ABC | Volume 112, Nº3, Março 2019

Artigo Original Eickemberg et al Adiposidade abdominal e EMI-C no ELSA-Brasil Arq Bras Cardiol. 2019; 112(3):220-227 Tabela 2 – Análise de regressão linear multivariada entre a adiposidade abdominal, medida por cinco indicadores isolados, e a EMI-C, segundo sexo. ELSA-Brasil 2008-2010 Homens Mulheres n = 3.737 n = 4.712 β (SE) IC 95% β (SE) IC 95% Circunferência da cintura 0,045 (0,006) 0,033;0,058 0,025 (0,004) 0,016;0,035 Razão cintura quadril 0,032 (0,006) 0,019;0,045 0,026 (0,004) 0,016;0,035 Índice de conicidade 0,016 (0,006) 0,003;0,029 0,011 (0,004) 0,002;0,020 Produto da acumulação lipídica 0,030 (0,006) 0,016;0,043 0,024 (0,004) 0,014;0,034 Índice de adiposidade visceral 0,022 (0,007) 0,007;0,037 0,020 (0,005) 0,010;0,031 Os modelos foram ajustados por idade, raça/cor da pele, escolaridade, tabagismo, HDL-colesterol, LDL-colesterol e hipertensão arterial. Tabela 3 – Odds ratio e respectivos intervalos de 95% de confiança para associação entre adiposidade abdominal, diagnosticada por cinco indicadores isolados, com a EMI-C, segundo sexo. ELSA-Brasil 2008-2010 Homem Mulher n = 3.737 n = 4.712 OR (IC 95%) OR (IC 95%) Circunferência da cintura 1,47 (1,22;1,77) 1,38 (1,17;1,64) Razão cintura quadril 1,37 (1,12;1,67) 1,33 (1,13;1,57) Índice de conicidade 1,02 (0,83;1,24) 1,12 (0,95;1,32) Produto da acumulação lipídica 1,39 (1,13;1,69) 1,28 (1,08;1,53) Índice de adiposidade visceral 1,42 (1,13;1,77) 1,31 (1,08;1,59) Os modelos foram ajustados por idade, raça/cor da pele, escolaridade, tabagismo, HDL-colesterol, LDL-colesterol e hipertensão arterial. partir de 1,0 mm. 24 Tendo em vista esse valor, em nosso estudo, a presença de adiposidade abdominal diagnosticada pela CC, RCQ, LAP e IAV mostrou importante efeito, com variação de 0,02 mm a 0,04 mm no logaritmo da EMI-C em ambos os sexos. Polack et al., 23 usando dados do estudo de coorte dos descendentes de Framingham, observaram que uma alteração anual na EMI-C superior a 0,02 mm foi associada ao risco de mais de duas vezes de acidente vascular cerebral. 23 Poucos estudos compararam diferentes indicadores de adiposidade com a EMI-C, sendo este o primeiro trabalho que investigou isoladamente a contribuição de diferentes indicadores de adiposidade abdominal. Estudos prévios também realizados com os dados do ELSA-Brasil avaliaram a associação entre fatores de risco tradicionais e a EMI-C. 25,26 Foram incluídas na análise os indicadores CC, RCQ, razão cintura altura e circunferência do pescoço. Esse último indicador apresentou a mais forte associação com EMI-C. Os autores sugerem que o efeito local produzido pela gordura do pescoço atua diretamente nas artérias carótidas. 25,26 Nosso estudo não incluiu a circunferência do pescoço, entretanto as medidas usadas são relativamente simples e refletem importante informação sobre o risco de desenvolver doenças cardiovasculares, em nível individual e populacional. 27 A maioria dos trabalhos que avaliou a relação entre a adiposidade abdominal e a EMI-C usou a gordura visceral medida por imagem. Nesses trabalhos a gordura visceral foi fortemente associada com a EMI-C, 28,29 mas a comparação com esses achados torna-se limitada pelos diferentes métodos usados para identificar gordura abdominal e visceral. A relação entre a adiposidade abdominal e a aterosclerose subclínica está possivelmente vinculada ao componente visceral da gordura abdominal. Os indicadores avaliados no presente estudo são medidas indiretas deste componente, contudo apresentam boa correlação com a gordura visceral e são acessíveis à população em geral. 27 A CC foi o indicador mais fortemente associado à EMI-C. Semelhante aos nossos dados, outras pesquisas também observaram associação entre CC e EMI-C em holandeses saudáveis de 45 a 65 anos, irlandeses adultos hospitalizados e sujeitos hospitalizados de 21 a 83 anos na China. 7,30,31 A CC é descrita como o indicador de adiposidade abdominal com maior capacidade de predizer alterações metabólicas e doenças cardiovasculares, sendo uma das medidas que mais se aproxima da gordura visceral medida por imagem. 27 Neste estudo a RCQ tambémmostrou importante associação com a EMI-C entre homens e mulheres. Grandes estudos epidemiológicos descreveram as mais fortes associações não somente entre a adiposidade diagnosticada pela RCQe a EMI-C, mas com a prevalência de infarto do miocárdio, incidência de doença arterial coronariana, risco coronariano elevado e eventos coronarianos. 6,32,33 Entretanto, evidências mostram que a região gluteofemural é composta, principalmente, por tecido 224

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