ABC | Volume 111, Nº4, Outubro 2018

Artigo Original Rodrigues et al Preditores de atraso no infarto agudo do miocárdio Arq Bras Cardiol. 2018; 111(4):587-593 Limitações Neste estudo, não dispusemos de informação em relação à distância dos pacientes até o hospital no momento em que eles apresentaram o início da dor torácica, fato que pode ter influência no retardo a chegar no hospital. No entanto, amaioria dos pacientes que procura nossa instituição espontaneamente são moradores da cidade. Por estar localizada em uma zona central da cidade, o tempo de deslocamento não ultrapassa 30 minutos na maioria dos casos. É importante ressaltar que pacientes transferidos de outros hospitais e instituições de saúde foram excluídos do nosso estudo, já que o objetivo era analisar os fatores que influenciam na demora espontânea na busca por atendimento médico de pacientes com infarto, e não analisar fatores que impactam no tempo de transferência médica. Nós consideramos analisar a relação entre a distância do domicílio dos pacientes até nossa instituição, mas foi muitos pacientes não se encontravam em seu domicílio no momento do início da dor, mas em seu trabalho ou outra localização, e, portanto, esta análise não foi incluída no presente relato. Não dispusemos de informações sobre a função ventricular de todos os pacientes, porque ventriculografia esquerda não é realizada de rotina durante o cateterismo e ICPp para minimizar o volume contraste. No entanto, o porcentual de pacientes que apresentava insuficiência cardíaca congestiva (ICC) prévia e que apresentou-se com classe de Killip III/IV no momento do IAMCSST foi semelhante, o que sugere que a função ventricular esquerda dos dois grupos não seja significativamente diferente. Este foi um estudo unicêntrico em um grande terciário de cardiologia, sendo que os resultados apresentados podem não ser válidos para populações significativamente distintas da nossa. Conclusões Os preditores independentes para apresentação tardia ao hospital em pacientes com infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST foram raça negra, baixa renda e DM, e história de doença cardíaca prévia foi fator protetor. Aproximadamente um quarto dos pacientes nesta amostra apresentou-se tardiamente ao hospital, e a mortalidade destes foi significativamente maior do que aqueles que chegaram precocemente. Pacientes que apresentaram as características associadas com apresentação tardia, como pacientes diabéticos, de raça negra e de baixa renda, tiveram o dobro do tempo de chegada ao hospital em relação àqueles sem estas características, o que ilustra a potencial oportunidade para diminuição da média do tempo de chegada se intervenções de saúde pública focadas nestes subgrupos de alto risco forem realizadas. Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa: Rodrigues JA, Quadros AS; Obtenção de dados: Melleu K; Análise e interpretação dos dados: Rodrigues JA, Schmidt MM, Quadros AS; Análise estatística: Rodrigues JA, Schmidt MM; Redação do manuscrito: Rodrigues JA; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Gottschall CAM, Moraes MAP, Quadros AS. Potencial conflito de interesses Declaro não haver conflito de interesses pertinentes. Fontes de financiamento Opresente estudo foi parcialmente financiado pela FAPERGS. Vinculação acadêmica Não há vinculação deste estudo a programas de pós‑graduação. Aprovação ética e consentimento informado Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul sob o número de protocolo 466/12. Todos os procedimentos envolvidos nesse estudo estão de acordo com a Declaração de Helsinki de 1975, atualizada em 2013. O consentimento informado foi obtido de todos os participantes incluídos no estudo. 1. Qian L, Ji KT, Nan JL, Lu Q, Zhu YJ, Wang LP, et al. Factors associated with decision time for patients with ST-segment elevation acute myocardial infarction. J Zhejiang Univ Sci B. 2013;14(8):754-8. 2. Piegas LS, Feitosa G, Mattos LA, Nicolau Jc, Rossi Neto JM, Timerman A, et al.;Sociedade Brasileira de Cardiologia. IV Diretrizes da SBC sobre tratamento do infarto agudo domiocárdio com supradesnível do segmento ST. Arq Bras Cardiol. 2009;93(6 supl 2):e179-e264. 3. Timerman S, Marques FB, Pispico A, Ramires JAF. Tratamento pré hospitalar da siíndrome isquêmica aguda comsupradesnivelamento de segmento ST:Já temos suficiente evidência para implantar a rotina? Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo. 2004;14(6):868-96. 4. Spiers CM. Detecting failed thrombolysis in the accident and emergency department. Accid Emerg Nurs. 2003;11(4):221-5. 5. De Von HA, Hogan N, Ochs AL, Shapiro M. Time to treatment for acute coronary syndromes: the cost of indecision. J Cardiovasc Nurs. 2010;25(2):106-14. 6. Goldberg RJ, Steg PG, Sadiq I, Granger CB, Jackson EA, Budaj A, et al. Extent of, and factors associated with, delay to hospital presentation in patients with acute coronary disease (the GRACE registry). Am J Cardiol. 2002;89(7):791-6. 7. Isaksson RM, Holmgren L, Lundblad D, Brulin C, EliassonM. Time trends in symptoms and prehospital delay time in women vs. men with myocardial infarction over a 15-year period. TheNorthern SwedenMONICA Study. Eur J Cardiovasc Nurs. 2008;7(2):152-8. 8. Nguyen HL, Saczynski JS, Gore JM, Goldberg RJ. Age and sex differences in duration of prehospital delay in patients with acute myocardial infarction: a systematic review. Circ Cardiovasc Qual Outcomes. 2010;3(1):82-92. Referências 592

RkJQdWJsaXNoZXIy MjM4Mjg=