ABC | Volume 111, Nº6, Dezembro 2018

Artigo Original Radaelli et al Estatinas para tratar crianças: uma meta-análise Arq Bras Cardiol. 2018; 111(6):810-821 Tabela 2 – Risco de viés dos estudos selecionados Estudo, ano Geração de sequência adequada Alocação sigilosa a Investigação cega Participante cego Avaliadores de resultados cegos Análise de intenção de tratamento b Descrição de perdas e exclusões Knipscheer et al., 17 1996 Não reportado Incerto Não reportado Não reportado Não reportado Sim Não Stein et al., 21 1999 Não reportado Incerto Não reportado Não reportado Não reportado Sim Sim de Jongh et al., 11 2002 Não reportado Incerto Não reportado Não reportado Não reportado Sim Sim McCrindle et al., 16 2003 Não reportado Incerto Não reportado Não reportado Não reportado Sim Sim Wiegman et al., 18 2004 Sim Incerto Não reportado Não reportado Não reportado Não Sim Clauss et al., 10 2005 Sim Adequado Não reportado Não reportado Não reportado Sim Sim Rodenburg et al., 19 2006 Não reportado Incerto Não reportado Não reportado Não reportado Sim Não Van der Graaf et al. 22 2008 Não reportado Incerto Não reportado Não reportado Não reportado Sim Sim Avis et al., 20 2010 Não reportado Incerto Não reportado Não reportado Não reportado Sim Sim Braamskamp et al., 27 2015 Não reportado Incerto Não reportado Não reportado Não reportado Sim Sim a Alocação sigilosa: Adequado (método de randomização que não permite que cuidadores ou investigadores interfiram ou identifiquem antes da randomização; Incerto (randomização declarada, mas nenhuma informação adicional fornecida). b Análise da intenção de tratamento: a intenção de tratamento e a integralidade do acompanhamento são avaliadas pelos resultados disponíveis no final do estudo. Sim (especificado pelos autores e confirmado por nossa análise), Não (especificado ou não especificado pelos autores, mas nenhuma evidência de intenção de tratamento confirmada por nossa análise). em crianças com FH, as estatinas são eficazes na redução dos níveis de colesterol LDL e CT. A eficácia da redução dos níveis de colesterol LDL e CT com o tratamento com estatinas foi consistente em todos os ECRs analisados. Os efeitos das estatinas sobre outros níveis de lipídios, como colesterol HDL e TG, não são tão consistentes; por isso, os resultados não são extrapolados para toda a população pediátrica. Pacientes sem FH devem focar em mudanças de estilo de vida antes de depender de uma droga que melhore seus níveis de colesterol. Os estudos incluídos tinham elementos essenciais que determinam a qualidade dos estudos e que são importantes para gerar evidências. Estudos controlados randomizados na população pediátrica não são tão comuns quanto em adultos. No entanto, não existe uma metodologia reconhecida que avalie a qualidade dos estudos com crianças. Por isso usamos o formato de ensaio clínico para a população adulta. O perfil de eventos adversos de um agente farmacológico é uma importante preocupação na população pediátrica. Assim, em geral, os dados sugerem que o risco de eventos adversos em crianças tratadas com estatinas é semelhante ao de adultos tratados com estatina, pelo menos a curto prazo. Alguns estudos avaliaram o efeito da terapia com estatina sobre os resultados clínicos, estado hormonal, medidas bioquímicas de crescimento, nutrição e toxicidade hepática ou renal. Para a maioria destes parâmetros, não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos tratamento e placebo. Não há relatos de eventos adversos graves. A elevação das transaminases hepáticas e a creatinofosfoquinase, que são particularmente preocupantes em adultos, não diferiram entre os grupos estudados. As diretrizes atuais para a HF recomendam tratamento farmacológico em indivíduos acometidos com idade entre 8 a 10 anos e, emcriançasmais jovens, apenas comelevação extrema do colesterol LDL e fatores de risco associados, havendo risco de DAC prematura. 30-33 As estatinas podem ser consideradas tratamento de primeira linha em crianças com HFHe e aumento de LDL após mudanças na dieta e estilo de vida. A resposta ao tratamentocomestatinas deve ser avaliada1a3meses após o início da terapia e, depois periodicamente, de acordo comas diretrizes. 34 Crianças tratadas com estatinas também devem ser monitoradas comfrequênciaparaeventos adversos (por exemplo, transaminases hepáticas, creatina quinase, enzimas hepáticas), e as estatinas são contraindicadas durante a gravidez. 34 Há tambémanecessidadede mais estudos para avaliar a segurança para os pacientes pediátricos ao longo de suas vidas. Os resultados para o crescimento e desenvolvimento sexual devem ser considerados em crianças menores de 10 anos. Estudos futuros devem procurar incluir pacientes pediátricos com formas secundárias de dislipidemia e começar a examinar terapia combinada em crianças. No entanto, encontramos algumas limitações nesses estudos. Uma delas é a duração da terapia com estatinas, que variou de 8 a 104 semanas, enquanto na prática clínica os pacientes com HF são submetidos a tratamento com estatina pelo resto de suas vidas, uma vez iniciado. 35 Outra limitação foi terem sido conduzidos apenas com crianças com HF, não tendo sido incluídas crianças com dislipidemia secundária. 35 Também não incluíram informações sobre altas doses de estatinas, como as usadas em adultos. Alémdisso, não há dados de eficácia a longo prazo disponíveis, permanecendo desconhecidos. 815

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