ABC | Volume 111, Nº5, Novembro 2018

Artigo Original Albertini et al Papel da venografia pré-operatória em reoperações Arq Bras Cardiol. 2018; 111(5):686-696 foram as regiões mais acometidas por lesões significativas (Tabela 3). Não foram identificadas lesões significativas na veia cava superior. Indicação para o procedimento cirúrgico O principal motivo para a realização do procedimento cirúrgico foi a disfunção de cabos-eletrodos para 71 pacientes. Mudança do modo de estimulação foi a causa da reoperação em 25 casos. Em apenas 4 pacientes a operação foi motivada exclusivamente pela necessidade de remover cabos‑eletrodos. (Tabela 4) Remoção de cabo-eletrodo foi realizada em 52 pacientes. Extração transvenosa com dilatadores mecânicos ou energizados foi realizada em 36 pacientes, enquanto que remoção pela simples tração do cabo-eletrodo foi realizada em apenas 16 casos. Ao final da operação, apenas 4 pacientes permaneceram sem nenhum cabo-eletrodo transvenoso implantado, sendo que a maioria (90%) dos casos ficou com dois ou três cabos no território venoso. Utilidade da venografia para a definição do planejamento cirúrgico Houve concordância entre a estratégia cirúrgica estabelecida pela análise da venografia por subtração digital e o procedimento cirúrgico realizado em 99 dos 100 pacientes operados. A falta de concordância, que ocorreu em um único paciente, foi decorrente de erro na classificação do grau de uma lesão na veia subclávia direita, que foi considerada moderada no pré-operatório e que, durante a operação, verificou-se tratar de uma lesão sub-oclusiva. (Tabela 5) Em todos os casos estudados, o planejamento cirúrgico foi embasado pelos achados da venografia pré-operatória. Dentre os 53 sem lesão significativa, optou-se simplesmente pelo implante de novos cabos-eletrodos sem a remoção de cabos antigos em 28 casos, e pelo implante de novos cabos associado à remoção de cabos antigos, para evitar superpopulação, em 22 casos. Houve remoção completa do sistema nos outros 3 casos. No sentido contrário, dos 23 casos em que foi diagnosticada estenose moderada, optou-se pelo implante dos novos cabos associado à extração de cabos antigos em 14 casos, enquanto que a opção de implante de novos cabos com a manutenção dos cabos antigos foi adotada em apenas 9. Nos 24 casos em que havia necessidade de implante de novo cabo-eletrodo e onde foi diagnosticada estenose grave ou oclusão venosa, o achado da venografia demonstrou que em 13 casos, a veia jugular interna e o tronco braquiocefálico ipsilaterais do implante estavam livres de obstruções. Destes 13 casos, em apenas 2, por serem pacientes jovens, foi programado procedimento de extração transvenosa, para evitar superpopulação de cabos-eletrodos. Dos 11 casos em que não foi realizada extração, a veia jugular interna foi a via de acesso utilizada em 5 deles. Nos outros 5 casos, foi possível ultrapassar a lesão da veia subclávia com o auxílio de guias hidrofílicos 0,14”. Dos 8 casos em que a veia jugular interna não era utilizável como via de acesso, pela existência de obstrução do tronco braquiocefálico venoso ipsilateral, em apenas 1 caso a equipe médica optou por realizar novo implante contralateral. Nos demais (7 casos) a opção para obtenção de via de acesso foi a extração transvenosa. Remoção de cabo-eletrodo sem o implante de novos cabos foi realizada em apenas 4 casos: em 3, para tratamento de infecção relacionada ao dispositivo, e em 1 caso para a retirada de cabo-eletrodo ventricular disfuncional que estava gerando ruído em um CDI. Neste último, a venografia mostrava oclusão venosa. Fatores Prognósticos para a ocorrência de alterações venográficas Apesar da elevada taxa de aparecimento de desfechos venográficos nos pacientes estudados, não foi possível identificar variável demográfica, clínica, ou do sistema de estimulação implantado previamente, que pudesse estar relacionada ao Tabela 1 – Características demográficas e clínicas dos participantes da pesquisa Características Demográficas e Clínicas Basais Gênero masculino, n (%) 48% Idade (anos), média ± DP 58,5 ± 15,1 Raça branca, n (%) 82% Índice de massa corpórea, média ± DP 25,7 ± 3,2 Classe Funcional (NYHA), n (%) I 40% II 37% III 23% Doença cardíaca estrutural, n (%) Nenhuma 39% Doença de Chagas 23% Cardiopatia isquêmica 8% Cardiopatia não-isquêmica 24% Outra 6% Comorbidades associadas Nenhuma 20% Hipertensão arterial sistêmica 62% Diabetes 17% Dislipidemia 33% Doença arterial coronariana 9% Valvopatia 7% Tabagismo (atual) 1% Tabagismo (prévio) 9% Medicamentos em uso, n (%) Antiplaquetários 33% Anticoagulantes orais 12% Estatinas 39% Fração de ejeção do ventrículo esquerdo (%) média ± DP 53,4 ± 15,5 DP: desvio padrão; NYHA: New York Heart Association. 690

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