ABC | Volume 112, Nº6, Junho 2019

Artigo Original Rajão et al Disfunção tireoidiana subclínica e arritmias Arq Bras Cardiol. 2019; 112(6):758-766 (código 99301390); 4) Triglicérides: método colorimétrico enzimático com glicerol fosfato peroxidase conforme Trinder; colesterol HDL: método colorimétrico enzimático homogêneo sem precipitação; 6) colesterol LDL: equação de Friedewald para triglicerídeos < 400 mg/dL; caso contrário, medido diretamente, utilizando-se um ensaio colorimétrico enzimático homogêneo sem precipitação; 7) glicose no sangue sérico: método de hexoquinase enzimática; 8) Hemoglobina A1C: cromatografia líquida de alta pressão (HPLC), Bio-Rad D-10 Hemoglobin A1c Program (Bio-Rad Laboratories, Inc., Hercules, CA, EUA); e 9) sorologia para doença de Chagas: método ELISA, utilizando-se uma microplaca em fase sólida (CHAGATEST, Wiener Laboratorios S.A.I.C., Rosário, Argentina). 25 Todos os testes bioquímicos foram analisados utilizando-se o ADVIA 1200 Chemistry System (Siemens Healthcare Diagnostics, Deerfield, IL, EUA). Definição de casos Os participantes foram alocados em um destes três grupos: eutireoidismo (TSH = 0,4-4,0 μU/mL), HipoTS (TSH > 4,0 e ≤ 20 μU/mL com T4L = 0,8-1,9 ng/dL) e HiperTS (TSH < 0,4 μU/mL e T4L = 0,8-1,9 ng/dL). As anormalidades no ECG foram categorizadas emdistúrbios do ritmo cardíaco (FA e flutter: códigos de Minnesota 8.3.1, 8.3.2, 8.3.3, 8.3.4; extra-sístoles supraventriculares (ESV): 8.1.1; extra-sístoles ventriculares (EV): 8.1.2 ritmo supraventricular persistente: 8.4.1) e bloqueios ou distúrbios de condução (bloqueio completo dos ramos direito e esquerdo: 7.2.1, 7.2.2, 7.1.1, 7.1.2; bloqueio incompleto dos ramos direito e esquerdo: 7.3 e 7.6 bloqueio intraventricular inespecífico: 7,4; e bloqueios atrioventriculares: 6,1; 6,2,1; 6,2,2; 6,2,3; 6,3). Também se investigou a presença de iQT longo (> 115%) e baixa voltagem do complexo QRS (9,1). 24,26 As anormalidades na frequência cardíaca medidas por exame clínico foram classificadas como bradicardia (FC < 60 ou < 50 batimentos por minuto [bpm]) e taquicardia (FC > 100 ou > 110 bpm). O diabetes mellitus foi definido por achados laboratoriais anormais segundo os critérios da American Diabetes Association (glicemia em jejum ≥ 126 mg/dL, glicemia duas horas após sobrecargade75gde glicoseanidra≥200mg/dLouhemoglobina A1c ≥ 6,5%) ou o uso de insulina ou hipoglicemiantes orais/subcutâneos. A hipertensão arterial foi definida por diagnóstico médico autodeclarado de hipertensão, uso de agentes anti‑hipertensivos ou pressão arterial ≥ 140/90 mmHg. Dislipidemia foi definida como colesterol sérico total≥200mg dL, ou triglicérides ≥ 150 mg/dL, ou colesterol LDL ≥ 130 mg/dL, ou pelo uso de medicação hipolipemiante. A insuficiência cardíaca congestiva, a doença arterial coronariana e a doença pulmonar obstrutiva crônica foram definidas por diagnóstico médico autodeclarado. A doença de Chagas foi definida por sorologia positiva no teste de Chagas - ELISA. Ouso excessivo de álcool foi definido como sendo a ingestão de mais de 140 g de álcool por semana para as mulheres e mais de 210 g de álcool por semana para os homens. Os medicamentos considerados para fins de ajustes estatísticos foram aqueles que poderiam interferir na função tireoidiana ou cardíaca, e incluírammedicações antiarrítmicas, betabloqueadores diferentes do propranolol (que já havia sido excluído anteriormente), beta-agonistas, agonistas adrenérgicos e bloqueadores dos canais de cálcio não-diidropiridínicos, carbonato de lítio, iodeto de potássio, amiodarona, interferon alfa, glicocorticoides sistêmicos, agonistas dopaminérgicos, carbamazepina e oxcarbazepina. 27,28 Análise estatística A análise estatística foi realizada utilizando o software STATA®, v. 12.0. Os dados são descritos como medianas e intervalos interquartílicos ou proporções, uma vez que não apresentaram distribuição normal, segundo o teste de Shapiro‑Wilk. Os testes não paramétricos de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis foram utilizados para comparar as medianas, os testes do qui-quadrado de Pearson e o exato de Fisher para comparar proporções, e o coeficiente de correlação de Spearman para estimar as correlações entre variáveis contínuas. Foi delineada a análise de regressão logística entre HiperTS ou HipoTS e os níveis séricos de TSH e T4L e a presença de arritmias/anormalidades eletrocardiográficas. Idade, sexo, cor da pele, índice de massa corporal (IMC), tabagismo, uso excessivo de álcool, comorbidades (dislipidemia, diabetes, hipertensão, doença coronariana, insuficiência cardíaca congestiva, doença pulmonar obstrutiva crônica e doença de Chagas) e uso de medicamentos foram considerados para fins de ajuste. Considerou-se o valor de p < 0,20 para o modelo multivariado, e a significância estatística foi de p < 0,05. Foram realizadas análises de subgrupos para indivíduos idosos (com idades entre 65 e 74 anos) e para aqueles com valores extremos de TSH (< 0,1 μU/mL ou > 10 μU/mL). Resultados Este estudo incluiu 13.341 (88,32%) dos 15.105 participantes inscritos na linha de base do estudo ELSA-Brasil. Os 1.764 participantes excluídos são mostrados na Figura 1. O perfil dos participantes da população geral do estudo, categorizados por grupo de função tireoidiana, é mostrado na Tabela 1. Identificou-se DTS em 891 (6,68%) participantes, com maior prevalência de HipoTS (5,23%) em relação ao HiperTS (1,45%). O HipoTS foi ligeiramente associado à idade avançada (razão de possibilidade [OR] 1,03, intervalo de confiança de 95% [IC] = 1,02-1,04), sexo feminino (OR 1,18, IC 95% 1,01-1,38), IMC mais elevado (OR 1,03, IC 95% 1,01‑1,04) e cor da pele branca (OR 1,30; IC 95% 1,10-1,55) em comparação ao eutireoidismo. A cor da pele negra (OR 0,56, IC 95% 0,41-0,75) e o tabagismo (OR 0,72, IC 95% 0,56-0,94) mostraram-se independentemente e negativamente correlacionados com HipoTS. O HiperTS mostrou-se ligeiramente associado à idade avançada (OR 1,02; IC95% 1,01-1,04), sexo feminino (OR 1,71, IC 95% 1,26-2,31) e cor da pele negra (OR 1,61; IC95% 1,11‑2,33). A cor da pele branca (OR 0,71, IC 95% 0,50‑0,99) e o não-tabagismo (OR 0,65, IC 95% 0,49‑0,88) mostraram-se independentemente e negativamente associados ao HiperTS. O aumento do IMC mostrou-se associado ao HiperTS apenas na análise univariada (OR 1,03, IC 95% 1,01-1,04) (Tabela 1). 760

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