ABC | Volume 112, Nº6, Junho 2019

Artigo Original Ding Significância clínica dos parâmetros plaquetários como VPM Arq Bras Cardiol. 2019; 112(6):715-719 Introdução As síndromes coronarianas agudas (SCA) são um grupo de síndromes clínicas, das quais as bases patológicas são a ruptura ou a erosão da placa aterosclerótica coronariana, 1 seguidas de trombose oclusiva completa ou incompleta. As SCA incluem infarto agudo do miocárdio (IAM) e angina instável. Dentre esses, o IAM refere-se à necrose miocárdica focal aguda causada por isquemia miocárdica prolongada e grave. 2 Em 2013, a Sociedade Europeia de Cardiologia emitiu as diretrizes de tratamento para doença arterial coronariana estável (DACE). 3 Essas diretrizes indicaram claramente que a DACE também inclui situações de ausência de sintomas ou sintomas estáveis após a estabilização da síndrome coronariana aguda, além de angina estável. Essas situações não podem ser claramente diferenciadas da SCA. Estudos anteriores revelaram que a plaqueta é um meio importante no início da trombose, e suas alterações morfológicas e funcionais estão intimamente correlacionadas coma ocorrência e o desenvolvimento de trombose da artéria coronária. 4,5 Além disso, o volume plaquetário médio (VPM), um dos parâmetros plaquetários no IAM, é significativamente maior do que em indivíduos normais, portanto, o VPM é considerado um preditor para IAM. 6 Entretanto, o valor dos parâmetros plaquetários na distinção entre IAM e DACE ainda não foi relatado na China. Foi relatado que o nível de troponina ultrassensível estava elevado em pacientes com DACE. 7 Embora não tenha atingido o limiar para o diagnóstico de infarto do miocárdio, o prognóstico foi pior, quando comparado com pacientes com DACE sem um nível elevado de troponina. Em nosso estudo, foram analisadas diferenças nos parâmetros plaquetários, como o VPM em pacientes com IAM, pacientes com diagnóstico de DACE e indivíduos saudáveis, e investigou-se a significância desses parâmetros para predizer a doença. Métodos Informações Gerais Um total de 31 pacientes diagnosticados principalmente com IAM foram incluídos neste estudo. Todos os pacientes foram diagnosticados pela primeira vez, não foram submetidos a anti-coagulação ou implante de stent por intervenção coronária percutânea, e atenderam às diretrizes internacionais e chinesas para o diagnóstico de IAM. Desses pacientes, 23 eram do sexo masculino e oito do sexo feminino; e a média de idade desses pacientes foi de 64,4 ± 11,6 anos. Trinta e quatro pacientes foram diagnosticados com DACE. Esses pacientes tinham que preencher os seguintes critérios: (1) pacientes diagnosticados com IAM por mais de dois meses; (2) pacientes sem dor no peito; (3) pacientes que estavam recebendo tratamento medicamentoso com anti‑coagulação. Desses pacientes, 28 eram do sexo masculino e seis do sexo feminino; a média de idade desses pacientes foi de 60,6 ± 13,1 anos. O grupo controle foi composto por 50 indivíduos saudáveis que foram submetidos a exames físicos no ambulatório. Entre esses indivíduos, 38 eram do sexo masculino e 12 do sexo feminino, com média de idade de 60,9 ± 6,9 anos. Nenhum dos pacientes acima mencionados tinha doença hepática ou renal grave, tumores malignos, trombocitopenia idiopática ou trombocitopenia causada por outras doenças primárias. Coleta de amostras No início da manhã, retirou-se 2 mL de sangue da veia do antebraço de cada um desses indivíduos em estado de jejum, sem receber nenhum medicamento para hemostasia, coagulação e anti-coagulação. O sangue coletado foi colocado em tubos contendo o anticoagulante EDTA-K2. Método de detecção As contagens de plaquetas (PQT), massa total de plaquetas (MTP), VPM, amplitude de distribuição de plaquetas (PDW, do inglês platelet distribution width ), glóbulos brancos (WBC, do inglês white blood cells) e neutrófilos (NEU) foram determinadas utilizando-se um analisador de hematologia automatizado STKS (Beckman Courter). Análise estatística A análise estatística foi realizada utilizando-se o software GraphPad Prism 5. Os dados das medidas foram apresentados como média ± desvio padrão (x ± SD). A comparação das médias em múltiplas amostras foi realizada utilizando-se o teste t não pareado. Um valor de p < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo. O valor de predição dos parâmetros plaquetários e a contagem total de glóbulos brancos para IAM e DACE foram avaliados utilizando-se a curva ROC ( Receiver Operating Characteristic ) e a área sob a curva ROC (AUC). As correlações entre os parâmetros foram analisadas pelo método estatístico de correlação de Pearson. Resultados Resultados dos quatro parâmetros plaquetários e da contagem total de glóbulos brancos em pacientes com IAM, pacientes comDACE e indivíduos saudáveis normais (Tabela 1). Como mostrado na Tabela 1, em comparação com o grupo controle, os níveis do VPM foram significativamente maiores (p < 0,01), enquanto os níveis de PQT e PDW foram significativamente menores (p < 0,05) nos grupos AMI e DACE. Além disso, em comparação ao grupo controle, os níveis de WBC e NEU também foram significativamente maiores (p < 0,01) no grupo IAM, mas não houve diferença significativa em comparação com o grupo SCAD. No entanto, os níveis de MTP não apresentaram diferença significativa entre os grupos de pacientes e o grupo controle. Avaliação da eficácia diagnóstica de cada índice pelo teste diagnóstico Como mostrado na Figura 1, no grupo IAM, a AUC de PQT (IC95%) foi 0,6474 (0,5206-0,7742) e o valor de p em comparação com os controles foi < 0,05, o que mostra que 716

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