ABC | Volume 112, Nº6, Junho 2019

Posicionamento Posicionamento de Ultrassonografia Vascular do Departamento de Imagem Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019 Arq Bras Cardiol. 2019; 112(6):809-849 3. Aorta abdominal e ramos 3.1. Aneurisma da Aorta Abdominal 3.1.1. Considerações Gerais Os aneurismas são definidos como dilatações localizadas iguais ou superiores a 50% do diâmetro arterial proximal ou normal, envolvendo obrigatoriamente todas as camadas do vaso. Apesar de o diâmetro da aorta abdominal variar com a idade, o sexo e o biotipo, o diâmetro médio da aorta infrarrenal é de aproximadamente 2,0 cm, sendo o limite superior da normalidade < 3,0 cm. Assim, considera-se um aneurisma de aorta abdominal (AAA) uma aorta que mede > 3,0 cm. Os AAA estão localizados entre o diafragma e a bifurcação aórtica e podem ser classificados como suprarrenal, justarrenal e infrarrenal. Aproximadamente 85% dos aneurismas da aorta abdominal são infrarrenais e 5% envolvem a aorta suprarrenal. 31 Cerca de 25% dos pacientes portadores de AAA têm aneurisma de artérias ilíacas associado. 2 Os aneurismas podem ser fusiformes, saculares ou com geometrias excêntricas. O tipo de assimetria pode influenciar significativamente o risco de ruptura e, à medida que os aneurismas crescem, podem se formar trombos laminados que preservam o lúmen arterial. 2 A USV é o exame mais utilizado para rastreamento e diagnóstico em pacientes assintomáticos, nas unidades de emergência sem diagnóstico prévio e nos pacientes sintomáticos. A angiotomografia computadorizada (angio- TC) é o exame de eleição para a avaliação pré e pós- operatória; entretanto, a USV não perde o seu valor por ser mais disponível, ter menor custo e não utilizar contraste nefrotóxico. A disponibilidade atual do contraste com microbolhas torna a USV bastante atraente, especialmente na avaliação pós-operatória. 32 3.1.2. Indicações Clínicas 2 • Rastreamento (Tabela 9). • Seguimento: acompanhar o crescimento e definir o momento cirúrgico adequado. 33 • Avaliação de massa abdominal pulsátil, sinais de ruptura ou crescimento. • Exame pré-operatório do AAA: informar dados sobre a via de acesso, alterações em artérias ilíacas, sítio de fixação da endoprótese, aspecto e medidas do saco aneurismático, e presença trombos parietais. • Exame pós-operatório do AAA. 3.1.3. Orientações e Protocolos de Exame (Tabela 10) 3.1.4. Protocolo de exame do aneurisma de aorta abdominal de acordo com as recomendações do Departamento de Imagem cardiovascular 2 O exame deve ser realizado desde a região subxifoide até a bifurcação aórtica e, a seguir, estudam-se as artérias ilíacas comuns direita e esquerda e seus ramos externo e interno. A avaliação é feita pelo modo B, utilizando-se cortes transversais, coronais e longitudinais para detectar placas de ateroma e medir os diâmetros, principalmente se houver dilatações. A medida anteroposterior (AP) do aneurisma deve ser realizada durante a expansão sistólica máxima, referenciando se a medida foi feita da parede externa à parede externa (EAE) ou parede interna à parede interna (IAI). • Rastreamento: utiliza-se o modo B durante a etapa subxifoide do ecocardiograma ou durante ultrassonografia abdominal de rotina. • Diagnóstico e seguimento: rastreia-se a aorta desde a região subxifoide até a sua bifurcação e, a seguir, estudam-se as artérias ilíacas e ramos. • Avaliação pré-operatória: descrições, medidas necessárias e dados relevantes estão descritos na figura 8. • Avaliação pós-operatória: torna-se necessário o conhecimento das técnicas cirúrgicas utilizadas. Estas encontram- se descritas detalhadamente nas recomendações do DIC. 2 Informações consideradas fundamentais para o relatório médico (Figura 8): • Exame diagnóstico: - Relatar dificuldades técnicas. - Medir o maior diâmetro da aorta. - Informar a presença de tortuosidades ou alongamento da aorta. - Definir a localização do aneurisma: supra, justa ou infrarrenal. - Definir a forma anatômica do aneurisma: sacular, fusiforme ou outras. Tabela 9 – Recomendação do Departamento de Imagem Cardiovascular para rastreamento e acompanhamento do aneurisma de aorta abdominal Rastreamento • Homens de 65 a 75 anos • Homens de 55 a 75 anos com histórico familiar de AAA e/ou tabagismo • Mulheres de 55 a 75 anos com histórico familiar de AAA e/ou tabagismo Intervalo de acompanhamento • 2,6 a 2,9 cm – reavaliar em 5 anos (dilatação subaneurismática) • 3,0 a 3,9 cm – 24 meses • 4,0 a 4,5 cm – 12 meses • 4,6 a 5,0 cm – 6 meses • > 5,0 cm – 3 meses Indicação de intervenção • ≥ 5,5 cm • Sintomas relacionados ao AAA • Taxa de crescimento > 1,0 cm ao ano AAA: aneurisma de aorta abdominal. 822

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