ABC | Volume 112, Nº3, Março 2019

Artigo Original Castro et al Troponina elevada após SCA Arq Bras Cardiol. 2019; 112(3):230-237 Figura 1 – Curva de Kaplan-Meier para mortalidade por todas as causas, conforme o tercil de TnI-as medida 25 a 90 dias após síndrome coronariana aguda. 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0 500 1000 1500 2000 2500 Tempo (dias) Probabilidade de sobrevivência P<0,001 pelo teste Log-rank 1º tercil 2º tercil 3º tercil 1° tercil 179 173 162 109 33 3 2° tercil 171 157 147 98 39 5 3° tercil 175 149 131 90 43 5 Números em risco A maioria dos pacientes em nosso estudo (83,8%) apresentou níveis de TnI-as abaixo do 99 o percentil durante a fase subaguda após um evento de SCA; entretanto, mesmo nessa faixa, os que se situavam no tercil mais alto apresentavam uma razão de risco maior para mortalidade por todas as causas e cardiovascular, em comparação com o primeiro tercil. Níveis elevados de TnI-as verificados 25 a 90 dias após uma SCA permaneceram sendo um fator de risco independente para mortalidade por todas as causas e mortalidade cardiovascular após ajustes para diversos fatores de confusão. Os mecanismos pelos quais alguns pacientes apresentam elevações persistentes nos níveis de troponina cardíaca não estão bem estabelecidos. Estudos experimentais anteriores demonstraram a incidência de lesão miocárdica crônica após obstrução coronária mecânica induzida em ratos; 21 apoptose acelerada por disfunção miocárdica crônica também foi demonstrada em pacientes com insuficiência cardíaca. 22 Outros mecanismos propostos incluem a renovação normal dos miócitos, a liberação celular de produtos de degradação proteolítica, maior permeabilidade da parede celular dos miócitos e formação de bolhas nas paredes celulares, com a presença dessas proteínas. 23 A associação entre níveis mais elevados de Tnc e desfechos piores em ambientes extra-hospitalares foi relatada por estudos anteriores. Em 2007, Eggers et al., 16 analisaram uma coorte de pacientes com troponina I (TnI) anteriormente gerada, medida em 6 semanas, 3 meses e 6 meses após um evento de SCA. Ao longo deste estudo, o subgrupo de pacientes com níveis permanentemente elevados de TnI (≥ 0,01) apresentou maior probabilidade de morte durante o acompanhamento do que os pacientes com TnI transitoriamente elevada ou negativa. 16 Em 2012, dois estudos abordaram o papel prognóstico da troponina T cardíaca de alta sensibilidade (TnT-as) na fase estabilizada após um evento cardíaco. Ang et al., 13 acompanharam326 pacientes por umamédia de 30meses, após medição da TnT-as 7 semanas após uma SCA; após ajustes para idade, subtipo da SCA, hipertensão, diabetes tipo 2, tabagismo, anemia, BNP, TFGestimada e achados ecocardiográficos, a TnT‑as permaneceu como um forte preditor de morte e IM durante o acompanhamento. Koenig et al., 24 estudaram 1050 pacientes por uma média de 8,1 anos após um evento de SCA ou CRM, com níveis de TnT-as medidos aproximadamente 43 dias após o evento; os pacientes no quartil mais alto apresentavam maior risco de novos eventos cardíacos durante o período de observação. Um estudo publicado em 2014 também abordou o papel prognóstico da TnI-as após um episódio de SCA. White et al., 25 acompanharam 7.836 pacientes que haviam sofrido um evento de SCA; após uma média de 6 anos de seguimento, os pacientes no tercil mais alto apresentavam risco aumentado de morte por DAC e IM. Em comparação com a população de nosso estudo, esses estudos acompanharam pacientes com idade e TFG estimada semelhantes, mas com menor frequência basal de hipertensão, diabetes e dislipidemia. Fora do escopo da SCA, vários estudos tambémencontraram uma associação entre níveis elevados de Tn cardíaca e risco 234

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