ABC | Volume 111, Nº6, Dezembro 2018

Artigo Original Andrade et al Valor Prognóstico da Cintilografia Miocárdica Arq Bras Cardiol. 2018; 111(6):784-793 Tabela 3 – Desfechos de acordo com perfusão Desfechos Normal Anormal com isquemia Anormal sem isquemia Valor de p Pacientes, n 304 193 150 Morte (61) 19 (6,3%) 21 (10,9%) 21 (14%) 0,021 Morte cardiovascular (27) 7 (2,3%) 9 (4,7%) 11 (7,3%) 0,064 Pacientes, n 295 289 245 IAM não fatal (19) 10 (3,4%) 3 (1,5%) 6 (4,1%) 0,855 Revascularização (139) 52 (17,6%) 68 (36%) 19 (13,1%) < 0,001 IAM: infarto agudo do miocárdio. população, o predomínio do sexomasculino e amédia de idade de 66 anos foram comuns às demais publicações e compatível com dados de literatura. 15 Em contrapartida, a prevalência de comorbidades foi bastante variável. O trabalho atual apresentou maior frequência de diabéticos. Além disso, mais da metade dos participantes teve IAM prévio e a prevalência de HAS foi próxima das maiores descritas. 11,14 Tais variações podem ser atribuídas ao emprego de diferentes definições diagnósticas das patologias. Por outro lado, podem refletir a seleção de populações com perfis de gravidade distintos, logo, com aspectos prognósticos também diferentes. Apesar da ausência de informações sobre a ICP prévia, tendo em vista que apenas 11% dos procedimentos foram realizados antes de 2003, momento a partir do qual foram introduzidos stents farmacológicos, e que os exames de CPM foram efetuados em uma clínica privada em pacientes com amplo acesso ao atendimento, incluindo 30% diabéticos, acredita‑se que os stents utilizados nas angioplastias prévias tenham sido quase que em sua totalidade, stents farmacológicos. Nos estudos anteriores, os pacientes foram tratados com angioplastia por balão e implante stent convencional 9-13 com exceção do estudo de Zellweger et al. no qual 69% dos participantes foram abordados com stent farmacológico. 14 Tais achados devem ser levados em consideração na interpretação dos desfechos, visto que sabidamente após o advento dos stents farmacológicos houve queda na incidência de complicações precoces e tardias do procedimento e, consequentemente, na ocorrência de eventos. À despeito de as diretrizes atuais 2,5,16 não indicarem a realização de testes funcionais de rotina, principalmente, no período inferior a 2 anos em pacientes assintomáticos após ICP, no presente estudo, 42% das CPM foram realizadas no intervalo inferior a 2 anos após a revascularização e a realização de exame de controle foi a indicação mais frequente, independente do período. De forma semelhante, Luca et al., 17 em um estudo observacional incluindo 12.380 pacientes submetidos a ICP no Canadá no período de 2004 a 2012 e Shah et al., 18 em estudo incluindo 21046 pacientes submetidos à revascularização percutânea entre 2004 e 2007 nos EUA, observaram que 60% e 61%, respectivamente, realizaram ao menos um teste funcional no período de 2 anos. 17,18 Uma possível justificativa para a avaliação funcional permanecer uma prática clínica frequente entre os assintomáticos após ICP é a carência de informações robustas acerca do tema que definam o correto manejo desses pacientes e o fato de as recomendações vigentes estarem baseadas na opinião de especialistas. 2,5,16 A prevalência de 30% de isquemia entre os pacientes foi superior à encontrada em estudos prévios. Zellweger et al., 14 detectaram isquemia em 19% dos pacientes após 60 meses da ICP e Rajagopal et al., 11 em 23% dos avaliados após 3,9 meses. A exceção foi o trabalho de Galassi et al., 12 que incluiu somente pacientes sabidamente submetidos à revascularização incompleta e conforme esperado, detectaram mais perfusões anormais. Semelhante a estudos prévios, 9,11 a revascularização incompleta como indicação da CPM e a presença de IAM prévio foram considerados preditores independentes de isquemia. Em contrapartida, a presença de DM não foi associada de forma independente à isquemia, como descrito por outros autores. Uma possível explicação, tendo em vista que todos os pacientes são assintomáticos, é a valorização da presença da comorbidade levando à maior indicação de exames. Setenta por cento dos diabéticos desse estudo tiveram como indicação da CPM exame de controle. Tabela 4 – Preditores de mortalidade Características Análise univariada HR (95% CI) Valor de p Análise multivariada HR (95% CI) Valor de p Idade > 70 anos 4,27 (2,40 a 7,60) < 0,001 3,40 (1,85 a 6,24) < 0,001 Hipertensão arterial 2,26 (1,20 a 4,28) 0,010 1,48 (0,73 a 3,00) 0,276 Diabetes melito 3,50 (2,04 a 5,99) < 0,001 2,37 (1,30 a 4,31) 0,004 Indicação CPM: pré-operatório 3,85 (1,88 a 7,90) < 0,001 2,25 (1,02 a 4,98) 0,044 Estresse farmacológico 4,67 (2,56 a 8,50) < 0,001 2,51 (1,35 a 4,67) 0,003 DPT > 6% 2,40 (1,40 a 4,08) 0,001 2,33 (1,31 a 4,12) 0,004 CPM: cintilografia de perfusão miocárdica; DPT: defeito perfusional total. 788

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=