ABC | Volume 111, Nº5, Novembro 2018

Artigo Original Serpytis et al Ansiedade e depressão após infarto do miocárdio Arq Bras Cardiol. 2018; 111(5):676-683 Tabela 1 – Apresentação do distúrbio emocional entre os sexos Distúrbio emocional Homens Mulheres χ 2 or β valor de p Qualquer distúrbio emocional Prevalência n = 61 60,4% n = 48 81,4% χ 2 = 7,54 0,006* Odds ratio 1 2,861 (1,33 – 6,16) β = 1,05 0,007* Distúrbio de ansiedade Prevalência n = 40 39,6% n = 38 64,4% χ 2 = 9.17 0,002* Odds ratio 1 2,760 (1,42 – 5,37) β = 1,02 0,003* Distúrbio de depressão Prevalência n = 48 47,5% n = 32 54,2% χ 2 = 0.67 0,413 Odds ratio 1 0,764 (0,4 – 1,46) β = 0,269 0,413 Distúrbios de depressão e ansiedade Prevalência n = 27 26,7% n = 22 37,3% χ 2 = 1.95 0,162 Odds ratio 1 1,630 (0,82 – 3,24) β = 0,49 0,164 *Valores de p significativos. Odds ratio mostrados como odds ratio (intervalo de confiança 95%). Resultados Dos 180 pacientes recrutados para o estudo, um total de 160 preencheram os critérios de inclusão (88,8%) e foram avaliados. Um total de 101 pacientes (63,1%) eram do sexo masculino e 59 (36,9%) do sexo feminino. A média de idade dos pacientes do sexo feminino foi de 69,9 anos, enquanto a média de idade do sexo masculino foi significativamente menor, 62,3 anos (p < 0,001). A paciente do sexo feminino mais jovem tinha 33 anos e a mais velha, 92 anos de idade. De maneira similar, o paciente masculino mais jovem tinha 26 anos e o mais velho, 85 anos de idade. A faixa etária geral de 59 anos foi idêntica para ambos os sexos. Com base nos dados acumulados, determinou-se que 71,4% das mulheres e 60,4% dos homens entrevistados (68,1% de todos os entrevistados) apresentavam uma sintomatologia concomitante de ansiedade e/ou depressão (Tabela 1). Regressões logísticas foram utilizadas para avaliar as diferenças em relação ao risco de cada distúrbio psiquiátrico de acordo com o sexo do paciente. Considerando os homens como o ponto de referência, as mulheres apresentaram um risco mais elevado de apresentar algum tipo de distúrbio psiquiátrico (odds ratio, 2,86, p = 0,007) (Tabela 1). O escore médio da subescala HADS-D em todos os pacientes foi de 7,54 ± 4,322. É particularmente importante ressaltar que o escore da HADS-D foi notavelmente maior nas mulheres (8,66 ± 3,717) do que nos homens (6,87 ± 4,531, p = 0,004). Cerca de 54,2% dos pacientes do sexo feminino e 47,5% do sexo masculino apresentaram distúrbio depressivo, sendo leve em 30,5% das mulheres, moderado em 16,9% e grave em 6,8%, enquanto as respectivas porcentagens para os homens foram leve em 24,8% dos indivíduos, moderado em 16,8% e grave em 5,9% (Tabela 2). Observa-se que a distribuição dos níveis acima mencionados de gravidade da sintomatologia de depressão não diferiu estatisticamente entre os sexos (p = 0,841). A análise do escore da subescala HADS-A revelou que a pontuação média dessa subescala em todos os pacientes foi de 7,59 ± 4,335, e que as mulheres apresentaram um escore médio maior, de 8,2 ± 3,938, enquanto o escore médio nos homens foi de 7,18 ± 4,532 (p = 0,142). Dos entrevistados, 64,4% das mulheres e 39,6% dos homens apresentaram sintomas de ansiedade (sintomas leves em 35,6% das mulheres, moderados em 23,7% e graves em 5,1%, enquanto para os homens os sintomas foram leves em 17,8%, moderados em 15,8% e graves em 5,9% dos indivíduos) (Tabela 2). De acordo comos dados do grau de gravidade da ansiedade, a prevalência de ansiedade foi consideravelmente maior entre as mulheres (p = 0,014), sendo essa diferença mais significativa no grupo de ansiedade leve (p = 0,012). A análise de regressão logística demonstrou que as mulheres apresentavam um risco elevado para o distúrbio de ansiedade, com OR de 2,76 (Tabela 2). Não houve relação significativa entre a idade do paciente e a gravidade da ansiedade. No entanto, uma correlação positiva fraca significativa foi encontrada entre a idade do paciente e a gravidade da depressão (p = 0,233, p = 0,003). Além disso, determinou-se que os pacientes do sexo masculino que desenvolveram depressão eram emmédia mais jovens do que aqueles sem depressão, com média de idade de 58 anos e 66 anos, respectivamente (p = 0,005). A idade com maior risco para desenvolver depressão foi entre 55 e 62 anos de idade para os homens, enquanto 95% das mulheres que desenvolveram depressão tinham entre 66 e 75 anos de idade. Uma análise subsequente baseada no sexo mostrou que houve uma correlação positiva fraca significativa entre a idade do paciente e a gravidade da depressão (p = 0,212, p = 0,033) e uma correlação negativa fraca entre a idade do paciente e a gravidade da ansiedade (p = -0,278, p = 0,005). Por outro lado, a análise dos dados das mulheres não demonstrou qualquer relação estatística, demonstrando que a depressão e a gravidade da ansiedade são semelhantes para as mulheres de todas as idades após o IM. (Tabela 3) A análise do fator de risco cardiovascular demonstrou uma associação entre diabetes mellitus e o escore da HADS-D entre homens, que obtiveram uma mediana do escore de 678

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