ABC | Volume 111, Nº6, Dezembro 2018

Artigo Original Ferreira et al O ácido úrico e fatores de risco cardiovascular Arq Bras Cardiol. 2018; 111(6):833-840 Entretanto, conforme mencionado anteriormente, a maior parte deles avaliou indivíduos mais velhos e mais doentes, em contraste com o presente estudo, em que foram recrutados adultos jovens e de meia-idade saudáveis. De acordo com Johnson et al., 39 o ácido úrico pode ser absorvido por adipócitos, onde induz estresse oxidativo, gera mediadores inflamatórios e inibe a síntese de adiponectina. 39 O aumento potencial de estresse oxidativo induzido por AUS também pode favorecer resposta inflamatória e disfunção endotelial através da redução da biodisponibilidade de óxido nítrico. 29 Há evidências de que o AUS também pode diminuir a produção de óxido nítrico através de outros mecanismos. 38 O presente estudo se destaca pela a cuidadosa seleção de participantes, excluindo indivíduos com características que poderiam influenciar os níveis de AUS, bem como influenciar os marcadores metabólicos e vasculares ora avaliados. Por exemplo, foram excluídos(as) mulheres na pós-menopausa e idosos, pacientes em uso de qualquer tipo de medicamentos (incluindo diuréticos) e aqueles com hipertensão, diabetes ou doença renal crônica. 40 Não está claro se o AUS aumentado é um agente causador ou simplesmente um marcador de DCV. O presente estudo agrega a informação de que mesmo em adultos jovens e de meia-idade saudáveis o AUS associa‑se diretamente com o estresse oxidativo e com alterações metabólicas e vasculares capazes de aumentar o risco de DCV. Como limitação do estudo, salienta-se o desenho transversal, onde o achado de associação não implica necessariamente relação de causalidade. Conclusões Os resultados obtidos nesse estudo sugerem que em adultos jovens e de meia-idade saudáveis, níveis séricos mais altos de ácido úrico estão associados à adiposidade corporal, a um perfil lipídico desfavorável, estresse oxidativo, inflamação e função endotelial comprometida. Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa: Ferreira TS, Fernandes JFR, Araújo LS, Nogueira LP, Leal PM, Antunes VP, Kaiser SE, Klein MRST; Obtenção de dados: Ferreira TS, Fernandes JFR, Araújo LS, Nogueira LP, Leal PM, Antunes VP, Rodrigues MLG, Valença DCT; Análise e interpretação dos dados e Redação do manuscrito: Ferreira TS, Fernandes JFR, Araújo LS, Nogueira LP, Leal PM, Antunes VP, Rodrigues MLG, Valença DCT, Kaiser SE, KleinMRST; Análise estatística: Kaiser SE, KleinMRST; Obtenção de financiamento: Klein MRST; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Ferreira TS, Fernandes JFR, Araújo LS, Kaiser SE, Klein MRST. Potencial conflito de interesses Os autores declaram não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento O presente estudo foi financiado pela Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). Vinculação acadêmica Nãohá vinculaçãodeste estudoanenhuma teseoudissertação. Aprovação ética e consentimento informado Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Hospital Universitário Pedro Ernesto - Universidade do Estado do Rio de Janeiro sob o número de protocolo 2798-CEP/HUPE- CAAE: 0243.0.228.000-10 e 1152-CEP/HUPE - CAAE: 0039.0.228.000-08. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes incluídos no estudo. 1. World Health Organization. Top 10 causes of death. Global Health Observatory 2017. [Accessed: 2018 Jan 10]. Available from: http://www. ho.int/gho01/15/2018. 2. Richette P, Bardin T. Gout. Lancet. 2010;23;375(9711):318-28. 3. Ciarla S, Struglia M, Giorgini P, Striuli R, Necozione S, Properzi G, et al. Serum uric acid levels and metabolic syndrome. Arch Physiol Biochem 2014;120(3):119-22. 4. ErdoganD, GulluH, CaliskanM, YildirimE, Bilgi M, Ulus T, et al. Relationship of serum uric acid to measures of endothelial function and atherosclerosis in healthy adults. Int J Clin Pract .2005;59(11):1276–82. 5. KatoM, Hisatome I, Tomikura Y, Kotani K, Kinugawa T, Ogino K, et al. Status of endothelial dependent vasodilation in patients with hyperuricemia. Am J Cardiol 2005;96(11):1576–8. 6. Zoccali C, Maio R, Mallamaci F, Sesti G, Perticone F. Uric acid and endothelial dysfunction in essential hypertension. J Am Soc Nephrol. 2006;17(5):1466–71. 7. Chen Y, Xu B, SunW, Sun J, Wang T, Xu Y, et al. Impact of the serumuric acid level on subclinical atherosclerosis in middle-aged and elderly chinese. J Atheroscler Thromb. 2015;22(8):823–32. 8. Canepa M, Viazzi F, Strait JB, Ameri P, Pontremoli R, Brunelli C, et al. longitudinal association between serum uric acid and arterial stiffness: results from the Baltimore longitudinal study of aging. Hypertension. 2017;69(2):228-35. 9. Huang X, Cai X, ZhengW, Shen Y, Xie L. Relationship between uric acid and endothelial function in hypertensive patients with metabolic syndrome. J Clin Exp Cardiol. 2016;7:416. 10. PrasadM,MattesonEL,Herrmann J,GulatiR,RihalCS,LermanLO,etal.Uric acid is associated with inflammation, coronary microvascular dysfunction, and adverse outcomes in postmenopausal women. Hypertension. 2017;69(2): 236–42. 11. Altuntas A, Goksu SS, Kidir V, Aydin ZD, Sezer MT. Uric acid levels are inversely correlated with endothelial function in type 2 diabetic patients. Int J Clin Exp Med. 2016;9(7):14105-13. Referências 839

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=