ABC | Volume 112, Nº6, Junho 2019

Artigo Especial Oliveira et al Sociedade Brasileira de Cardiologia - carta das mulheres Arq Bras Cardiol. 2019; 112(6):713-714 ressaltando a importância de que os objetivos também sejam alcançados no sexo feminino, que representa atualmente 48% dos 7,7 bilhões de habitantes do mundo, e 47% dos 202.768.562 de brasileiros, em abril de 2019. 4 Reconhecendo que a proporção de mulheres médicas aumentou nos últimos anos, saltando de 22% em 1910 para 45,6% em 2018, com predominância das mais jovens, e considerando-se que o crescimento das mulheres cardiologistas tem velocidade menor, representando hoje cerca de 30% do total, 5 ressalta-se a importância de fomentar atividades voltadas para a consolidação da especialidade entre as mulheres brasileiras, a fim de multiplicar as oportunidades do cuidado na perspectiva feminina, permitindo a integração e troca de experiências que amplifiquemamelhoria da prática clinica diária. Enfatizando-se que a presença das mulheres na ciência representa hoje 28% dos pesquisadores em todo o mundo, segundo a UNESCO, e 49% no Brasil, 6 e constatando-se que menos de um quarto dos palestrantes dos eventos científicos são do sexo feminino, além da pequena representatividade das mulheres nos ensaios clínicos que determinarão a utilização de terapêuticas, propõem-se a realização de fóruns que possam discutir medidas custo-efetivas para diminuir essas desigualdades no curto e longo prazo, e políticas afirmativas que acelerem a representatividade feminina na ciência e nos estudos clínicos. Por fim, sabendo-se da relevância do papel das sociedades médicas e suas associações como agentes críticos para mudança de paradigmas e agregação de múltiplos parceiros, propõem-se o protagonismo dessas entidades na elaboração de documentos que atuem como ferramentas aceleradoras de resultados. Deliberações 1. Trabalhar coletivamente em defesa das metas globais para prevenção e controle de DCNT, especialmente das doenças cardiovasculares, nas mulheres brasileiras. 2. Estabelecer campanhas de prevenção cardiovascular, promovendo esforços consistentes para obter a meta de redução de 25% da taxa de mortalidade ate 2025. 3. Realizar análises críticas de estatísticas de saúde, implementar registros que possam avaliar e mensurar os agravos da saúde cardiovascular, para que haja melhoria no planejamento das ações estratégicas de saúde. 4. Elaborar e sugerir políticas governamentais para promover ambientes adequados para a redução da exposição ao risco, facilitando a adoção de hábitos saudáveis por parte da população, em ambientes escolares, de trabalho e de lazer, voltadas ao combate às DCV na Mulher. 5. Atuar junto aos governos para o desenvolvimento e aplicação de programa de prevenção cardiovascular, além da incorporaçãode tecnologias custo-efetivas paraa redução da morbimortalidade por doenças cardiovasculares. 6. Envolver os portadores de doenças cardiovasculares, e os diversos seguimentos da sociedade civil, na formulação, implementação, revisão de politicas, legislação e discussão de estratégias que possam desencadear melhorias no sistema de saúde das mulheres. 7. Desenvolver projetos colaborativos por meio das sociedades científicas que possam agregar diferentes saberes para redução das desigualdades entre os gêneros. 8. Fornecer omais alto nível de educaçãomédica continuada, promover o intercâmbio técnico científico, cultural e social entre as cardiologistas do Brasil e do mundo, e fomentar o conhecimento científico necessário para aumentar a participação das mulheres nas ciências e nos eventos científicos das áreas de saúde e ciências afins. 9. Mobilizar osmeios de comunicação para levar informações contínuas sobre a importânciadas doenças cardiovasculares nas mulheres, seus principais fatores de risco e formas de prevenção, ampliando a divulgação para a população sobre a importância do diagnóstico precoce. 10. Criar umfóruminternacional dediscussãopermanentepara monitorar as ações voltadas para prevenção, diagnóstico e tratamento dos fatores de risco cardiovascular. 11. Estimular ativamente amaior participaçãodas cardiologistas nas Diretorias Executivas das Entidades Representativas, para que se possa obter osmesmos direitos e remuneração, nos diversos aspectos da carreira médica. 1. GBD 2017 Disease and Injury Incidence and Prevalence Collaborators. Global, regional, and national incidence, prevalence, and years lived with disability for 354 diseases and injuries for 195 countries and territories, 1990-2017: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2017. Lancet. 2018;392(10159):1789-858. 2. WorldHealthOrganization.(WHO). 65 th WorldHealth Assembly document A65/54: Second report of Committee A, Netherlands 2012 May 25. [Cited in 2019 April 29]. Available from: http://apps.who.int/gb/ebwha/pdf_files/ WHA65/A65_54-en.pdf 3. Andrade JP, Arnett DK, Pinto FJ, Piñeiro D, Smith Jr SC, Mattos LAP, et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia - Carta do Rio de Janeiro - III Brasil Prevent / I America Latina Prevent. Arq Bras Cardiol. 2013;100(1):3-5. 4. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.(IBGE). Projeção da população do Brasil e das Unidades da Federação [Internet [Acesso em 2019 abr 29]. Disponivel em: https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/ 5. Scheffer M, Cassenote A, Guilloux AGA, Miotto BA, Mainardi GM, DemografiaMédica no Brasil 2018. São Paulo, SP: FMUSP, CFM, Cremesp; 2018. [Acesso em 2019 abr 29]. Disponivel em: http://www.epsjv.fiocruz. br/sites/default/files/files/DemografiaMedica2018%20(3).pdf 6. Engin K, TranM, Connor R, Uhlenbrook S. The United Nations world water development report 2018: nature-based solutions for water; facts and figures. UNESCO; 2018. [Cited in 2019 April 29]. Available from: https:// unesdoc.unesco.org/ark :/48223/pf0000261579 Referências Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da licença de atribuição pelo Creative Commons 714

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