ABC | Volume 111, Nº4, Outubro 2018

Artigo Original Borges et al O manejo inadequado de antiagregantes plaquetários Arq Bras Cardiol. 2018; 111(4):596-604 Entretanto, neste sentido, em pesquisa realizada nos Estados Unidos, seus resultados sugerem fortemente que o nível de escolaridade pode afetar o risco de um indivíduo desenvolver DCV independentemente de fatores de risco cardiovascular definidos, ou seja, pessoas com menos de 12 anos de escolaridade apresentaram significativamente maior risco de IAM fatal do que aqueles com 12 ou mais anos de educação. 35 Assim como outros autores, entendemos que o maior nível de escolaridade propicia ao paciente melhor entendimento das orientações médicas quanto ao manejo dos medicamentos e seu estado de saúde, bem como maior acesso às informações, 36 considerando-se que hoje os pacientes preferem cada vez mais participar da tomada de decisão com seus médicos. 37 Quanto aos pacientes que já tiveramepisódio de IAMe estão no grupo commaior concordância da terapia do antiagregante plaquetário no perioperatório, entende-se que os cirurgiões e médicos responsáveis pelo manejo destes medicamentos buscam evitar o reinfarto, e então orientam os pacientes a não suspenderem o AAS ou Clopidogrel no pré-operatório de cirurgias não cardíacas, assim seguindo o que é determinado pelas diretrizes e defendido por outros autores. 15,24,25,27,38 O presente estudo apresenta algumas limitações, pois as informações obtidas quanto ao manejo da terapia antiplaquetária foram fornecidas pelos próprios pacientes, ou por seus acompanhantes, que em algumas situações revelaram que havia discordância de opinião entre o cirurgião e o cardiologista, ou entre o cirurgião e o anestesista, por exemplo, o que levava os próprios pacientes, ou seus acompanhantes, a decidir quais orientações deveriam ser seguidas. Além disto, as respostas foram anotadas nos relatos deles, não havendo confirmação pelos médicos a respeito das informações obtidas. Adicionalmente, o estudo se limita a avaliar simultaneamente os dois tipos procedimentos de revascularização (angioplastia e revascularização coronariana) quanto ao manejo de antiagregantes plaquetários, e também se limita a não avaliar o impacto clínico da terapia de antiagregação plaquetária posterior ao período pré-operatório. Sugerimos, portanto, que estudos futuros contemplem essa abordagem prospectiva para dimensionar a ocorrências de eventos adversos trombóticos ou hemorrágicos durante ou após a cirurgia. Conclusão Os cirurgiões gerais representam o grupo de médicos que menos segue as diretrizes para manejo de antiagregantes plaquetários em perioperatório de cirurgias não cardíacas. Entende-se que as divergências nas condutas reforçam a necessidade de definir protocolos internos, de divulgar as diretrizes e de educação continuada para garantir a segurança do paciente. Alémdisto, concluiu-se que os pacientes comnível superior de escolaridade, ou história prévia de IAM, apresentam maior concordância com as diretrizes de cardiologia, ou seja, os pacientes que não possuem nível superior de escolaridade precisam de maior acompanhamento quanto a manejo da terapia medicamentosa, bem como mais acesso às informações sobre seu estado de saúde. Entretanto, o receio da possibilidade de um novo infarto no paciente leva os médicos a não hesitarem em não suspender o antiagregante plaquetário nos procedimentos cirúrgicos não cardíacos quando estes não são neurocirurgias, nem ressecção transuretral de próstata. Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa: Borges JMDM, Almeida PA, Nascimento MMG, Barreto Filho JAS, Rosa MB, Sousa ACS; Obtenção de dados: Borges JMDM, Almeida PA, Nascimento MMG; Análise e interpretação dos dados: Borges JMDM, Barreto Filho JAS, Rosa MB, Sousa ACS; Análise estatística: Borges JMDM, NascimentoMMG, Barreto Filho JAS, Sousa ACS; Obtenção de financiamento: Borges JMDM, Sousa ACS; Redação domanuscrito: Borges JMDM, Nascimento MMG, Rosa MB, Sousa ACS; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Borges JMDM, Nascimento MMG, Barreto Filho JAS, Rosa MB, Sousa ACS. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento O presente estudo foi financiado pela FAPITEC. Vinculação acadêmica Este artigo é parte de tese de Doutorado de Juliana Maria Dantas Mendonça Borges pelo Núcleo de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal de Sergipe. Aprovação ética e consentimento informado Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de Sergipe sob o número de protocolo 33899914.2.0000.5546. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes incluídos no estudo. 602

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