ABC | Volume 112, Nº6, Junho 2019

Artigo Original Scheer et al Exercício na escola e fatores de risco cardiovascular Arq Bras Cardiol. 2019; 112(6):775-781 Tabela 1 – Comparação de características demográficas e antropométricas, e fatores de risco cardiovascular entre estudantes de Escolares Regulares (ERs) e Ginásios Experimentais Olímpicos (GEOs) Variável GEOs ERs Valor de p* Idade (anos) 12,6 ± 1,2 (n = 719) 13,3 ± 1,5 (n = 394) IMC (kg/m 2 ) 20,5 ± 4,3 (n = 716) 21,4 ± 4,4 (n = 394) 0,001 Sobrepeso 191/716 (26,7%) 133/394 (33,8%) 0,01 Glicemia alterada 1/700 (0,1%) 0/393 (0,0%) NA Colesterol total alterado 270/714 (37,8%) 152/393 (38,7%) 0,78 Triglicerídeo alterado 403/624 (64,6%) 253/387 (65,4%) 0,80 Pré-hipertensão/ hipertensão 116/712 (16,3%) 112/393 (28,5%) < 0,001 Dados expressos em média ± desvio padrão ou números absolutos (porcentagem). IMC: índice de massa corporal; NA: não aplicável; valor p obtido pelo teste do qui-quadrado ou teste t de Student. usando uma balança da marca Filizola® (capacidade máxima de 150 Kg) com estadiômetro vertical (220 cm). Com base no IMC, os indivíduos foram classificados como eutrófico, sobrepeso e obeso, de acordo com percentis de altura e idade para cada indivíduo. A PA foi medida três vezes na posição sentada, usando um esfigmomanômetro aneroide calibrado, em milímetros de mercúrio. Os alunos com PA sistólica e diastólica acima do percentil 95 para o sexo, idade e altura, foram considerados hipertensos, enquanto que os alunos com valores de PA sistólica e diastólica entre os percentis 90 e 95 foram classificados como pré-hipertensos. Todos os estudantes incluídos nas análises haviam participado do programa de AF por pelomenos umano. Essamedida foi tomada paraminimizar o risco de causalidade reversa. Os valores de referência utilizados foram baseados nas recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria. 12 Análise estatística Foi conduzida uma análise descritiva, e os dados foram expressos em média e desvio padrão para características basais e variáveis contínuas, e como frequências absolutas e porcentagens para as variáveis categóricas. Na análise inferencial, o teste de Shapiro-Wilk foi usado para avaliar a normalidade da distribuição dos dados. Os grupos foram comparados quanto às variáveis contínuas usando o teste t de Student bicaudal para amostras independentes e quanto as variáveis categóricas usando o teste do qui-quadrado. A associação entre exposição (escola) e desfechos em saúde foi avaliada por regressão logística binominal, e seu diagnóstico realizado para corroborar a análise. Os desfechos em saúde em relação a níveis alterados de triglicerídeos, colesterol, sobrepeso/obesidade (considerados como uma única variável), e pré-hipertensão/hipertensão foram dicotomizados em “SIM” e “NÃO” de acordo com os limiares recomendados pela Sociedade Brasileira de Pediatria. 12 Estimativas pontuais para as associações foram expressas em odds ratio (OR) e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%), e todas as análises foram ajustadas por sexo e idade. Uma análise de sensibilidade exploratória seria realizada em caso de discordância entre as variáveis pareadas. Os GEOs foram escolhidos como grupo de referência em todas as análises. Não foi realizada imputação de dados faltantes, e foram usados todos os dados disponíveis para cada análise. Todas as análises estatísticas foram conduzidas usando o programa estatístico StataSE versão 14.0. Um valor de α de 0,05 foi usado para inferências estatísticas. Resultados Um total de 1113 estudantes foram rastreados, incluídos e avaliados. Desses, 719 frequentavamGEOs e 394 frequentavam ERs. A Tabela 1 apresenta dados comparativos entre alunos de GEOs e ERs, bem como o número de alunos analisados para cada categoria. Os alunos das ERs apresentaram maior IMC que alunos de GEOs (21,4 ± 4,4 vs 20,5 ± 4,3 kg/m 2 , p < 0,001), e sobrepeso também foi mais prevalente nos alunos de ERs (33,8% vs 26,7%, p = 0,001). A prevalência de hipertensão foi mais alta nos alunos de ERs que de GEOs (28,5% vs . 16,3%, p = 0,013). Não houve diferença entre as escolas na frequência de estudantes com glicemia, ou níveis de colesterol total e triglicerídeos alterados. Apesar dos nossos esforços para parear os grupos quanto ao sexo, o teste do qui-quadrado apontou diferenças entre os grupos, com uma maior proporção de estudantes do sexo feminino nas ERs que nos GEOs (64,0% vs . 49,4%, p < 0,001). Por esse motivo, realizamos uma análise de sensibilidade estratificada por sexo (Tabela 2). A diferença de IMC encontrada entre os alunos de ERs e GEOs limitou-se às adolescentes do sexo feminino (21,9 ± 4,5 vs . 20,6 ± 4,3 kg/m 2 , p = 0,001), não se observando diferenças quando somente os alunos do sexo masculino foram comparados (20,6 ± 3,9 vs . 20,3 ± 4,2 kg/m 2 , p = 0,564). Observou-se uma diferença na prevalência de sobrepeso entre alunas do sexo feminino de ERs e GEOs (35,7% vs . 24,3%, p = 0,002), mas não entre os do sexo masculino 30,3% vs . 29,0%, p = 0,777). Não houve diferença em nenhum outro parâmetro avaliado. Para estimativas baseadas em associações, utilizou-se um modelo de regressão logística binária para cada marcador de saúde, ajustado para idade e sexo, e os resultados apresentados na Tabela 3. 777

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