ABC | Volume 112, Nº3, Março 2019

Atualização Atualização da Diretriz em Cardiologia do Esporte e do Exercício da Sociedade Brasileira de Cardiologia e da Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e Esporte – 2019 Arq Bras Cardiol. 2019; 112(3):326-368 Atletas com IA leve a moderada (estágio B), resposta fisiológica ao teste de exercício máximo, VE moderadamente dilatado (DSVE < 50 mm [homens], < 40 mm [mulheres] ou < 25 mm/m 2 [ambos os sexos]) e fração de ejeção normal encontram-se aptos à prática de todos os esportes (reavaliação frequente). Grau de recomendação: IIa. Nível de evidência: C. Atletas com IA grave (estágio C1), resposta fisiológica ao teste de exercício máximo, VE moderadamente dilatado (DSVE < 50 mm [homens], < 40 mm [mulheres] ou < 25 mm/m 2 [ambos os sexos]), fração de ejeção normal e ausência de progressão da IA ou de dilatação do VE pelo ecocárdio encontram-se aptos à prática de todos os esportes (reavaliação frequente). Atletas com IA com diâmetros aórticos de 41 a 45 mm encontram-se aptos à prática de esportes sem risco de contato corporal (reavaliação frequente). Grau de recomendação: IIb. Nível de evidência: C. Atletas sintomáticos com IA importante (estágio D), disfunção sistólica do VE com fração de ejeção < 50% (estágio C2), DSVE > 50 mm ou > 25 mm/m 2 (estágio C2) ou aumento importante do DDVE (> 70 mm ou ≥ 35,3 mm/m 2 [homens], > 65 mm ou ≥ 40,8 mm/m 2 [mulheres]) não devem participar de esportes competitivos. Grau de recomendação: III. Nível de evidência: C. 6.2.3. Valva Aórtica Bicúspide A VAB é a doença cardíaca congênita mais comum, afetando 1,3% da população. 228 Já existe um consenso de que há associação da VAB com alterações no tecido conjuntivo vascular, podendo ocorrer dilatação da raiz aórtica, com risco de dissecção, mesmo na ausência de EA ou IA hemodinamicamente signiticativa. 229,230 6.2.3.1. Recomendações Atletas com VAB sem dilatação da raiz da aorta (menos de 40mm ou equivalente de acordo com a área de superfície corporal em crianças e adolescentes) e ausência de EA ou IA signiticativa encontram-se aptos para prática de todos os esportes competitivos. Atletas com VAB e medida da raiz da aorta entre 40 e 45mm podem participar de esportes competitivos de baixo a moderado componente estático ou baixo a moderado componente dinâmico (classes IA, IB, IIA e IIB); porém, devem evitar esportes que envolvam potencial risco de colisão corporal ou trauma. Atletas com VAB e dilatação da raiz da aorta maior que 45 mm encontram-se aptos apenas à prática de esportes competitivos com baixos componentes estático e dinâmico (classe IA). 6.3. Doença da Valva Mitral 6.3.1. Estenose Mitral Uma área valvar mitral de 4 a 6 cm 2 é considerada normal. A estenose mitral (EM) afeta as mulheres duas vezes mais do que os homens. 231 À medida que a EM progride, particularmente quando a área se torna menor do que 2 cm 2 , um gradiente de pressão diastólico se desenvolve entre o AE e o VE, provocando elevação nas pressões do AE e diminuição do fluxo em direção ao VE. 232 Frequentemente de origem reumática, a EM raramente causa MS. Entretanto, o exercício pode levar a aumento acentuado das pressões pulmonares e de capilares pulmonares, por vezes culminando em edema agudo de pulmão. 233 Atletas com EM apresentam maior probabilidade de desenvolverem fibrilação atrial como efeito do exercício extenuante em um átrio já aumentado. A embolização sistêmica é a principal complicação, mas não há evidências de que exercício extenuante aumente o risco. Quando fibrilação atrial cursa em um atleta com EM a terapia anticoagulante deve ser instituida. Assim como nas outras valvopatias, a avaliação de atletas com EM requer uma anamnese bem realizada, assim como a realização do ecocárdio (Tabela 12). 215 Esta doença é definida como grave quando apresenta um gradiente transmitral médio de 5 a 10 mmHg em repouso, sendo este dependente do fluxo transvalvar e do período de enchimento diastólico, variando intensamente com o aumento da FC durante o exercício. 210 Atletas assintomáticos com EM ou aqueles com sintomas mínimos devem realizar teste de exercício pelo menos no nível de atividade alcançado nos treinamentos/competições, principalmente se houver dúvida quanto à gravidade da doença. A intensidade da atividade física a ser permitida depende do tamanho do AE e da gravidade do defeito da valva. Medida não invasiva da pressão sistólica da artéria pulmonar durante o exercício pode ser estimada pelo ecocárdio, o que pode ser de grande valia na análise quantitativa da faixa de treinamento seguro para esses pacientes. 210 6.3.1.1. Recomendações e Níveis de Evidência Avaliação anual de atletas com EM para manutenção de atividade esportiva. Teste de exercício pelo menos no nível da atividade realizada nos treinamentos e competições, com resposta hemodinâmica fisiológica para confirmação do estado sintomático do mesmo. Grau de recomendação: I. Nível de evidência: C. Tabela 12 – Características ecocardiográficas de estenose mitral importante Área valvar mitral < 1,5 cm 2 Gradiente diastólico médio átrio esquerdo/ventrículo esquerdo ≥ 10 mmHg Pressão sistólica da artéria pulmonar ≥ 50 mmHg em repouso Pressão sistólica da artéria pulmonar ≥ 60 mmHg com esforço 352

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