ABC | Volume 112, Nº1, Janeiro 2019

Artigo Original Arq Bras Cardiol. 2019; 112(1):3-10 Tianshu-Chu et al Rapamicina em combinação com α -cianoacrilato Introdução A cirurgia de revascularização miocárdica (CRM) é uma das principais terapias para doença coronariana. Porém, 40% dos vasos de pontagem estão totalmente obstruídos e 30% do fluxo sanguíneo vascular é reduzido após a CRM, o que seriamente impacta a sobrevida e o prognóstico do paciente. 1,2 Mecanismos de reestenose incluem trombose, hiperplasia intimal e aterosclerose. A imigração de células endoteliais e células musculares lisas vasculares é vital para a hiperplasia intimal, que é a principal causa de reestenose. 3 Embora os fármacos que inibem a citocinina e regulam o ciclo celular possam contribuir à inibição da hiperplasia intimal, os efeitos colaterais sistêmicos são prejudiciais para os pacientes. Portanto, a aplicação local é muito importante. A rapamicina (sirolimus) é amplamente utilizada para a anti-rejeição após operações de transplante, e os stents farmacológicos são amplamente utilizados em artérias coronárias. Pesquisadores verificaram que a aplicação de rapamicina em veias enxertadas é eficaz na inibição da hiperplasia intimal, pois inibe a proliferação e promove a apoptose de células musculares lisas. 4 Em 1963, Parsonnet e seus colegas observaram que suporte perivenoso era eficaz para a patência vascular. 5 Subsequentemente, pesquisadores clínicos descobriram que o suporte perivenoso pode aumentar as taxas de patência pela redução da hiperplasia intimal nas veias enxertadas. O α -CA, que é líquido à temperatura ambiente, é inofensivo para o corpo humano. O tempo de degradação é de 1 a 3 meses, dependendo da dosagem. O α -CA é usado em cirurgia para tratar sangramentos e suturar feridas. 6 Usualmente, o α -CA e a RPM são utilizados como suporte perivenoso e aplicação local, respetivamente. Investigamos de forma inovadora o processo fisiopatológico da hiperplasia da neoíntima em veias enxertadas após CRM usando modelos de enxerto venoso autógeno em ratos, com o intuito de encontrar novos métodos para inibir a hiperplasia intimal. Métodos Reagente e método O α -CA (99%n-octil- α -cianoacrilato+n-butil- α ‑cianoacrilato) foi adquirido da Beijing Fuaile Science and Technology Development Co. (Beijing, China). A RPM foi adquirida da Selleck Company. Dissolvemos 8 mg de RPM em 1 ml de α -CA (obtidos com pipeta) em um tubo Eppendorf estéril. Após isso, utilizou-se um agitador magnético para misturá-los, obtendo o α -CA-RPM de 8mg/ml, que foi armazenado sob refrigeração de 2 a 8°C. RPM era hidrosolvente e foi preparado pelo mesmo método. 7 Modelos e grupos Cinquenta ratos SD (fornecidos pelo Anhui Lab Animal Research Center e identificados pelo comitê de ética médica da Anhui Medical University), machos e fêmeas, entre 10 e 12 semanas de idade, com peso entre 220-280 g, foram randomizados (desenho completamente randomizado) em 5 grupos, cada grupo contendo 10 ratos, e alimentados durante 4 semanas após a operação. O procedimento operacional e o tamanho da amostra foram determinados de acordo com experimentos pilotos e estudos anteriores, conforme descrito abaixo. Procedimento operacional: utilizou-se uma injeção intraperitoneal de 10% chloralic hydras para anestesiar os ratos. A heparinização foi induzida por uma injeção de heparina (700 UI/Kg) na veia caudal. Uma incisão vertical de aproximadamente 1 cm foi feita no meio do pescoço (desviada para o lado da operação) e as veias foram dissociadas em um lado. Epitheca de 1-2 mm foram obtidas com uma agulha de punção arterial 20G vermelha (BD Company), usada como cânula. A artéria carótida foi isolada até os ramos. Em seguida, duas linhas de sutura e hemoclips foram colocados em ambas as extremidades da artéria para bloquear o fluxo sanguíneo. O meio da artéria foi isolado e cuidadosamente virado para 1-1,2 mm acima da cânula. Utilizou-se uma sutura de seda 6/0 para ligar e fixar a veia para isolá-la das artérias; desta maneira, foi possível abrir os grampos vasculares. Verificamos que o pulso das veias enxertadas era normal e sem sangramento e em seguida suturamos a incisão. Diariamente, verificamos o estado vital e as incisões de todos os ratos. Mantivemos o ambiente fresco, trocamos os ninhos regularmente e demos forragem e água suficiente. Três dias após a operação, cada rato começou a receber uma injeção intramuscular de 400.000 IU de penicilina, diariamente. Grupo sham: apenas simulou-se o processo de operação. As veias jugulares foram dissociadas e os vasos colaterais foram ligados, sem divisão ou transplante; Grupo controle: enxerto arteriovenoso jugular no mesmo lado; Grupo α -CA: enxerto arteriovenoso jugular e aplicação de cola α -CA nas veias enxertadas; Grupo RPM: enxerto arteriovenoso jugular e aplicação de RPM nas veias enxertadas; Grupo α -CA-RPM: enxerto arteriovenoso jugular no mesmo lado e aplicação de α -CA-RPM nas veias enxertadas. Coleta de amostras Amostras de sangue foram coletadas no pré-operatório às 0 h e no pós-operatório às 12 h, 36 h e 4 semanas após a operação. O soro foi obtido por centrifugação e foi armazenado a -80°C até a análise de citocinas. Quatro semanas depois, coletamos uma amostra de veia de cada grupo. Os ratos foram completamente anestesiados, fixados na mesa de operação, heparinizados como descrito anteriormente e operados da mesma maneira pelo mesmo caminho. Observamos as formas e a circulação das veias enxertadas, dos vasos com ligadura e dos vasos isolados nas duas extremidades das cânulas; em seguida, removemos as veias intactas e frescas e lavamos os lúmenes completamente com solução salina normal. As amostras com coloração HE e imuno-histoquímica foram colocadas em microtubos cheios de paraformaldeído e as amostras com RT-PCR foram colocadas emmicrotubos cheios de regentes de RNA-EZ e mantidas na geladeira a -80°C. Os ratos foram sacrificados pelo método de deslocamento cervical e adequadamente manipulados. 4

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