ABC | Volume 112, Nº2, Fevereiro 2019

Artigo Original Fernandes et al Conversão para cavo-pulmonar total Arq Bras Cardiol. 2019; 112(2):130-135 Figura 1 – Curva de sobrevida de pacientes submetidos à conversão de Fontan-Kreutzer para conexão cardiopulmonar total. 1,0 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 0 5 10 15 20 25 Sobrevida (%) Tempos de seguimento (anos) Anos Paciente em risco 0 9 8 8 7 6 5 3 4 4 2 1 0 4,5 2,5 0,1 5,5 13 15 22 Em nove casos (90%) a cirurgia foi indicada para arritmia não controlada e um caso foi indicado por enteropatia perdedora de proteína. Em três casos, a crioablação cirúrgica foi realizada ao mesmo tempo. Antes da conversão, três pacientes encontravam-se em classe funcional I, quatro em classe funcional II e três em classe funcional III. Observamos dois óbitos no período, um óbito precoce (no segundo dia de pós-operatório) devido a sangramento e coagulopatia significativos, e um óbito tardio (38º dia de pós‑operatório) devido à sepse múltipla e acidente vascular cerebral. Ambos ocorreram durante a internação em uma unidade de terapia intensive (UTI) pós-operatória. A sobrevida atuarial de 5 e 10 anos foi de 80%, conforme mostra a Figura 1. Após a conversão, 80% dos pacientes que estavam em classe funcional II ou superior evoluíram com melhora da classe funcional. Atualmente, seis pacientes estão em classe funcional I (75%), um paciente em classe funcional II (12,5%) e um paciente em classe funcional III (12,5%). Em relação às arritmias cardíacas, 44% das conversões indicadas por arritmias tiveram melhora após a conversão. Quatro casos foram curados sem necessidade de acompanhamento especializado e três casos tiveram uma condição arrítmica que precisou de especialistas. Antes da conversão, a disfunção ventricular estava presente em cinco pacientes. Um evoluiu para óbito, e todos os demais tiveram melhora em sua função em relação ao período pré-operatório, três dos quais atualmente possuem função preservada e um que já apresentava disfunção moderada, apresenta agora uma leve disfunção. Essas variáveis podem ser visualizadas na Tabela 2. Para três dos casos em que a crioablação cirúrgica foi realizada, um evoluiu para óbito apesar da arritmia. Os outros dois casos tiveram episódios de arritmia após a conversão, um dos quais evoluiu para bradiarritmia que requer marcapasso, e atualmente esse paciente está sendo avaliado para transplante cardíaco. O tempo médio de internação na UTI foi de 13 dias, o menor tempo foi de 2 dias e o maior 38. O tempo médio total de internação hospitalar foi de 37 dias, sendo o mais curto de 17 dias e o maior 59 dias. Como complicações, dois pacientes apresentaram sangramento, uma pericardite, um acidente vascular cerebral isquêmico, um apresentou convulsão, um apresentou disfunção ventricular e um apresentou bradiarritmia. Atualmente, oito pacientes estão em um ambulatório e um paciente está sendo avaliado para transplante cardíaco  Discussão A conversão do Fontan-Kreutzer para o CCPT não é um procedimento simples. Apesar do pequeno tamanho da amostra, observamos uma mortalidade de 20% em nossa experiência. O tempo de internação prolongado, em média de 37 dias, também demonstra os problemas na administração desses pacientes no pós-operatório. Em 25% dos pacientes avaliados, algumas complicações foram observadas no período pós-operatório, onde a maioria delas foi resolvida clinicamente, sem a necessidade de novos procedimentos cirúrgicos. Esses fatos indicam que, idealmente, esse tipo de cirurgia deve ser realizada em centros terciários especializados, com a disponibilidade de uma equipe multidisciplinar para o melhor atendimento dos pacientes. Caneo et al., 2 mostraram uma mortalidade total de 11% para todas as CF realizadas em nossa instituição, a maioria dos casos de óbito foram observados no primeiro período 132

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