ABC | Volume 112, Nº1, Janeiro 2019

Comunicação Breve Bertolici et al Diuréticos e losartana no estágio I da hipertensão Arq Bras Cardiol. 2019; 112(1):87-90 Tabela 2 – Variações ajustadas na pressão arterial e nos parâmetros ecocardiográficos entre os grupos de tratamento com diuréticos (clortalidona/amilorida) e losartana* Variável Medicamento Basal Seguimento 18 meses Variação da Basal p Variação entre os grupos p Variação ajustada entre os grupos ** p PAS (mmHg) Diuréticos 142,2 ± 8,2 129,8 ± 10,0 -12,4 ± 11,1 < 0,001 2,7 0,18 1,18 0,51 Losartana 139,4 ± 6,0 129,7 ± 8,7 -9,7 ± 9,4 < 0,001 PAD (mmHg) Diuréticos 90,6 ± 5,9 83,7 ± 7,0 -6,8 ± 5,9 < 0,001 1,2 0,33 0,77 0,49 Losartana 90,2 ± 5,6 82,1 ± 6,8 -8,0 ± 6,6 < 0,001 IMVE (g/m 2 ) Diuréticos 84 ± 17 81 ± 19 -3 ± 16 0,11 1,78 0,48 3,84 0,14 Losartana 82 ± 17 77 ± 16 -4 ± 14 0,02 ESIV (mm) Diuréticos 10,0 ± 1,2 9,7 ± 1,3 -0,3 ± 1,2 0,03 0,34 0,13 0,60 0,009 Losartana 10,0 ± 1,1 9,4 ± 1,2 -0,7 ± 1,1 < 0,001 EPP (mm) Diuréticos 10,1 ± 1,1 9,5 ± 1,1 -0,6 ± 3,3 < 0,001 -0,13 0,47 0,16 0,38 Losartana 9,8 ± 1,1 9,4 ± 1,0 -0,46 ± 1,1 0,002 ERP Diuréticos 0,45 ± 0,06 0,42 ± 0,05 -0,04 ± 0,06 < 0,001 -0,009 0,47 0,007 0,53 Losartana 0,44 ± 0,06 0,41 ± 0,05 -0,03 ± 0,07 0,006 VAEI (ml/m 2 ) Diuréticos 25,4 ± 6,5 24,1 ± 6,9 -1,4 ± 6,2 0,12 1,24 0,28 0,26 0,83 Losartana 28,2 ± 7,8 25,7 ± 5,9 -2,6 ± 5,2 0,001 Relação E/e’ Medial Diuréticos 8,1 ± 2,1 8,5 ± 2,6 0,42 ± 2,52 0,23 0,61 0,21 0,22 0,65 Losartana 8,8 ± 2,3 8,6 ± 2,3 -0,19 ± 2,39 0,57 TDE (ms) Diuréticos 229,2 ± 47,4 252,2 ± 67,2 23,0 ± 63,0 0,01 11,0 0,37 13,33 0,34 Losartana 230,0 ± 45,4 243,8 ± 66,9 12,0 ± 64,2 0,19 * Diuréticos: n=56; Losartana: n = 54. ** Análise de covariância ajustada para variação da pressão arterial média, parâmetro ecocardiográfico basal correspondente e tempo entre a randomização e o exame ecocardiográfico. Diuréticos: clortalidona/amilorida; PAS: pressão arterial sistólica; PAD: pressão arterial diastólica; IMVE: índice de massa do ventrículo esquerdo; ESIV: espessura do septo interventricular; EPP: espessura da parede posterior; ERP: espessura relativa da parede; VAEI: volume do átrio esquerdo indexado; TDE: tempo de desaceleração da onda E. Os dados são expressos como média ± DP. e clortalidona, acebutolol, amlodipina, enalapril, doxazosina ou placebo. 11 Apenas a clortalidona promoveu a regressão da hipertrofia do ventrículo esquerdo (HVE) em comparação com placebo em 12 meses (-4,8 g vs -18,2 g; p = 0,04), sem diferença observada em 48 meses. É importante notar que, durante o seguimento, 33% dos pacientes do grupo placebo receberam prescrição de medicamento ativo. O subestudo LIFE avaliou 960 pacientes com PAS mais alta (160-200 mmHg), randomizados para losartana ou atenolol. 12 Após 5 anos, a MVE apresentou maior redução com a losartana do que com o atenolol (-21,7 g vs -17,7 g; p = 0,01), embora a redução da PA tenha sido semelhante. Neste estudo, a redução da MVE também foi mais pronunciada durante os primeiros 12 meses de tratamento. Deve-se notar que mais pacientes no grupo losartana também estavam utilizando hidroclorotiazida. Até onde sabemos, apenas um estudo comparou diretamente o uso de diurético (hidroclorotiazida) e BRA (telmisartana) em 69 pacientes com PAD de 90-114 mmHg, mostrando uma redução maior da MVE estimada pela ecocardiografia tridimensional com telmisartana (16 g vs 4 g em 12 meses). 13 Vale ressaltar que o BRA foi utilizado na dose máxima e o diurético em dose baixa. Os resultados do nosso estudo estão em acordo com os achados de uma meta-análise 5 resumindo estudos comparativos randomizados de tratamento anti-hipertensivo na regressão da massa do VE em pacientes com hipertensão estágio II. Houve menor redução da massa do VE com betabloqueadores, enquanto diuréticos, bloqueadores dos canais de cálcio, inibidores da enzima conversora de angiotensina e BRA tiveram eficácia semelhante. Mostramos que não houve diferença na regressão de massa do VE após 18 meses entre um tratamento baseado em diuréticos versus um tratamento baseado em BRA de pacientes com hipertensão estágio I. As limitações do estudo devem ser reconhecidas. A quebra antecipada na randomização provavelmente não terá impactado os resultados, uma vez que as características demográficas da amostra estudada e a magnitude da redução da PAS foram semelhantes às alcançadas em todo o estudo da amostra. Além disso, o poder do estudo poderia ser subestimado para encontrar diferenças estatisticamente significativas nos parâmetros ecocardiográficos entre os tratamentos randomizados, uma vez que o tamanho da amostra do estudo PREVER-Treatment foi estimado para o seu desfecho primário. Essas limitações potenciais, no entanto, reforçam os achados relatados, que são ainda mais visíveis se considerarmos a carga relativamente baixa da lesão de órgãos causada pela hipertensão e o seguimento de apenas 18 meses. 89

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