ABC | Volume 111, Nº5, Novembro 2018

Artigo Original Serpytis et al Ansiedade e depressão após infarto do miocárdio Arq Bras Cardiol. 2018; 111(5):676-683 Tabela 2 – Prevalência de ansiedade e depressão com base no sexo e gravidade Gravidade da ansiedade/ depressão Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão Subescala de ansiedade Subescala de depressão Total Homens Mulheres Valor de p Total Homens Mulheres Valor de p n % n % n % n % n % n % Sem distúrbio 82 51,3 61 60,4 21 35,6 0,002* 80 50 53 52,5 27 45,8 0,413 Distúrbio leve 39 24,4 18 17,8 21 35,6 0,012* 43 26,9 25 24,8 18 30,5 0,428 Distúrbio moderado 30 18,8 16 15,8 14 23,7 0,217 27 16,9 17 16,8 10 16,9 0,985 Distúrbio grave 9 5,6 6 5,9 3 5,1 0,821 10 6,3 6 5,9 4 6,8 0,832 Total 82 51,3 61 60,4 21 35,6 0,002* 80 50 53 52,5 27 45,8 0,413 *Valores de p significativos (entre homens and mulheres, χ 2 ). depressão significativamente maior comparada aos pacientes não diabéticos (10, IIQ 5 – 11 vs. 5, IIQ 3 – 9,75, p = 0,043). Em contraste, pacientes do sexo feminino não mostraram qualquer associação significativa entre diabetes mellitus e distúrbios emocionais. A hipercolesterolemia foi associada com mediana da ansiedade mais alta (8, IIQ 6 – 12 vs. 6,5, IIQ – 4 –8, p = 0,02) e depressão (9, IIQ 7 – 12 vs. 7, IIQ 4 – 8,75, p = 0,015) nas mulheres, enquanto os homens não demonstraram qualquer associação entre os fatores já mencionados (Tabela 4). Além disso, estabeleceu-se que a hipertensão arterial e o índice de massa corporal não estavam de maneira alguma associados à ansiedade ou à depressão. A avaliação do tabagismo dos pacientes revelou que 15,6% dos entrevistados eram fumantes diários (Tabela 3). O tabagismo foi mais prevalente em homens do que nas mulheres (20,8% vs. 6,8%, p = 0,019). Além disso, foi identificado um escore HADS-A maior em pacientes do sexo masculino que eram fumantes (10, IIQ 7.5 – 14) vs. 6.5, IIQ 3 – 9, p = 0.002), enquanto o escore HADS-A não diferiu entre as mulheres, fumantes ou não-fumantes. (p=0,311). Da mesma forma, não houve diferença estatisticamente significativa nos escores da subescala HADS-D entre pacientes fumantes e não-fumantes. A análise dos hábitos de exercício mostrou que o grupo de pacientes que não se exercitava tinha uma mediana do escore de HADS-D mais alta do que o grupo que se exercitava (9, IIQ 6 – 12 vs. 5, IIQ 3 – 9, p < 0,001). De forma similar, a análise baseada no sexo revelou medianas dos escores de HADS-D significativamente mais elevadas em pacientes do sexo masculino (7,5, IIQ 5 – 12 vs. 4, IIQ 3 – 8, p = 0,002) e do sexo feminino (9, IIQ 7,25 – 11,75 vs. 8, IIQ 4 – 10, p = 0,027) que eram hipodinâmicos. Por outro lado, a mediana do escore de HADS-A não diferiu significativamente entre mulheres e homens que se exercitavam e os que não se exercitavam (p = 0,676) (Tabela 4). Discussão Este estudo avaliou as diferenças entre os sexos nas associações dos distúrbios emocionais com infarto domiocárdio que ocorreram menos de um mês antes da avaliação inicial. Nossa investigação mostrou que 71,4% dos pacientes do sexo feminino e 60,4% dos pacientes do sexo masculino apresentavam algum tipo de distúrbio de saúde mental/ emocional após terem sido diagnosticados com infarto do miocárdio. Posteriormente, observamos um risco elevado de distúrbios emocionais concomitantes emmulheres, comparadas aos homens (p = 0,006). Da mesma forma, uma diferença associada ao sexo foi demonstrada por Carvalho et al., que utilizaram a mesma escala HADS e encontraram sintomas de depressão em 17,5% dos pacientes adultos com doença cardiovascular e sintomas de ansiedade em 32,5%, e entre estes, a maior prevalência de distúrbios mentais também foi associada ao sexo feminino (ansiedade: p = 0,002; depressão: p = 0,022). 13 Embora a incidência de depressão em mulheres na sociedade seja quase o dobro da masculina, 14 é de suma importância ressaltar que essa discrepância entre os sexos na sociedade é provavelmente irrelevante para nosso estudo, pois a idade média das mulheres em nosso estudo foi de 70 anos e a incidência de depressão em mulheres após a menopausa (quando os hormônios reprodutivos se estabilizam) Tabela 3 – Características dos fatores de risco cardiovascular distribuídos por sexo Fatores de risco Homens Mulheres Valor de p n = 101 % n = 59 % Fumante atual 21 20,8 4 6,8 0,019* Inatividade física 49 48,5 27 45,8 0,737 Diabetes mellitus 21 20,8 21 35,6 0,040* Hipertensão 87 86,1 57 96,6 0,033* Hipercolesterolemia 52 51,5 39 66,1 0,072 * Valores de p significativos (entre homens and mulheres, χ 2 ). 679

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