ABC | Volume 113, Nº1, Julho 2019

Posicionamento Posicionamento sobre Antiagregantes Plaquetários e Anticoagulantes em Cardiologia – 2019 Arq Bras Cardiol. 2019; 113(1):111-134 Estudos em modelo animal, in vitro e série de casos demostraram melhora de parâmetros laboratoriais de coagulação em pacientes que utilizaram rivaroxabana. 51-53 Por outro lado, novas evidências sugerem uma superioridade de fator VII recombinante ativado e concentrado de complexo protrombínico parcialmente ativado (FEIBA) em relação ao CCP também em pacientes utilizando rivaroxabana. 54,55 Em indivíduos saudáveis utilizando dabigatrana, um estudo randomizado e placebo-controlado falhou em mostrar benefícios do uso de CCP na melhora de parâmetros laboratoriais de coagulação. 56 Além disso, séries de casos mostram resultados controversos com a utilização de PFC, CCP, fator VII recombinante ativado e fibrinogênio. 57 A ausência de evidência de reversão clínica dos efeitos anticoagulantes dos NOACs com a utilização desses agentes hemostáticos alternativos, bem como dados conflitantes em relação a efeitos e dosagens ótimas, tornam controverso o uso rotineiro dessas medicações. Por fim, a hemodiálise pode remover cerca de 49 a 57% da dabigatrana circulante em até 4 horas, visto que apenas 35% da droga é ligada a proteínas plasmáticas. Pacientes com insuficiência renal e overdose de dabigatrana podem se beneficiar da hemodiálise no contexto de eventos hemorrágicos maiores ou necessidade de procedimentos de urgência (Tabela 10). Rivaroxabana e apixabana, por serem altamente ligados a proteínas plasmáticas, não são removidos por hemodiálise. 46 5. Anticoagulação na Cardioversão de Fibrilação Atrial 5.1. Introdução A FA é a arritmia sustentada mais frequente na prática clínica. Sua incidência e prevalência aumentam com a idade, sendo que nos maiores de 80 anos a prevalência chega a 8% da população. 58 Além disso, alguns estudos americanos mostram que essa prevalência vem aumentando cerca de 0,3% ao ano, com crescimento absoluto entre 1997 e 2007 de 4,5%. 58 O motivo para esse aumento, além do envelhecimento populacional, está relacionado à melhoria no tratamento de doenças cardíacas crônicas, que aumenta o número de indivíduos suscetíveis, assim como à melhoria das ferramentas diagnósticas, com maior documentação dessa arritmia. 59 A FA está associada a aumento do risco de AVE, além de insuficiência cardíaca e mortalidade total. 60-64 Pelo menos 20% dos casos de AVE têm a FA como causa e, nesses casos, o AVE geralmente é mais grave e incapacitante que um AVE de origem isquêmica. 65-67 Alguns estudos ainda mostram risco aumentado de distúrbios cognitivos nessa população, secundários a eventos embólicos assintomáticos. 68 A terapêutica antitrombótica tem papel fundamental na prevenção de eventos embólicos na presença de fatores de risco, sendo esse um dos principais pilares do tratamento, independentemente da estratégica adotada (controle de ritmo ou de frequência cardíaca). 69,70 O risco Tabela 9 – Reversão de efeito anticoagulante dos NOACs 8 NOAC Antídoto específico Opções terapêuticas alternativas Dabigratana Idarucizumabe 5 g IV (dividido em 2 doses de 2,5 g) • CCP 50 UI/kg IV • Fator VIIa 90 mcg/kg IV a cada 2 horas • Ácido tranexâmico 15 a 30 mg/kg IV • Hemodiálise Rivaroxabana Anti fator XA (p. ex., adexanet alfa – não aprovado) • CCP 50 UI/kg IV • Fator VIIa 90 mcg/kg IV a cada 2 horas • Ácido tranexâmico 15 a 30 mg/kg IV Apixabana Anti fator XA (p. ex., adexanet alfa – não aprovado) • CCP 50 UI/kg IV • Fator VIIa 90 mcg/kg IV a cada 2 horas • Ácido tranexâmico 15 a 30 mg/kg IV Edoxabana Anti fator XA (p. ex., adexanet alfa – não aprovado) • CCP 50 UI/kg IV • Fator VIIa 90 mcg/kg IV a cada 2 horas • Ácido tranexâmico 15 a 30mg/kg IV CCP: concentrado de complexo protrombínico; Fator VIIa: fator VII recombinante ativado; IV: via intravenosa; NOAC: novo anticoagulante oral. 123

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