ABC | Volume 112, Nº2, Fevereiro 2019

Relato de Caso Kulchetscki et al Fístula de artéria coronária - tratamento clínico Arq Bras Cardiol. 2019; 112(2):211-213 O tratamento ideal das FC ainda permanece incerto, especialmente quanto às moderadas e assintomáticas. O tratamento conservador deve ser considerado em fístulas pequenas e assintomáticas. O fechamento espontâneo da fístula é raro e ocorre em apenas 1-2% dos casos. O tratamento intervencionista para fechamento da FC, seja cirúrgico ou percutâneo, deve ser considerado em grandes FC e de localização mais proximal, presença de sintomas, presença de outra doença cardiovascular/má formação cardíaca associada e repercussão hemodinâmica (fístulas com alto fluxo). 5,8 Entretanto, são procedimentos não isentos de complicações. O tratamento cirúrgico pode apresentar alta taxa de infarto do miocárdico periprocedimento e ocorrência de refluxo tricúspide residual. 9 O tratamento percutâneo, com utilização de dispositivos (coils, utilizados em fístulas pequenas, e amplatzers, utilizados em FC maiores) 8,10 também pode ser complicado por dilatação aneurismática e trombose levando a embolização e isquemia miocárdica, bem como migração do dispositivo (principalmente coils em fístulas largas e com alto fluxo). Situações em que a oclusão é incompleta favorecem endocardite infecciosa e hemólise. 5,8 No caso em questão, descrito inicialmente há 10 anos, de FC moderada assintomática e sem repercussões clínicas ou hemodinâmicas, em que foi optado por seguimento clínico, obervamos uma evolução bastante favorável, permanecendo a paciente sem sintomas e com boa capacidade aeróbica cardiovascular no período, na ausência de isquemia miocárdica e hiperfluxo pulmonar, mantendo função ventricular preservada, e apresentando discreto aumento no diâmetro da CD (6 para 7 mm) e do TCE (7 para 8 mm), além de pequena dilatação de câmaras esquerdas, esta justificada pelo prolapso de valva mitral que evoluiu com insuficiência importante, associação encontrada em alguns casos. Tabela 1 – Evolução dos parâmetros ecocardiográficos ao longo dos anos 2007 2013 2016 2017 Átrio Esquerdo (mm) 30 37 40 38 Septo Interventricular (mm) 7 9 9 8 Parede Posterior do VE (mm) 7 8 8 8 Diâmetro Diastólico do VE (mm) 54 56 58 57 Diâmetro Sistólico do VE (mm) 37 38 39 41 FEVE (%) 59 60 60 59 Seio Aórtico (mm) 31 32 33 32 Função Sistólica do VD Normal Normal Normal Normal Achados Adicionais IM de grau discreto IM de grau discreto. ITr de grau discreto. IAo de grau mínimo. Deslocamento sistólico mínimo da cúspide posterior em direção ao átrio esquerdo. IM de grau moderado ITr de grau discreto. IP de grau discreto. Prolapso da cúspide posterior em direção ao átrio esquerdo. IM de grau importante (jato excêntrico direcionado ao septo interatrial). Relação Qp/Qs de 0,8. VE: ventrículo esquerdo; FEVE: fração de ejeção do ventrículo esquerdo; VD: ventrículo direito; IM: insuficiência mitral; ITr: insuficiência tricúspide; IAo: insuficiência aórtica; IP: insuficiência pulmonar; Qp/Qs: relação de fluxos da artéria pulmonar e aorta. Figura 1 – Imagem comparativa da fístula coronária (à esquerda 2007 e à direita 2017) – DA: artéria descendente anterior; TCE: troco de coronária esquerda; Cx: artéria circunflexa; Dg1: artéria primeira diagonal; MgE1: artéria primeira marginal esquerda. 212

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