ABC | Volume 111, Nº5, Novembro 2018

Artigo Original Lima et al Treinamento intervalado de alta intensidade e insuficiência cardíaca Arq Bras Cardiol. 2018; 111(5):699-707 Teste cardiopulmonar do exercício O teste foi realizado em esteira rolante (General Electric T-2100, GE Healthcare, Waukesha, EUA) e a análise dos gases expirados respiração-a-respiração foi realizada utilizando-se um sistema Cortex Metalyzer 3B (Cortex Medical, Leipzig, Alemanha). A frequência cardíaca foi monitorada com um eletrocardiógrafo de 12 derivações (Nihon Kohden Corporation, Tóquio, Japão), com colocação de eletrodos como descrito por Mason e Likar. 27 A PA foi medida com um esfigmomanômetro (PA 2001, PA MED, São Paulo, Brasil) a cada 3 minutos durante o teste, e adicionalmente a critério do médico. Todos os testes foram realizados no período da manhã, com temperatura ambiente entre 18 e 22°C e umidade relativa em torno de 60%, e sempre pelo mesmo pesquisador (ADS), cardiologista com experiência em Teste cardiopulmonar do exercício, certificado pelo Departamento de Ergometria, Exercício e Reabilitação Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia. Um protocolo de rampa individualizado foi usado como descrito em estudo prévio. 28 Os testes foram considerados máximos quando o quociente respiratório (R) era igual ou maior que 1,10. Pressão arterial A PA foi medida com um dispositivo digital (G-Tech MA100, Shenzen, China) em quatro momentos diferentes: 1) pré-avaliação da função endotelial (depois de 15 minutos em repouso); 2) imediatamente antes da sessão de HIIT; 3) 5 minutos após a sessão de HIIT; 4) 30 minutos após a sessão de HIIT. Função endotelial Os pacientes foram instruídos a não realizar qualquer tipo de exercício, não fumar, e a não consumir cafeína ou álcool por 24 horas antes da avaliação. A avaliação foi feita após 15 minutos de descanso em uma sala com temperatura entre 18 e 22°C. Os pacientes estavam em decúbito dorsal, com o braço esquerdo posicionado confortavelmente. As medidas não invasivas da função endotelial foram realizadas com o sistema bidimensional Philips EnVisor Ultrasound (Philips, EUA) com um módulo de eletrocardiograma e um transdutor vascular de alta frequência (7-12 MHz). Uma imagem da artéria braquial foi obtida a 2-5 cm da fossa antecubital em um plano longitudinal. O diâmetro da artéria foi medido manualmente a partir da camada íntima anterior e posterior. A inspeção visual de quadros isolados foi realizada, e os marcadores foram colocados em pontos discretos ao longo da imagem em modo B, quando as médias foram calculadas. Após a medição basal do diâmetro da artéria braquial, um esfigmomanômetro foi inflado no antebraço esquerdo do paciente 50 mmHg acima da PA sistólica, permanecendo por 5 minutos. Sessenta segundos após a desinsuflação do manguito do esfigmomanômetro, uma nova imagem foi registrada sincronizada com a onda R do eletrocardiograma para identificação do diâmetro da artéria, possibilitando a mensuração da DFM. Após 15 minutos (para normalização), o diâmetro da artéria foi medido novamente. Em seguida, administrou‑se sublingualmente uma dose (0,4 mg) de nitroglicerina em spray. Após 5 minutos, outra imagem foi gravada para medir a dilatação independente do endotélio. Esses dados foram coletados antes do exercício e 30 minutos após a sessão de HIIT. A DFM foi expressa como a mudança relativa no diâmetro da artéria braquial como segue: [(diâmetro pós-hiperemia - diâmetro basal) / diâmetro basal] × 100. Protocolo de treinamento intervalado de alta intensidade A sessão de HIIT foi realizada em esteira rolante de acordo com o protocolo recomendado pela European Society of Cardiology (ESC). 15 A sessão começou com um aquecimento de 8 minutos com intensidade moderada, seguido de quatro blocos de 4 minutos cada, a 85-95% da frequência cardíaca máxima, 15 a 17 na classificação de Borg de escala de esforço percebido, 29 alternando com 3 minutos com a 60-70% da frequência cardíaca máxima, 11 a 13 na escala de Borg. O treinamento terminou com 3 minutos de desaquecimento com intensidade moderada, totalizando 36 minutos. A zona alvo da frequência cardíaca estipulada para cada bloco se baseou na frequência cardíaca máxima atingida no teste cardiopulmonar do exercício, e que foi continuamente medida durante o treinamento através de monitorização eletrocardiográfica de 12 derivações (Nihon Kohden Corporation, Tóquio, Japão). Análise estatística Os dados foram analisados no programa SPSS, versão 20.0. As variáveis categóricas são descritas como frequências absolutas e porcentagens. As variáveis contínuas com distribuição normal são descritas como médias e desvios padrão. A única variável sem distribuição normal (VE/VCO 2 slope) foi descrita como mediana e intervalo interquartil. Após o cumprimento das suposições de normalidade, o teste t de Student para amostras pareadas foi utilizado para comparar as médias das variáveis de função endotelial (diâmetro da artéria braquial, DFM, e dilatação independente do endotélio) pré e pós-exercício. Equações de estimativas generalizadas (GEE) foram usadas para comparar a média da pressão arterial e a frequência cardíaca entre quatro momentos diferentes durante o experimento. Em todas as análises, p < 0,05 foi considerado estatisticamente significativo. Resultados Inicialmente, dezenove pacientes foram incluídos no estudo. Após a primeira avaliação, dois pacientes que não completaram o teste cardiopulmonar do exercício, e um que tinha uma condição médica limitante, foram excluídos, como mostrado na Figura 1. A Tabela 1 mostra as características demográficas, antropométricas e clínicas da amostra. Todos os pacientes apresentaram fração de ejeção normal, redução do volume diastólico final do ventrículo esquerdo e aumento da pressão de enchimento, como mostrado na tabela 2. Entretanto, oito pacientes apresentaram 15 > E/e' > 8. Nestes últimos, pelo menos outro critério diagnóstico 701

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