ABC | Volume 112, Nº3, Março 2019

Comunicação Breve Efeito do Tipo Betabloqueador na Oxidação de Substratos durante HIIE em Pacientes com Insuficiência Cardíaca: Dados Piloto Beta-Blocker Type Effect on Substrate Oxidation during HIIE in Heart Failure Patients: Pilot Data Paula Aver Bretanha Ribeiro, 1,2, 3 Eve Normandin, 1,2,4 Philippe Meyer, 5 Martin Juneau, 1,2 Michel White, 1,2 Anil Nigam, 1,2 Mathieu Gayda 1,2 Cardiovascular Prevention and Rehabilitation Centre (ÉPIC), Montreal Heart Institute, 1 Montreal, Quebec – Canadá Department of Medicine, Faculty of Medicine, University of Montreal, 2 Montreal, Quebec – Canadá Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), 3 Porto Alegre, RS – Brasil Faculty of Physical Education and Sports, University of Sherbrooke, 4 Sherbrooke, Quebec – Canadá Division of Cardiology, University Hospital, Faculty of Medicine, University of Geneva, 5 Genebra – Suíça Palavras-chave Insuficiência Cardíaca; Antagonistas Adrenérgicos Beta; Volume Sistólico; Oxidação Química; Exercício. Correspondência: Paula Aver Bretanha Ribeiro • Cardiovascular Prevention and Rehabilitation Centre (ÉPIC), 5055 St Zotique East, Montreal, H1T1N6, Quebec – Canadá E-mail: paulaabribeiro@gmail.com Artigo recebido 27/01/2018, revisado em 26/04/2018, aceito em 15/08/2018 DOI: 10.5935/abc.20190039 Resumo Os dados sobre efeito do tipo de betabloqueador de terceira e segunda geração na oxidação do substrato, especialmente durante exercícios de alta intensidade, são escassos. O objetivo do estudo é explorar as diferenças de tratamentos com betabloqueadores (betabloqueadores vasodilatadores vs. não-vasodilatadores) na oxidação de substratos durante exercícios intermitentes de alta intensidade (HIIE) na insuficiência cardíaca crônica e fração de ejeção do ventrículo esquerdo reduzida (ICFEr). Dezoito pacientes do sexo masculino com ICC (58,8 ± 9 anos), 8 em uso de betabloqueadores β 1 específicos + bloqueador α -1 e 10 utilizando betabloqueadores β 1 não‑específicos, foram aleatoriamente designados para 4 diferentes HIIE, em um desenho cruzado. Os 4 protocolos foram: 30 segundos (A e B) ou 90 segundos (C e D) a 100% da potência de pico de saída (PPO), com recuperação passiva (A e C) ou ativa (50% de PPO; B e D). O gasto energético (GE; kcal/min), a ingestão de carboidratos quantitativos (CHO) e oxidação lipídica (g/min) e qualitativa (%) foram calculados. Anova de dois fatores e teste post-hoc de Bonferroni foram usados (p-valor ≤ 0,05) para comparar a oxidação de CHO e lipídios em repouso e aos 10 minutos. O tempo total de exercício ou GE não mostraram diferenças de acordo com o uso de betabloqueadores. O tipo de betabloqueador mostrou impacto em CHO (%) e lípides (g/min e %) para repouso e aos 10 min, mas a contribuição absoluta de CHO (g/min) foi diferente apenas aos 10 minutos (Interação p = 0,029). Foram encontradas maiores oxidações de CHO com betabloqueadores vasodilatadores quando comparados com os não-vasodilatadores. De acordo com nossos dados piloto, há um efeito do tipo do betabloqueador na oxidação do substrato durante o HIIE, mas nenhuma influência no GE ou no tempo total de exercício nos pacientes com ICFEr. Introdução Para reduzir a ativação do sistema nervoso simpático e melhorar a contratilidade do miocárdio, a morbidade e a mortalidade, a maioria dos pacientes com insuficiência cardíaca crônica (ICC) está sob uso de betabloqueadores. 1 Além de todos os benefícios, há algumas evidências mostrando controle glicêmico reduzido, ganho de peso, inibição da secreção da insulina e resistência à mesma e dislipidemia nos estados de repouso em pacientes recebendo betabloqueadores. 2,3 Além disso, foi demonstrado que o uso de betabloqueadores poderia remodelar o uso do substrato durante o exercício contínuo de intensidade moderada. 4 A terceira geração de betabloqueadores, descritos como β -bloqueadores vasodilatadores (ou seja, β não seletivo + bloqueador α -1), parece ter umefeito benéfico em comparação com os anteriores ( β -seletivo). Devido à sua falta de efeito sobre os receptores α 1-adrenérgicos, os betabloqueadores não-vasodilatadores podem induzir vasoconstrição, reduzindo o fluxo sanguíneo e a captação da glicose a nível muscular. 2,3 Mas quando comparações entre o Carvedilol e o Metoprolol foram feitas em relação à NYHA, nenhuma alteração foi encontrada. 5 No entanto, não há evidências de comparação do tipo de betabloqueador durante o exercício, especialmente durante exercícios de alta intensidade (por exemplo, vasodilatadores vs. não-vasodilatadores). Em relação à intensidade do exercício, há um uso crescente de programas de treinamento intermitente de alta intensidade em locais de reabilitação cardíaca. Há evidências suficientes sobre os benefícios superiores desta modalidade para o consumo máximo de oxigênio (VO 2 max) e qualidade de vida quando comparado ao treinamento contínuo moderado. 6 Entretanto, ainda não há evidências sobre diferentes prescrições de exercícios intermitentes de alta intensidade (HIIE, do inglês high-intensity interval exercise ) em termos de intensidade ideal, duração dos treinos, tempo e tipo de recuperação (passiva ou ativa). 7 Além disso, não existem evidências suficientes sobre a utilização do substrato no contexto de reabilitação cardíaca, especialmente no que diz respeito ao uso de medicação. 4,8 Acreditamos que betabloqueadores vasodilatadores podem influenciar especialmente a oxidação de carboidratos (CHO), e isso pode refletir no tempo total da sessão de exercício. 304

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