ABC | Volume 111, Nº5, Novembro 2018

Artigo Original Serpytis et al Ansiedade e depressão após infarto do miocárdio Arq Bras Cardiol. 2018; 111(5):676-683 Tabela 4 – Fatores de risco cardiovascular e escore da Hospital Anxiety and Depression Scale Fatores de risco HADS-A HADS-D Mediana (intervalo interquartil) Mediana (intervalo interquartil) Homens Mulheres Homens Mulheres Fumante atual Sim 10 (7,5 – 14) 9 (7,25 – 13) 5 (2 – 11,5) 6 (4 – 11,75) Não 6,5 (3 – 9) 8 (5 – 10) 6 (4 – 10) 8 (7 – 11) Valor de p 0,002* 0,311 0,473 0,439 Inatividade física Sim 7,5 (4 – 11) 7 (5 – 10,75) 7,5 (5 – 12) 9 (7,25 – 11,75) Não 7 (3 – 10) 8 (6 – 10) 4 (3 – 8) 8 (4 – 10) Valor de p 0,286 0,364 0,002* 0,027* Diabetes mellitus Sim 7 (4 – 9) 8 (6 – 11) 10 (5 – 11) 9 (7 – 13) Não 7 (3 – 11) 8 (5 – 10) 5 (3 – 9,75) 8 (5,75 – 10,25) Valor de p 0,943 0,537 0,043* 0,283 Hipertensão Sim 7 (4 – 10) 8 (5,5 – 10,5) 6 (3 – 10) 8 (6,5 – 11) Não 6 (2,75 – 10,75) N/A 8 (4,75 – 10,25) N/A Valor de p 0,756 N/A 0,287 N/A Hipercolesterolemia Sim 7 (4 – 9) 8 (6 – 12) 6,5 (4 – 10) 9 (7 – 12) Não 8 (3,5 – 12,5) 6,5 (4 – 8) 6 (3 – 10,5) 7 (4 – 8,75) Valor de p 0,2 0,02* 0,859 0,015* *Valores de p significativos. HADS: Hospital Anxiety and Depression Scale; HADS-A: Hospital Anxiety and Depression Scale-Anxiety; HADS-D: Hospital Anxiety and Depression Scale-Depression. é semelhante à dos homens. 15 A alta prevalência de distúrbios emocionais que observamos pode ser explicada, em parte, pelo fato de que somente avaliamos os pacientes com uma condição mais grave, isto é, IM. Um estudo semelhante que também utilizou a escala HADS, mas avaliou pacientes dermatológicos na mesma região (cidade de Vilnius, Lituânia), encontrou uma prevalência de distúrbios mentais maior do que em outros estudos comparáveis, porém menor do que aquela que observamos em nosso estudo. 16 Outra explicação possível para a alta prevalência pode ser o fato de que os problemas de saúde mental na Lituânia são particularmente disseminados, como demonstrado pelas altas taxas de suicídio, entre as maiores em todo o mundo. 17 É particularmente importante notar que o escore da HADS-D foi notavelmente maior entre as mulheres. Embora não tenhamos avaliado o impacto da depressão nos desfechos dos pacientes, é entretanto necessário enfatizar a influência preditiva dos sintomas depressivos na síndrome coronariana aguda [SCA]. Uma meta-análise de 22 artigos realizada por Van Melle et al., 18 concluiu que a depressão está associada a um aumento de duas vezes na taxa de mortalidade após o IM. Além disso, a depressão está associada a piores resultados em longo prazo após o IM. Por exemplo, foi determinado que o estresse moderado ou alto no momento do IM está associado a um aumento da mortalidade em dois anos e um aumento do risco de angina no primeiro ano. 19 Bush et al., 20 estudaram prospectivamente pacientes com IM que sobreviveram até a alta hospitalar, e estabeleceram que as maiores taxas de mortalidade foram observadas em pacientes com sintomas depressivos mais graves. Além disso, o estudo ENRICHD 21 também concluiu que a depressão aumenta o risco de mortalidade por todas as causas por 30 meses, mesmo após o ajuste dos fatores de confusão. Após extensa revisão de 53 estudos e quatro meta‑análises, a American Heart Association [AHA] declarou que a depressão é um fator de risco individual para eventos médicos adversos em pacientes com síndrome coronariana aguda. 21 A depressão é um importante fator de risco que deve ser levado em consideração não apenas após a SCA, mas também antes da DAC. Os resultados de uma meta‑análise de 11 estudos de coorte realizada por Rugulies et al., 11 apoiam essa afirmação, uma vez que eles concluíram que a depressão clínica era um forte preditor do desenvolvimento de doença coronariana em uma população inicialmente saudável. Além disso, outro estudo demonstrou que a depressão foi um preditor mais forte de doença coronariana, especialmente em mulheres (p = 0,002). 22 Nosso estudo revelou que as mulheres tinham um risco bastante elevado de apresentar distúrbio de ansiedade. Deve-se ressaltar que a significância prognóstica da ansiedade suscita discussões, uma vez que alguns estudos sugerem que os sintomas de ansiedade pós-infarto não constituem um fator de risco prognóstico independente para novos eventos cardiovasculares ou morte. 23 Além disso, segundo Hosseini et al., 24 a ansiedade não prediz a qualidade de vida em longo prazo dos sobreviventes de IM. De qualquer forma, acreditamos que a ansiedade pós-IM deve ser levada em consideração na prática clínica, já que foi demonstrado que não apenas a depressão, mas também a ansiedade pré‑miocárdica nas duas horas precedentes aumentam as taxas 680

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