ABC | Volume 112, Nº2, Fevereiro 2019

Comunicação Breve Miranda et al Análise do metabolismo do ferro na CCC Arq Bras Cardiol. 2019; 112(2):189-192 Tabela 1 – Características demográficas, clínicas, laboratoriais e ecocardiográficas dos grupos IND, CCC e NCh Caracteristicas IND (n = 40) CCC (n = 40) NCh (n = 40) p Idade* 49,68 ± 5,28 50,98 ± 5,88 49,20 ± 10,09 0,929 Altura (cm) 1,69 ± 0,065 1,97 ± 0,158 1,94 ± 0,123 0,889 Peso (kg)* 79,100 ± 8,58 73,75 ± 10,15 71,88 ± 11,47 0,621 Masculino [n(%)] 21/40 (52,2%) 20/40 (50%) 5/40 (12,5%) 0,979 NYHA Classe funcional - - - - I 40/40 (100%) 12/40 (30%) 32/40 (80%) 0,410 II - 15/40 (37,5%) 6/40 (15%) 0,510 III - 8/40 (2,5%) 0,312 IV - 5/40 (12,5%) 1/40(2,5%) 0,112 FeSe (μg/dL)* 125,30 ± 22,79 93,15 ± 36,53 114,77 ± 18,90 0,004 Hb (g/dL)* 14,84 ± 1,56 13,62 ± 1,23 14,02 ± 1,25 0,010 IST (%)* 30,95 ± 7,06 29,48 ± 6,59 39,70 ± 8,54 0,001 CTLF (μg/dL )* 196,52 ± 56,95 297,30 ± 36,46 275,18 ± 33,48 0,001 Ferritina (ng/mL)** 156,25 (1,7-42,20) 134,5 (1,56-42,36) 112,95 (2,8-42,66) 0,004 VED (mm)* 46,38 ± 7,34 65,43 ± 7,70 46,38 ± 7,34 0,002 E/e’ ratio* 6,6 ± 2,82 14,9 ± 4,58 12,15 ± 12,06 0,001 FEVE** 65,85 ± 5,9 35,92 ± 8,59 34,95 ± 8,12 0,001 FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo; NYHA: Classe funcional NewYork HeartAssociation; FeSe: ferro sérico; Hb: hemoglobina; IST: índice de saturação de transferrina; CTLF: capacidade total de ligação do ferro; VED: diâmetro do ventrículo esquerdo em diástole; E/e: Velocidade diastólica. Tabela 2 – Variáveis dos marcadores da cinética do ferro associados independentemente com disfunção ventricular sistólica esquerda abaixo de 35% (modelo de risco proporcional Cox Hazard multivariado) Modelo Univariado Modelo Multivariado Variáveis OR IC 95% X 2 p OR IC 95% X 2 p IST% 0,89 0,816-0,979 5,86 0,015 1,12 1,02-1,22 6,3 0,012 FeSe 0,97 0,95-0,99 5,34 0,021 1,23 1,00-1,04 5,9 0,014 Ferritina 1,27 1,044-1,56 5,65 0,017 - - - - Creatinina 1,01 7,54 ± 13,7 1,36 0,243 - - - - TFG, mL/min/1.73m 1,00 0,95-1,05 1,41 0,786 - - - - Hb 0,99 0,56-1,74 0,001 0,99 - - - - Anemia 8,97 1,01-7,90 3,90 0,04 1,22 0,126-11,83 0,030 0,862 Análise de regressão logística univariada e multivariada dos parâmetros laboratoriais. FeSe: ferro sérico; Hb: hemoglobina; IST: índice de saturação de transferrina; TFG: taxa de filtração glomerular. Como demonstrado pelos resultados apresentados, observamos que pacientes com CCC, quando comparados com pacientes chagásicos na forma indeterminada (IND) e com aqueles com NCh, apresentam menores níveis séricos de ferro, CTLF, IST e ferritina. Nos estudos especificamente relacionados a CCC e o metabolismo do ferro são até então inexistentes; assim, basearemos nossas hipóteses fisiopatológicas em estudos realizados com outras causas de cardiomiopatia. Apesar das peculiaridades da CCC, parece-nos haver similaridade na gênese das alterações do metabolismo do ferro observada em outras patologias e a CCC. Como possíveis mecanismos fisiopatológicos às alterações do metabolismo do ferro na IC, algumas teorias vêm sendo descritas, como inflamação crônica, edema de alças intestinais, hipoperfusão do trato grastrointestinal (TGI). 5,6,7 Estudo caso controle prospectivo acompanhando 499 pacientes com cardiomiopatia chagásica relatou a persistência do elemento parasitário (DNA) por meio de análise por PCR. 7 Houve associação entre a carga parasitária e a gravidade da doença medidas a partir dos parâmetros clínicos. 7 Em relação às análises feitas dos marcadores da cinética do ferro e às variáveis ecocardiográficas verificamos que, quanto maior o grau de disfunção ventricular sistólica, menores os níveis séricos de FeSe, IST, CTLF e ferritina. Este achado é interessante, pois reforça nossa hipótese de que os baixos níveis dos marcadores da cinética do ferro guardam relação com o grau de disfunção ventricular. 191

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