ABC | Volume 111, Nº6, Dezembro 2018

Artigo Original Odozynski et al Anatomia das VP e ablação de FA Arq Bras Cardiol. 2018; 111(6):824-830 respectivamente para casos e controles. A curva Kaplan-Meier (Figura 3) destaca a menor proporção de recorrência no grupo TrCE durante o estudo. Não houve complicações maiores (AIT/AVC/Embolismo periférico, fístula átrio-esofágica ou perfuração/tamponamento cardíaco comnecessidade de intervenção cirúrgica) relacionadas aos procedimentos e/ou hospitalização. Dentre as complicações menores (hematoma inguinal, sangramento retroperitoneal, pseudoaneurismas ou fístulas AV, estenose de VPs, derrames pericárdicos ou paralisia do nervo frênico) houve 4 pseudoaneurismas e 1 hematoma inguinal, todos no grupo não‑TrCE, tratados clinicamente sem intervenção cirúrgica (Tabela 2). Não houve nenhum óbito ou relato de fístula esofagiana durante o tempo de seguimento do estudo. Discussão A durabilidade do isolamento elétrico das VPs está diretamente relacionada à eficácia do tratamento percutâneo da FA, de modo que a reconexão elétrica das VPs parece ser o principal mecanismo para recorrência da FA pós-ablação 2,7-10 Nosso estudo sugere que pacientes com tronco comum esquerdo das VP apresentam um desfecho clínico mais favorável após a ablação por cateter, com uma recorrência clínica em torno de 10%. Esses resultados podem ser obtidos sem comprometer a segurança do procedimento. O TrCE, quando presente, tem sido apontado como a origem predominante dos gatilhos de FA. 11 No passado, quando ainda se discutia a necessidade de ablação das 4 VP em um mesmo procedimento e utilizavam‑se manobras para Tabela 1 – Características clínicas de pacientes submetidos à ablação de FA, categorização por presença de tronco comum das veias pulmonares Variáveis n-TrCE (n = 142) TrCE (n = 30) p-valor Idade (anos) 58,1 ± 10 62,5 ± 11 0,11 Sexo (masculino) 101 (71) 20 (69,2) 0,64 IMC 27,6 ± 4,5 26,6 ± 3,5 0,37 Fração de ejeção do VE - % 64,4 ± 8,7 (33 – 86) 66,2 ± 8,5 (46 – 77) 0,33 Diâmetro do AE - mm 38 ± 5,2 (27 – 53) 38,7 ± 6,3 (31 – 50) 0,76 Comorbidades HAS 82 (58,3) 18 (61,9) 0,75 DM2 16 (11) 4 (13,3) 0,54 DAC 30 (21) 4 (13,3) 0,63 AVC/AIT prévio 6 (4,2) 1 (3,3) 0,86 ICC 10 (7) 3 (10) 0,41 CHA 2 DS 2 -VASc 1,49 ± 1,2 1,0 ± 1,9 0,49 FA - Sintomas CCS SAF escore 2,07 ± 0,8 1,9 ± 0,8 0,46 EHRA escore 2,04 ± 0,3 2,1 ± 0,5 0,33 Medicações Estatinas 41 (28) 12 (40) 0,12 Inibidor ECA ou ARA 45 (31) 13 (42) 0,21 Medicamento antiarrítmico 121 (85) 22 (73) 0,44 Valores com ± indicam a média e desvio padrão; IMC: índice de massa corporal; VE: ventrículo esquerdo; AE: átrio esquerdo; HAS: hipertensão arterial sistêmica; DAC: doença arterial coronariana; AVC/AIT: acidente vascular cerebral/ ataque isquêmico transitório; CCS SAF: Canadian Cardiovascular Society Severity of Atrial Fibrillation scale; EHRA: European Heart RhythmAssociation; ECA: Enzima conversora de angiotensina; ARA: Antagonista do receptor de angiotensina 2. Teste t de Student e χ 2 para amostras independentes. * p-valor indica diferença estatisticamente significativa ao nível de 5%. Tabela 2 – Eficácia dos procedimentos e complicações categorizadas por presença de tronco comum esquerdo das veias pulmonares Procedimentos n-TrCE (n = 142) TrCE (n = 30) OR p-valor Recorrência de FA 39 (27) 3 (10) 3.4 0,04* Tempo de seguimento 34 ± 17 26 ± 15 - 0,37 Complicações Pseudoaneurisma 4 (3) 0 (0) - 0,55 Hematoma inguinal 1 (0,7) 0 (0) - 0,86 OR: Odds ratio; NA: não se aplica; Teste t de Student e χ 2 para amostras independentes. * p-valor indica diferença estatisticamente significativa ao nível de 5%. 827

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=