ABC | Volume 112, Nº6, Junho 2019

Artigo Original Fernandes et al Estilo de vida e custos do uso de medicamentos Arq Bras Cardiol. 2019; 112(6):749-755 Tabela 3 – Regressão linear descrevendo a relação entre os custos dos medicamentos em 12 meses (variável dependente) e os comportamentos de estilo de vida (n = 118) Variáveis independentes Modelo - A Modelo - B Modelo - C Modelo - D Basal Basal Seguimento menos Basal Basal mais Seguimento β (β IC95% ) β (β IC95% ) β (β IC95% ) β (β IC95% ) AF (passos) -0,011 (-0,078 a 0,056) -0,048 (-0,122 a 0,027) -0,18 (-0,092 a 0,056) -0,017 (-0,058 a 0,025) Qualidade do sono (escore MQS) 0,018 (0,001 a 0,034) 0,018 (0,002 a 0,033) 0,004 (-0,017 a 0,026) 0,011 (0,002 a 0,019) Consumo de álcool (dias) -0,137 (-0,272 a -0,002) -0,111 (-0,241 a 0,019) 0,034 (-0,140 a 0,208) -0,073 (-0,145 a -0,001) Tabagismo (sim) 0,157 (-0,514 a 0,828) 0,424 (-0,224 a 1,072) 0,819 (-0,376 a 2,014) 0,170 (-0,172 a 0,513) CS no trabalho (frequência) 0,021 (-0,114 a 0,157) 0,017 (-0,123 a 0,157) 0,023 (-0,154 a 0,201) 0,006 (-0,070 a 0,082) Sexo (feminino)* -0,447 (-0,900 a 0,007) -0,341 (-0,780 a 0,098) -0,302 (-0,731 a 0,126) -0,421 (-0,872 a 0,029) Idade (anos)* 0,021 (-0,004 a 0,047) 0,020 (-0,004 a 0,044) 0,029 (0,003 a 0,056) 0,019 (-0,005 a 0,044) Gordura corporal (%)* 0,023 (0,003 a 0,043) 0,019 (-0,002 a 0,039) 0,027 (0,007 a 0,048) 0,020 (-0,001 a 0,040) PAS (mmHg)* -0,005 (-0,028 a 0,019) -0,005 (-0,028 a 0,017) -0,004 (-0,028 a 0,020) -0,005 (-0,028 a 0,018) PAD (mmHg)* 0,017 (-0,010 a 0,044) 0,021 (-0,005 a 0,047) 0,014 (-0,014 a 0,043) 0,020 (-0,007 a 0,046) Escolaridade (anos)* 0,084 (-0,024 a 0,193) 0,091 (-0,020 a 0,202) 0,080 (-0,026 a 0,187) 0,092 (-0,019 a 0,202) Parâmetros de regressão linear R 0,527 0,549 0,473 0,548 r 2 0,278 0,301 0,224 0,300 r 2 ajustado 0,191 0,219 0,131 0,217 *: apenas valores basais foram utilizados; Modelo A: comportamentos de estilo de vida inseridos como valores basais; Modelo B: comportamentos de estilo de vida inseridos como valores de seguimento; Modelo-C: comportamentos de estilo de vida inseridos como seguimento menos os valores basais; Modelo-D: comportamentos de estilo de vida inseridos como valores basais mais os valores de seguimento; IC95%: intervalo de confiança de 95%; AF: atividade física; MQS: Mini Questionário do Sono; CS: comportamento sedentário; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica. No modelo multivariado, considerando - se os comportamentos de estilo de vida na linha basal (Modelo A), a qualidade do sono e a gordura corporal foram positivamente relacionadas commaiores custos do uso de medicamentos em 12 meses, enquanto o consumo de álcool foi negativamente relacionado. OModelo A explicou 19,1%de toda a variância no desfecho (Tabela 3). No modelo multivariado, considerando‑se os comportamentos de estilo de vida no seguimento (Modelo B), apenas a qualidade do sono foi positivamente relacionada com maiores custos de uso de medicamentos em 12 meses. OModelo B explicou 21,9% de toda a variância nos custos relacionados ao uso de medicamentos. No modelo multivariado, considerando-se as mudanças ao longo do tempo nos comportamentos relacionados ao estilo de vida (Modelo C), a idade e a gordura corporal foram positivamente relacionadas a maiores gastos com medicamentos em 12 meses. O Modelo C explicou 13,1% de toda a variância nos gastos com medicamentos. No Modelo D (somatória dos valores basais e de seguimento), a qualidade do sono apresentou uma relação positiva com o uso de medicamentos (Tabela 3). Por outro lado, o consumo de álcool foi negativamente relacionado aos custos de uso de medicamentos. O Modelo D explicou 21,7% de toda a variância nos gastos com medicamentos. Discussão Este estudo mostra que comportamentos de estilo de vida, particularmente uma pior qualidade do sono, levam a custos mais altos relacionados ao uso de medicamentos. A gordura corporal tambémmostrou ser um importante preditor – efeito positivo nos custos. No total, 52,5% dos adultos relataram o uso de algum medicamento durante o período de coorte, enquanto 20,5% (n=24) desses mesmos adultos relataram o uso de três ou mais medicamentos. Essas taxas são semelhantes às de pesquisas brasileiras (18%) e europeias (20%), nas quais foram realizadas amostragens de base populacional. 4,5 Outra semelhança com estudos anteriores, observada em nossos achados, é que os medicamentos para o tratamento de doenças cardiovasculares foram os mais relatados pelos participantes. Um estudo realizado na Nova Zelândia, examinando as tendências de uso de medicamentos em adultos com idade maior ou igual a 65 anos, no período de 2005 a 2013, identificou que o uso de medicamentos para prevenir eventos cardiovasculares (aspirina e estatinas) havia aumentado significativamente. 3 A dinâmica observada para medicamentos utilizados no tratamento de doenças cardiovasculares também parece ser afetada pelo envelhecimento (em nosso estudo, uma covariável relevante nos modelos multivariados). Dados anteriores identificaram que o consumo de aspirina e dipiridamol aumentou em idosos a uma taxa mais alta do que a observada em jovens. 3 O aumento dos gastos pelos idosos pode ser explicado pelos efeitos naturais que o envelhecimento exerce sobre os órgãos do corpo humano e suas funções, 23 mas também é impulsionado pela redução da AF observada na população mais idosa. 24 Na amostra analisada, embora o efeito da idade 753

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