ABC | Volume 112, Nº5, Maio 2019

Diretriz Diretriz Brasileira de Cardiologia Fetal – 2019 Arq Bras Cardiol. 2019; 112(5):600-648 técnicas de Doppler. O gradiente de Doppler do ventrículo esquerdo para a aorta não deve ser utilizado para caracterização do grau de estenose, devido à frequente associação de fibroelastose endocárdica e disfunção miocárdica grave. Os principais parâmetros funcionais que sugerem a possível evolução para a SHCE são o fluxo reverso no arco transverso, isto é, vindo da aorta descendente para a aorta ascendente, fluxo invertido no plano atrial, direcionado do AE para o átrio direito, enchimento ventricular esquerdo monofásico (traçado de Doppler pela valva mitral mostrando onda de enchimento única, denotando aumento da pressão diastólica final do ventrículo esquerdo) e disfunção do ventrículo esquerdo moderada ou grave.192-195 Idealmente, o comprimento do ventrículo esquerdo (eixo longo) deve estar acima do valor mínimo para a idade gestacional (escore Z > -2), o que significa que o ventrículo esquerdo não é hipoplásico ainda. Ocasionalmente, pode-se realizar a valvoplastia aórtica em casos cujo ventrículo esquerdo já se encontra com algum grau de hipoplasia (escore Z > -4 < -2) com o intuito de permitir algum fluxo aórtico anterógrado melhorando o crescimento da aorta ascendente, e os fluxos coronário e encefálico, mesmo sabendo que as chances de recuperação completa do ventrículo esquerdo são pequenas. 192-195 8.1.2. Síndrome de Hipoplasia do Coração Esquerdo Com Septo Interatrial Íntegro ou Comunicação Interatrial/ Forame Oval Significativamente Restritivos Esta situação é caracterizada pela ausência ou pelo mínimo fluxo de alta velocidade através do septo interatrial e fluxo bidirecional, na veia pulmonar, com desaparecimento do padrão trifásico clássico e fluxo reverso proeminente. 196,197 8.1.3. Atresia Pulmonar com Septo Íntegro ou Estenose Valvar Pulmonar Crítica com Sinais de Evolução para Hipoplasia do Coração Direito Atresia pulmonar membranosa com folhetos pulmonares identificáveis com septo interventricular íntegro, associada a mínimo ou nenhum fluxo pulmonar anterógrado; inversão de fluxo no ducto arterioso, isto Tabela 8.1 – Principais indicações das intervenções cardíacas fetais Valvoplastia aórtica Idade gestacional entre 22 e 30 semanas Estenose aórtica crítica com sinais de evolução para SHCE Valva aórtica espessa e com pouca mobilidade Mínimo ou nenhum fluxo aórtico anterógrado Fluxo reverso no arco transverso Inversão de shunt no plano atrial (E → D) Enchimento do VE monofásico (onda E única e de curta duração) Disfunção sistólica do VE moderada ou grave (análise subjetiva) Estenose aórtica crítica com AE gigante Mesmos critérios anteriores A função do VE pode não ser tão alterada devido à presença da insuficiência mitral maciça AE gigante Valvoplastia pulmonar Idade gestacional entre 22 e 30 semanas Atresia pulmonar com septo íntegro/estenose pulmonar crítica Valva pulmonar espessa e com pouca ou nenhuma mobilidade Mínimo ou nenhum fluxo pulmonar anterógrado Inversão de fluxo no ducto arterioso, isto é, aorta → pulmonar Enchimento monofásico do VD (onda E única e de curta duração) Algum grau de hipoplasia do VD ou ausência de crescimento do mesmo em 2 a 4 semanas de observação Atriosseptostomia Idade gestacional entre 28 e 33 semanas SHCE ou variante com septo interatrial íntegro ou orifício mínimo Mínimo ou nenhum fluxo no plano atrial AE e veias pulmonares dilatadas Fluxo bidirecional e bifásico observado ao traçado de Doppler da veia pulmonar AE: átrio esquerdo; D: direito; E: esquerdo; SHCE: síndrome de hipoplasia do coração esquerdo; VD: ventrículo direito; VE: ventrículo esquerdo. 638

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