ABC | Volume 111, Nº6, Dezembro 2018

Artigo Original Einwoegerer e Domingueti Cistatina C e evento cardiovascular ou mortalidade Arq Bras Cardiol. 2018; 111(6):796-807 (n = 7)]. 8,15,17,18,20,23,24 O estudo 7 que obteve o menor tamanho amostral ainda incluiu mais de 100 indivíduos, o que pode ser considerado um número significativo se o acompanhamento for realizado por tempo adequado. 39 Cabe ressaltar que este estudo encontrou diferença significativa entre os pacientes que desenvolveram eventos cardiovasculares fatais ou não e aqueles que não desenvolveram estes eventos. Esta revisão sistemática apresentou algumas limitações, como a população estudada, que variou amplamente entre os estudos. Apenas um estudo 24 incluiu indivíduos idosos saudáveis, enquanto que a população dos demais estudos era constituída por pacientes com risco de eventos cardiovasculares, 15 com STEMI e NSTEMI, 7,16 DAC estável, 17,18 SCA, 17 pacientes submetidos a intervenção coronária percutânea, 19 com ICC, 20,21 com ICC que foram submetidos a angiografia coronária, 8 com angina estável e IAM, 22 e com história de IAM que tivesse evidência angiográfica de estenose maior que 50%. 23 Essa variação pode ocasionar viés nos resultados, uma vez que o comprometimento cardiovascular variou entre as populações no início dos estudos, o que pode influenciar nos níveis de cistatina C, já que pacientes com ICC ou IAM poderiam apresentar maiores níveis de cistatina C no início do estudo do que pacientes que apenas apresentam risco de eventos cardiovasculares. 23 Como a maioria dos estudos avaliou uma população com risco de eventos cardiovasculares ou que já possui algum grau de comprometimento cardiovascular, é possível sugerir que a cistatina C consiste em um marcador interessante para avaliação do risco de eventos cardiovasculares ou mortalidade nestes grupos populacionais, podendo complementar os marcadores atualmente disponíveis. Além da variação da população do estudo, o tempo de acompanhamento, classificação dos pacientes e os desfechos também variaram amplamente entre os estudos. O tempo de acompanhamento variou de seis meses a dez anos, sendo que três estudos (25%) 7,16,22 acompanharam os pacientes por um período inferior a 15 meses e quatro estudos (33,33%) 15,18,20,24 acompanharampor umperíodo superior a nove anos. Prevaleceu entre os estudos o acompanhamento durante três a seis anos [41,67% (n = 5)]. 8,17,19,21,23 O tempo de acompanhamento deve ser adequado para o desfecho que se pretende observar, devendo ser maior para a detecção de mortalidade do que de eventos cardiovasculares. O estudo 22 com menor tempo de acompanhamento (seis meses) encontrou níveis maiores de cistatina C dentre os pacientes que desenvolveram eventos cardiovasculares fatais e não fatais em comparação com os pacientes que não desenvolveramestes desfechos, indicando que mesmo este menor tempo de acompanhamento foi suficiente para a detecção de ambos os desfechos e para a observação de uma associação significativa com os níveis de cistatina C. Ambos os estudos incluídos nameta-análise avaliaramo desfecho mortalidade por qualquer causa. Um deles acompanhou os pacientes por três anos e o outro por dez anos, sendo estes tempos adequados para a avaliação do desfecho. A classificação dos pacientes para realização da análise estatística também variou bastante entre os estudos. Apenas cinco estudos (41,66%), 8,17,18,20,23 inclusive os estudos incluídos na meta-análise, classificaram os pacientes de acordo com os quartis de cistatina C, a qual consiste na melhor classificação para se estabelecer um ponto de corte acima do qual o risco de desenvolvimento de eventos cardiovasculares ou mortalidade seria maior. Apesar dessas limitações do estudo, dentre os artigos selecionados nessa revisão sistemática, 11 possuem excelente qualidade metodológica e apenas um possui boa qualidade. Conclusão A revisão sistemática demonstrou que há uma associação significativa entre níveis elevados de cistatina C e o risco de eventos cardiovasculares ou mortalidade em indivíduos com função renal normal. Ameta-análise corroborou este resultado, demonstrando que há uma associação significativa entre níveis elevados de cistatina C e o risco de mortalidade por qualquer causa. Como os indivíduos incluídos nos estudos apresentavam função renal normal, é possível concluir que a associação entre níveis elevados de cistatina C e o risco de eventos cardiovasculares ou mortalidade independe da presença de disfunção renal avaliada por meio da TFG baseada na creatinina sérica. Portanto, a cistatina C é em um marcador bastante interessante para avaliação do risco de eventos cardiovasculares ou mortalidade, especialmente em populações com risco de eventos cardiovasculares ou que já possuem algum grau de comprometimento cardiovascular, podendo complementar os marcadores atualmente disponíveis. Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa, Obtenção de dados, Análise e interpretação dos dados, Análise estatística e Redação do manuscrito: Einwoegerer CF, Domingueti CP; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Domingueti CP. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento Opresente estudo não teve fontes de financiamento externas. Vinculação acadêmica Nãohá vinculaçãodesteestudoaprogramas depós-graduação. Aprovação ética e consentimento informado Este artigo não contém estudos com humanos ou animais realizados por nenhum dos autores. 805

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