ABC | Volume 113, Nº1, Julho 2019

Editorial Dia de Alerta da Insuficiência Cardíaca: Um Tributo ao Gênio Carlos Chagas Heart Failure Awareness Day: A Tribute to the Genius Carlos Chagas Evandro Tinoco Mesquita, 1,2, 3 Aurea Lucia Alves de Azevedo Grippa de Souza, 1 Salvador Rassi 4,5 Universidade Federal Fluminense, 1 Niterói, RJ – Brasil Hospital Pró-Cardíaco, 2 Rio de Janeiro, RJ – Brasil Departamento de Insuficiência Cardíaca da Sociedade Brasileira de Cardiologia (DEIC/SBC) - Diretoria Científica, 3 Rio de Janeiro, RJ – Brasil Universidade Federal de Goiás, 4 Goiânia, GO – Brasil Departamento de Insuficiência Cardíaca da Sociedade Brasileira de Cardiologia (DEIC/SBC) - Presidência, 5 Rio de Janeiro, RJ – Brasil Correspondência: Evandro Tinoco Mesquita • Ministro Otávio Kely, 500 1506, Icarái, Niterói, RJ – Brasil E-mail: etmesquita@gmail.com Palavras-chave Insuficiência Cardíaca/epidemiologia; Insuficiência Cardíaca/ prevenção e controle; Fatores de Risco; Cardiomiopatia Chagásica; Doença de Chagas/epidemiologia. DOI: 10.5935/abc.20190137 A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) tem como missão ampliar e difundir o conhecimento em Ciência Cardiovascular e sensibilizar cada cardiologista para a realização de ações em prol da saúde cardiovascular da sociedade brasileira. Desde sua fundação, a SBC vem estimulando a pesquisa e divulgação, junto à sociedade civil, de aspectos epidemiológicos, preventivos e ligados ao tratamento das enfermidades cardiovasculares, dentre elas a insuficiência cardíaca (IC). A IC tem sido identificada como uma epidemia cardiovascular em todo o mundo e com importantes aspectos sobre a morbimortalidade e os custos assistenciais, sendo pouco reconhecida junto aos indivíduos, membros da nossa sociedade, gestores de saúde e decisores políticos. O aumento da prevalência da IC decorre do envelhecimento populacional e do crescimento de fatores de risco, tais como obesidade, hipertensão arterial sistêmica e diabetes mellitus, além do aumento da sobrevida dos portadores de cardiopatias como, por exemplo, cardiopatias congênitas e cardiopatia isquêmica. Mundialmente, cerca de 26 milhões de adultos padecem de IC e projeções indicam que a prevalência tende a aumentar em 25% até 2030. 1 Dentro deste panorama, na IC com fração de ejeção preservada (ICFEP) merece destaque a necessidade do seu maior reconhecimento e estratégias de prevenção pelos médicos generalistas, geriatras e cardiologistas. 2 A síndrome apresenta estágios assintomáticos e uma forma sintomática, e medidas preventivas e terapêuticas são capazes de reduzir a progressão da doença e a morbimortalidade. Os surtos de agudização e descompensação promovem recorrência às salas de emergência e hospitalizações que promovem agravamento do quadro, onde o desfecho pode se dar de forma abrupta por falência de bomba ou morte súbita. 3 Na presente década, iniciativas em diferentes países, lideradas por associações e sociedades de cardiologia, têm promovido ações para alertar a população e profissionais de saúde em relação à detecção precoce, exames complementares e acesso a medicamentos e ao tratamento baseado em evidência científica. OBrasil está se engajando, sob a liderança doDepartamento de Insuficiência Cardíaca da Sociedade Brasileira de Cardiologia (DEIC/SBC), em promover ações, ao criarem o dia de alerta, que será comemorado a cada ano no dia 9 de julho, que corresponde ao nascimento do gênio e pioneiro cientista translacional cardiovascular Carlos Justiniano Ribeiro das Chagas. Neste ano, duas datas são muito marcantes: 140 anos do nascimento do professor e pesquisador Carlos Chagas e 110 anos da descoberta da doença de Chagas. Fato único na história da Medicina, onde o mesmo pesquisador descreve o vetor, o agente etiológico, identifica os hospedeiros e busca identificar as formas clínicas da doença. 4 O tema doença de Chagas, em nosso país, permanece contemporâneo, não apenas na busca de novos tratamentos, 5 na busca de vacinas e novas formas de contaminação, como a via oral descrita nas regiões norte, nordeste e sul, envolvendo cana de açúcar e açaí, relatadas no presente ano nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, 6 como também no atual surto de doença de Chagas aguda em Pernambuco, ainda em fase de esclarecimento. O cientista Carlos Chagas tem sido homenageado em nosso país de várias formas (Figura 1), porém identificamos que sua contribuição para a cardiologia e para a IC foi definitiva e de importância, representando seu nome marcante para essa nobre causa em nosso país. De dimensões continentais, nosso país possui uma grande diversidade de estilo de vida, fatores de risco ambientais, socioeconômicos e culturais, além da composição do seu sistema de saúde (acesso, organização da rede assistencial, financiamento, disponibilidade de recursos tecnológicos e de profissionais). Clínicas de IC que possam oferecer cuidados multiprofissionais têm se mostrado relevantes em diminuir as internações e melhorar a qualidade de vida. A reabilitação cardíaca tem comprovada efetividade, porém ainda pouco disponível, ocasionando baixa inserção nesses programas. Diferentes fatores podem explicar a variabilidade do número de internações, aposentadoria precoce por IC e utilização de recursos – transplante cardíaco, cirurgia, cateterismo cardíaco, implante de marcapasso, desfibriladores e dos custos assistenciais. Segundo Araujo et al., 7 o custo direto com o tratamento é representado principalmente pela hospitalização e gastos com medicamentos. Entretanto, os custos indiretos representam impactos econômicos semelhantes aos custos 5

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