ABC | Volume 111, Nº4, Outubro 2018

Minieditorial Arq Bras Cardiol. 2018; 111(4):594-595 Oliveira Fase pré-hospitalar no IAMCST Estudo recente sugere que a maior mortalidade relacionada ao sexo feminino, por atraso no tratamento pré-hospitalar, poderia ser devido ao fato de que as mulheres seriam mais vulneráveis a isquemia prolongada não tratada. 10 Nesse estudo os maiores atrasos foram relacionados com os sistemas de saúde. Os autores ressaltam que a mortalidade foi ainda maior para os que chegaram ao hospital com mais de 12 horas, não sendo submetidos a nenhuma terapia de reperfusão. No estudo de Rodrigues et al., 9 esses pacientes foram excluídos não sendo possível comparação. 9 Diferenças culturais em relação a atitude a ser tomada frente aos sintomas de IAM são igualmente fatores relevantes dependentes dos pacientes. Estudo recente realizado no Japão demonstrou que homens mais velhos, com baixa escolaridade e baixa autoconfiança em sua compreensão do que estava lhes acontecendo poderiam retardar sua procura por atendimento médico. 11 Esses fatores relacionados ao paciente também não foram abordados no estudo de Rodrigues et al. 9 É importante ressaltar que os achados do estudo realizado por Rodrigues et al. derivam de um único centro com condições que pouco se reproduzem em nosso país, demonstrando que a disponibilidade de terapia de reperfusão mecânica em todos os horários da semana não bastaram para diminuir a mortalidade em 30 dias por IAM, em torno de 10%, nos pacientes que chegaram ao hospital com mais de 6 horas do início dos sintomas. Essa é uma conclusão adicional aos dados apresentados pelos autores. Portanto, é preciso investir não só na disponibilização de reperfusão mecânica de excelência, mas também na igualdade de acesso aos sistemas de saúde, quer melhorando o nível socioeconômico e cultural da população, quer implementado terapia fibrinolítica próxima ao local onde o paciente se encontra no início dos sintomas, ou ainda no transporte pré-hospitalar. Assim, conseguiremos igualar as taxas de mortalidade descritas nos ensaios clínicos das diretrizes com aquelas observadas em nossa prática clínica. 1. Villela PB, Klein CH, Oliveira GMM. Evolução daMortalidade por Doenças Cerebrovasculares e Hipertensivas no Brasil entre 1980 e 2012. Arq Bras Cardiol. 2016; 107(1):26-32. 2. Piegas LS, Timerman A, Feitosa GS, Nicolau JC, Mattos LAP, Andrade MD, et al., Sociedade Brasileira de Cardiologia. V Diretriz sobre tratamento do infarto agudo do miocardio com supradesnivel do segmento ST. Arq Bras Cardiol. 2015; 105(2):1-105. 3. Ibanez B, James S, Agewall S, Antunes MJ, Bucciarelli-Ducci C, Bueno H, et al. ESC Scientific Document Group; 2017 ESC Guidelines for the management of acute myocardial infarction in patients presenting with ST- segment elevation: The Task Force for themanagement of acutemyocardial infarction in patients presenting with ST-segment elevation of the European Society of Cardiology (ESC). Eur Heart J. 2018; 39(2):119-77. 4. Nascimento BR, Brant LCC, Oliveira GMM, Malachias MVB, Reis GMA, Teixeira RA, et al. Cardiovascular disease epidemiology in portuguese- speaking countries: data from the Global Burden of Disease, 1990 to 2016. Arq Bras Cardiol. 2018; 110(6):500-11. 5. Sederholm LS, Isaksson RM, Ericsson M, Ängerud K, Thylén I, On behalf of the SymTime Study Group. Gender disparities in first medical contact and delay in ST-elevation myocardial infarction: a prospective multicentre Swedish survey study. BMJ Open. 2018;8(5): e020211. 6. Nguyen HL, Saczynski JS, Gore JM, Goldberg RJ. Age and sex differences in duration of pre-hospital delay in patients with acute myocardial infarction: a systematic review. Circ Cardiovasc Qual Outcomes. 2010;3(1):82-92. 7. RiveroF, Bastante T, Cuesta J, Benedicto A, Salamanca J, Restrepo J, et al. Factors associated with delays in seeking medical attention in patients with ST-segment elevation acute coronary syndrome. Rev Esp Cardiol. 2016; 69(3):279-85. 8. Abreu D, Cabral MS, Ribeiro F. Factors associated with longer delays in reperfusion in ST-segment elevation myocardial infarction. Int J Cardiol Heart Vessel. 2014;4:97-101. 9. Rodrigues JA, Melleu K, Schmidt MM, Gottschall CAM, Moraes MAP, Quadros AS. Independent predictors of late presentation in patients with st-segment elevation myocardial infarction. Arq Bras Cardiol. 2018; 111(4):587-593. 10. Bugiardini R, Ricci B, Cenko E, Vasiljevic Z, Kedev S, Davidovic G, et al. Delayed care and mortality among women and men with myocardial infarction. J AmHeart Assoc. 2017;6(8):e005968. 11. Yonemoto N, Kada A, Yokoyama H, Hiroshi N. Public awareness of the need to call emergency medical services following the onset of acute myocardial infarctionandassociatedfactors inJapan.JIntMedRes.2018;46(5):1747-55. Referências Este é um artigo de acesso aberto distribuído sob os termos da licença de atribuição pelo Creative Commons 595

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