ABC | Volume 112, Nº6, Junho 2019

Correlação Anatomoclínica Issa e Benvenuti Infiltrado pulmonar e obliteração da ponta do ventrículo esquerdo em homem jovem Arq Bras Cardiol. 2019; 112(6):793-802 A angiotomografia pulmonar (24 de outubro de 2012) não revelou alterações das estruturas vasculares e mediastinais ou sinais de tromboembolismo pulmonar; havia infiltrado micronodular centrolobular, confluente, difuso, em algumas áreas com aspecto de árvore em brotamento de distribuição predominante broncocêntrica associados a áreas de atenuação em vidro fosco mais evidentes nos ápices e segmentos basais posteriores. Tais achados foram considerados compatíveis com processo inflamatório ou infeccioso. Havia derrame pleural bilateral, moderado à direita e pequeno à esquerda. (Figura 5) A tomografia de alta resolução do tórax (01 de novembro de 2011) revelou linfoadenomegalia das cadeias para-aórtica (2,7 x 1,3 cm) e subcarinal (1,9 x 1,5 cm) direitas; não havia alterações de traqueia e brônquios, havia infiltrado intersticial e alveolar difuso predominantemente centrolobular e, às vezes, confluentes com espessamento interlobulares mais evidentes em bases. Havia, também, derrame pleural bilateral, moderado à direita. (Figura 6) O ecocardiograma (03 de novembro de 2011) revelou dilatação de átrio esquerdo e hipertrofia médio-apical do ventrículo esquerdo (18 mm) e intensa trabeculação e obliteração de sua ponta, sugestiva de fibrose endocárdica (Figura 7), e insuficiência mitral moderada, com sinais de fibrose e hipertrofia de músculo papilar e havia gradiente intraventricular esquerdo de 30 mmHg. Um novo ecocardiograma (11 de novembro de 2011) revelou hipertrofia médio-apical do ventrículo esquerdo, com intensa trabeculação e obliteração de sua ponta, sugestiva de fibrose endocárdica; fração de ejeção estimada subjetivamente em 50%, devido à discreta hipocinesia apical. A insuficiência mitral foi quantificada como mínima nesse e nos ecocadiogramas posteriores (16 e 23 de novembro de 2011). O lavado brônquico (11 de novembro de 2011) não revelou, por PCR, Pneumocystis carinii, Mycobacterium tuberculosis, Legionella sp. , Adenovírus, Herpes simplex ou Citomegalovirus. A citologia revelou 115 células/mm³ (leucócitos 9% - 87% polimorfonucleares, 10% linfócitos, 3% monócitos; macrófafos 29%; células epiteliais 62% (planas 7%, cilíndricas caliciformes 21%, cilíndricas ciliadas 72%), não havia bactérias ou fungos. O ecocardiograma transesofágico (23 de novembro de 2011) não revelou novas alterações (Tabela 1). Um novo ecocardiograma (07 de dezembro de 2011) revelou ventrículo esquerdo com comprometimento sistólico moderado a acentuado da função sistólica (Tabela 1), e continuou sendo observada imagem hiperrefringente em ventrículo esquerdo, provavelmente correspondente à hipertrofia apical do septo ventricular Como havia rebaixamento de consciência foi realizada punção lombar (29 de junho de 2004); o exame do líquor revelou ADA (adenosina deaminase) 2,5 U/L. As pesquisas de Adenovírus, Citomegalovírus, Herpes simplex, Criptococcus sp , Toxoplasma sp e de bacilos álcool-ácidos resistentes foram negativas e não houve crescimento de bactérias ou fungos nas culturas. A contagem de células foi 11 células/mm³ – linfócitos 31%, monócitos 66% e macrófagos 3%; a proteinorraquia foi 475 mg/dL, glicorraquia 105 mg/dL. As tomografias de crânio (29 de novembro de 2011) e a de abdome (30 de novembro de 2011) foram normais. Nova tomografia de alta resolução do tórax (30 de novembro de 2011) revelou persistência do infiltrado interstício-alveolar difuso e simétrico, caracterizado por atenuação em vidro fosco difusa do parênquima e múltiplas opacidades nodulares e micronodulares, predominantemente centrolobulares, por vezes confluentes e esboçando imagens de árvore em brotamento com predominância de distribuição na medular pulmonar compatíveis com preenchimento alveolar. Foram descritos ainda achados sugestivos de processos inflamatórios ou infecciosos associados a edema ou a hemorragia alveolar. Não havia derrame pleural. Figura 4 – Radiografia de tórax PA: infiltrado alveolar bilateral. 795

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