ABC | Volume 111, Nº4, Outubro 2018

Artigo Original Luo et al Análise de testes genéticos de fetos com CC Arq Bras Cardiol. 2018; 111(4):571-577 Tabela 3 – Detecção genética em diferentes categorias de fetos com cardiopatia congêntita (CC) Classificação da CC Aneuploidia Anormalidade da estrutura dos cromossomos CNVs Outros Malformação cardíaca única (n = 181) 40 4 9 128 Múltiplas anormalidades cardíacas (n = 181) 71 6 10 94 CC isolada (n = 220) 26 8 14 172 CC com anomalia extracardíaca (n = 142) 85 2 5 50 CNVs: variações no número de cópias. 56 foram submetidos à indução do parto, e a maioria desses casos foi considerada incurável ou apresentava malformações cardíacas com prognósticos desfavoráveis (incluindo ventrículo único, displasia ventricular esquerda ou direita e tetralogia de Fallot) ou complicadas por anomalias extracardíacas (Figura 1). As mães de 77 fetos com malformações cardíacas leves ou curáveis optaram por manter a gravidez. Destes casos, 66 foram encontrados sem anormalidade após o nascimento, 8 casos necessitaram de cirurgia, um apresentou atraso no desenvolvimento, um foi encontrado com pé torto, um foi identificado com hipomiotonia e os desfechos da gravidez dos 89 casos restantes foram incertos (Figura 1). Discussão Neste estudo, 362 casos de cardiopatia congênita fetal foram identificados em um total de 8.430 gestações em um único hospital materno-infantil da região sul da China, de junho de 2012 a junho de 2016, com uma incidência de 4,2%. Esta incidência foi semelhante à relatada em Xi'an, no noroeste da China, 26 e superior à taxa de 2,3% relatada emGuangzhou, no sul da China. 23 Entre os 362 fetos com CC, a comunicação interventricular (51,9%, 188/362) e a persistente da veia cava superior esquerda (13,0%, 47/362) foram as anormalidades cardíacas mais prevalentes detectadas por ultrassonografia. Muitos fatores, como fatores genéticos (incluindo anomalias cromossômicas e mutações genéticas) e fatores de risco associados às mães (incluindo o vírus da rubéola, outras infecções, radiação, uso de drogas e poluição ambiental) estão associados à CC. 5-7,27-29 No entanto, as causas da maioria dos tipos de CC ainda são pouco compreendidas. Em nosso estudo, 140 dos 362 fetos comCC apresentaramanormalidades cromossômicas clinicamente significativas por cariotipagem e CMA, com uma taxa de detecção de até 38,7%. As taxas positivas dos testes genéticos neste estudo são muito maiores do que as dos relatórios anteriores em Chongqing, China 24 e Holanda. 30 Essa taxa é semelhante à dos brasileiros. 31 Entre as 140 anormalidades cromossômicas, 111 (79,3%) eram aneuploidias, das quais a trissomia do cromossomo 18 era a mais comum; 10 casos (7,1%) foram de anormalidade da estrutura cromossômica; e 19 casos (13,6%) foram CNV patogênicas ou provavelmente patogênicas. Sugere-se que a aneuploidia é a principal causa genética de fetos com CC em nossa população. Dado que o bandeamento G só pode detectar com segurança anormalidades estruturais > 10 Mb de tamanho, 11 CNVs patogênicas podem não ser identificadas por cariotipagem, mas detectadas pela CMA. Com base nesse fator, é possível estimar que o rendimento incremental de CNVs reportáveis com menos de 10 Mb alcançado pela CMA foi de 3,0%. Malformações cardíacas múltiplas complexas têm prognóstico desfavorável e afetam fortemente a qualidade de vida dos bebês sobreviventes, mas casos como tetralogia de Fallot leve têm um resultado razoável após cirurgia, e um bom prognóstico. No presente estudo, os resultados ultrassônicos de alguns fetos com CC causada por aneuploidia mostraram apenas malformações cardíacas leves, embora CCs complexas combinadas com defeitos extracardíacos tenham sido mais comuns nesses casos. Além disso, alguns sintomas, como a deficiência mental, não podem ser verificados pela ultrassonografia pré-natal. Nestes casos, os resultados do teste genético são de grande importância, porque esta situação é facilmente ignorada pelos pacientes e médicos. No entanto, vários casos negativos apresentaram CC complexa e defeitos extracardíacos após o cariótipo e o teste de CMA, e esses casos fornecem uma pista importante para o estudo de outros fatores que levam à CC. Várias limitações no estudo devem ser consideradas ao revisar seus achados. Primeiramente, não foi realizada uma análise abrangente de todos os genes associados a CCs conhecidas. Em segundo lugar, não foi identificada a hereditariedade de CNVs em alguns casos com patogenicidade provável. Conclusão Foram realizadas a cariotipagem e a análise de CMA em 362 fetos com CCs, e verificou-se que 38,7% dos fetos com CCs tiveram resultado positivo nos testes genéticos. A aneuploidia é a principal causa de fetos com CC na nossa população. A combinação da detecção ultrassônica e dos testes genéticos pode diagnosticar efetivamente fetos com malformações cardíacas e defeitos extracardíacos, fornecendo informações valiosas ao médico e aos pacientes. Agradecimentos Os autores agradecem às famílias por sua participação neste estudo. Contribuição dos autores Concepção e desenho da pesquisa: Fu C; Obtenção de dados: Meng D, Hu X, Xie B; Análise e interpretação dos dados: Luo S, Li,Q, Chen Y, He C, Xie B, She S, Li Y; 575

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