ABC | Volume 111, Nº6, Dezembro 2018

Artigo Original Silva et al Características cardíacas e vasculares em atletas Arq Bras Cardiol. 2018; 111(6):772-781 semelhantes em ambos os grupos ([PG] 14,7±2,3 contra [RG] 15,9 ± 2,5%). Entretanto, o PG teve valores de RVP maiores, quando comparados aos de RG ([PG] 12,6±5,3 contra [RG] 8.2 ± 3,8 mmHg/cm.s -1 , Δ35%) As correlações entre parâmetros de treinamento e variáveis ecocardiográficas e cardiopulmonares no PG são mostrados na Tabela 5. Houve uma correlação direta entre espessura do septo interventricular e carga de peso no levantamento terra, no agachamento e na carga total. Interessantemente, não foi encontrada nenhuma correlação com o tempo de exposição, quer dizer, com a duração, em anos, de treinamento de força entre powerlifters . Os níveis de PAS foram diretamente correlacionados com a intensidade de treino; e a PADmostrou uma correlação mais forte com a duração do treinamento de força. Para corredores, a espessura do septo interventricular e a frequência cardíaca em repouso foram inversamente correlacionadas com o VO 2 máx. e a duração do treinamento de força (Tabela 6). Finalmente as medições da DFM estavam diretamente proporcionais ao treinamento de intensidade (% 1-RM) no PG e a carga de peso ao agachamento (Tabela 7). Para o RG, não foi encontrada nenhuma correlação entre os valores de DFM com variáveis cardiopulmonares e frequência cardíaca em repouso. Além disso, os valores de DFM foram correlacionados com a duração do treinamento de powerlifting (em anos) e duração diária da sessão de treino. Entretanto, essa mesma correlação não foi vista entre corredores. 12 Discussão Nosso estudo descobriu que, comparados aos corredores de longa-distância, os powerlifters mostraram maiores espessura de septo interventricular, espessura de parede posterior e massa de VE. Entretanto, após ajustar à BSA, não foi observada nenhuma diferença quanto à massa do VE. A função cardíaca Figura 1 – Medidas de dilatação fluxo-mediada e resistência vascular periférica. PG: grupo dos powerlifters, RG: grupo dos corredores de longa-distância. As diferenças foram avaliadas por teste t de Student para amostras independentes. p = 0,595 p = 0,014 18 16 14 12 10 8 6 4 2 18 16 14 12 10 8 6 4 2 PG RG PG RG Dilatação fluxo-mediada (%) Resistência vascular periférica (mmHg/cm.s –1 ) era semelhante em powerlifters e corredores. Juntos, esses parâmetros sugerem que pode ocorrer um remodelamento cardíaco específico, como resultado de treinamento, mas sem comprometimento de funções cardíacas. Uma descoberta importante de nosso estudo foi medidas semelhantes de DFM tanto powerlifters , quanto em corredores, apesar de a RVP ser maior em powerlifters . 12 Apesar de nossas descobertas serem comparativas e derivarem de um projeto transversal, elas sugerem que o treinamento de força de alta-intensidade não necessariamente causa mudanças cardiovasculares danosas como se acreditava em geral. Parâmetros cardíacos Quanto aos parâmetros cardíacos (estrutura anatômica e função diastólica e sistólica), as avaliações ecocardiográficas mostraram um aumento na espessura do septo interventricular com pouca ou nenhuma redução de diâmetro do câmber e um pequeno aumento na espessura da parede posterior em powerlifters , comparativamente aos corredores. Tais mudanças podem ser causadas porque powerlifting envolve uma grande quantidade de contrações de baixa-velocidade utilizando cargas altas, próximas da máxima, 13 nas sessões de treino diário, o que leva a sobrecarga de pressão do VE. Quanto aos valores de corte, diversos estudos com atletas de alto-desempenho têm usado para determinar hipertrofia patológica os valores de corte de 12-13 mm para espessura de septo interventricular máxima e 55-60 mm para dimensão diastólica final, conforme descrito abaixo. Whyte (2004) examinou 306 atletas britânicos de elite do sexo masculino (judô, n = 22; esqui, n = 10; salto com vara, n = 10; caiaque, n = 11; remo, n = 17; ciclismo, n = 11; powerlifters , n = 29; triatlo, n = 51; pentatlo moderno, n = 22; corrida de média‑distância, n = 45; rúgbi, n = 30; tênis, n = 33; natação, n = 19) e encontrou espessura de septo interventricular de >13mm em~3,0% deles. Riding (2012) examinou 836 atletas (futebol, n = 586; basquete, n = 75; vôlei, n = 41 e handball, 777

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