ABC | Volume 112, Nº1, Janeiro 2019

Relato de Caso Silva-Estrada et al Coronária esquerda anômala e infarto do miocárdio Arq Bras Cardiol. 2019; 112(1):110-112 As cardiopatias estruturais estão entre as causas de morte súbita cardíaca empacientes jovens. 4,5 Os clínicos devem ter em mente que a origem anômala da artéria coronária esquerda é umdiagnóstico diferencial emcada paciente jovempreviamente saudável com dor torácica de início agudo e evidência de isquemiamiocárdica aguda. A ecocardiografia transtorácica pode ser o teste ideal para um diagnóstico em ambientes de baixa renda; no entanto, deve-se notar que sua precisão é limitada 6 e uma avaliação específica pode obter melhores resultados no diagnóstico. A descrição detalhada da anomalia deve sempre considerar que existem três características anatômicas que têm sido associadas a umpior prognóstico. São elas: curso intramural, óstio coronariano tipo fenda e ângulo agudo da coronária anômala. 7 Neste caso, além de um ângulo agudo, um curso estenótico e hipoplásico adicionado à carga da doença. Dadas as características coronárias agravantes encontradas neste paciente, o resultado poderia ter sido uma parada cardíaca ou mesmo morte súbita cardíaca. Além disso, a abordagem cirúrgica não conseguiu resolver a anomalia coronariana. Independente desses fatores aparentemente adversos, o paciente se recuperou totalmente e relata assintomático, sem evidência de lesão cardíaca com mais de um ano de acompanhamento, Figura 1 – A angiotomografia mostra origem anômala da artéria coronária esquerda surgindo no seio de Valsalva direito de um óstio separado. Figura 2 – Reconstrução tridimensional mostra anatomia coronariana de alto risco: ângulo agudo, sem segmento intra-arterial intramural, segmento longo estenótico- hipoplásico (11 mm). CD: artéria coronária direita; CE: artéria coronária esquerda. o que esclarece o fato de que deve haver outros fatores, como capacidade vasorreativa e circulação colateral precoce, que podem influenciar o curso desta doença. A cirurgia corretiva, como a translocação coronariana, deve ser oferecida a pacientes sintomáticos com essa anomalia coronariana e características de alto risco. 7 Embora a segurança da cirurgia corretiva tenha sido demonstrada, 8,9 sua eficácia na prevenção de morte súbita cardíaca a longo prazo ainda precisa ser comprovada com mais estudos prospectivos. Além disso, sempre que encontramos características agravantes que tornam a cirurgia corretiva uma abordagem difícil, a cirurgia de revascularização do miocárdio apresenta uma alternativa sem prejudicar o prognóstico do paciente a curto e longo prazo. A comparação dessas abordagens cirúrgicas em estudos de coorte deve ser defendida. A fisiopatologia pouco conhecida e a história natural dessa anomalia coronariana dificultam o desenvolvimento de estratégias de estratificação de risco e geram controvérsias nos algoritmos de manejo. A presença de lacunas de conhecimento sobre a verdadeira prevalência mundial, mecanismos específicos de isquemia miocárdica e opções 111

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