ABC | Volume 112, Nº6, Junho 2019

Artigo de Revisão Mesquita et al ICFEI – estado da arte Arq Bras Cardiol. 2019; 112(6):784-790 achados da história clínica, exame físico, eletrocardiograma e raio X de tórax, conforme está detalhado na Figura 1. Caso ocorra suspeita clínica de IC deve-se realizar um ecocardiograma para confirmação diagnóstica. Em casos de baixa suspeita ou de dúvidas sobre diagnóstico, deve ser realizada, desde que disponível, a dosagem de peptídeos natriuréticos (BNP e/ou NT-proBNP), além do ecocardiograma. Um ecocardiograma normal e/ou concentrações plasmáticas de BNP < 35 pg/mL e/ou NT-proBNP < 125 pg/mL tornam o diagnóstico de IC improvável. Na presença de concentrações plasmáticas de BNP>35 pg/mL e/ou NT-proBNP>125 pg/mL e/ou na presença de um ecocardiograma alterado, o diagnóstico de IC se torna provável. A avaliação da FEVE pela ecocardiografia contribui para discernimento do fenótipo clínico da IC, já que os sinais e sintomas clínicos de pacientes com ICFER, ICFEI e ICFEP são semelhantes. 3 Um aspecto relevante em relação ao diagnóstico de ICFEI envolve aspectos metodológicos em relação às técnicas de cardioimagem. A avaliação da FEVE pela ecocardiografia, tem sido o método padrão utilizado para categorizar pacientes com IC. No entanto, é comum que os valores obtidos sejam diferentes em relação a outros métodos, como ressonância cardíaca, ventriculografia radioisotópica e angiocardiografia. 19,20 Além disso, a avaliação da fração de ejeção pelo ecocardiograma apresenta variabilidade considerável intra e inter-observador, ao longo do tempo e também sob o efeito das intervenções terapêuticas. 19,20 Características clínico-epidemiológicos Estudos anteriores demonstraram que pacientes com ICFEI apresentaram características clínicas que, embora intermediárias entre os grupos ICFER e ICFEP, foram mais semelhantes a ICFEP. 8,9,13,21 Contudo, em relação a presença de doença isquêmica, diferentes estudos encontraram que a ICFEI assemelha-se a ICFER, apresentando maior prevalência. 7,22-24 No estudo de Kapoor et al., 7 com base no registro GWTG‑HF (Get With The Guidelines - Heart Failure ), pacientes com ICFEI forammais velhos (idade média de 77 anos) e com maior porcentagem feminina (49%) quando comparados com pacientes com ICFER, sendo mais similar à ICFEP. Além disso, a ICFEI apresentou alta prevalência de comorbidades como diabetes mellitus (DM) (50%), fibrilação atrial (FA) (42%), doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) (36%), anemia (27%) e insuficiência renal (26%), achados também mais semelhantes à ICFEP. Contudo, houve maior prevalência de doença isquêmica cardíaca em até dois terços dos pacientes, característica similar à ICFER. Anamnese Exame físico ECG + Raio X de tórax Suspeita Clínica de Insuficiência Cardíaca Baixa Intermediária Alta Se disponível Sim Não Normal Alterado Peptídeos natriuréticos BNP > 35-50 pg/mL* ou NT-proBNP > 125 pg/mg Realizar ecocardiograma para avaliação estrutural, FEVE e função diastólica Insuficiência cardíaca é IMPROVÁVEL; REAVALIAR Insuficiência Cardíaca é PROVÁVEL; Avaliar FEVE: ICFER, ICFEI ou ICFEP? FEVE < 40% FEVE entre 40% e 50% ICFER ICFEI ICFEP FEVE > 50% Figura 1 – Algoritmo diagnóstico na suspeita clínica de insuficiência cardíaca. Adaptado de: Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica e Aguda de 2018; 5 ICFER: insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida; ICFEI: insuficiência cardíaca com fração de ejeção intermediária; ICFEP: insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada; ECG: eletrocardiograma; BNP: peptídeo natriurético do tipo B; NT-proBNP: fração N-terminal do peptídeo natriurético do tipo B; FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo. 785

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