6 a 0,9 1,0 a 1,2 1,3 a 1,5 ≥ 1,6 0,6 a 1,0 1,1 a 1,3 1,4 a 1,6 ≥ 1,7 Espessura da PPVE, cm 0,6 a 0,9 1,0 a 1,2 1,3 a 1,5 ≥ 1,6 0,6 a 1,0 1,1 a 1,3 1,4 a 1,6 ≥ 1,7 Método 2D Massa do VE, g 66 a 150 151 a 171 172 a 182 ≥ 193 96 a 200 201 a 227 228 a 254 ≥ 255 Massa/SC, g/m² 44 a 88 89 a 100 101 a 112 ≥ 113 50 a 102 103 a 116 117 a 130 ≥ 131 VE: ventrículo esquerdo; SC: superfície corporal; ERP: espessura relativa da parede; PPVE: parede posterior do ventrículo esquerdo; DDVE: diâmetro diastólico do ventrículo esquerdo; 2D: bidimensional; SC: superfície corporal. responsável pelos sinais e sintomas da insuficiência cardíaca. 105 Além disso, a relação E/e’ > 13 associa-se a elevado risco cardíaco nos pacientes hipertensos, independente da MVE. 106 O uso do SLG, obtido pela técnica do speckle tracking 2D, permite a identificação precoce de disfunção sistólica subclínica em diversos cenários, incluindo pacientes hipertensos sem HVE. 107 O declínio do SLG relacionou- se com hospitalização por insuficiência cardíaca, infarto, acidente vascular cerebral e morte em pacientes com cardiopatia hipertensiva assintomática. 108 A regressão da HVE em pacientes hipertensos, avaliada por ecocardiogramas seriados após intervenções terapêuticas, está associada à diminuição do risco de eventos cardiovasculares fatais e não fatais, mesmo naqueles em que a HVE não foi detectada pelo eletrocardiograma. 109 Esse benefício é diretamente relacionado ao grau de redução da MVE indexada para superfície corporal, independente da pressão arterial ambulatorial. A regressão da HVE também está associada à melhora na função sistólica 110 e diastólica 111 do VE nos pacientes hipertensos. A aorta torácica é mais frequentemente acometida por dilatação nos pacientes hipertensos sem controle pressórico adequado do que em normotensos e hipertensos controlados. 112 Acompanhamento de longo prazo mostrou que os níveis da pressão arterial são um dos principais fatores modificáveis da dilatação da raiz da aorta no adulto jovem. 113 Na tabela 8, encontram-se listadas as recomendações para realização do ecocardiograma na HAS. 2.5. Atletas A entidade clínica denominada “coração de atleta” foi reconhecida há mais de duas décadas 114 e caracteriza-se por alterações morfológicas cardíacas, principalmente de aumento da massa ventricular, secundárias ao estímulo do treinamento físico. Essas alterações não estão acompanhadas de alterações de função miocárdica, não só pelos métodos ecocardiográficos convencionais como também por técnicas como Doppler tecidual e strain . 115,116 Ainda, por Tabela 7 – Padrões geométricos do ventrículo esquerdo 99 Geometria do ventrículo esquerdo Massa do ventrículo esquerdo/superfície corporal (g/m 2 ) Espessura relativa da parede* Normal ≤ 115 (homens) ou ≤ 95 (mulheres) ≤ 0,42 Hipertrofia concêntrica > 115 (homens) ou > 95 (mulheres) > 0,42 Hipertrofia excêntrica > 115 (homens) ou > 95 (mulheres) ≤ 0,42 Remodelamento concêntrico ≤ 115 (homens) ou ≤ 95 (mulheres) > 0,42 *Medidas realizadas pelo método linear. 149

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