ABC | Volume 111, Nº4, Outubro 2018

Artigo Original Martins Estratégia guiada por reserva de fluxo fracionada na SCA Arq Bras Cardiol. 2018; 111(4):542-550 O objetivo desta análise não foi avaliar decisões guiadas por FFR por lesão, e sim focar na importância dessas decisões por pacientes, considerando que pacientes com SCA frequentemente apresentam mais de uma lesão adequada para revascularização e que a identificação de lesões culpadas não é sempre direta. Sem dúvida, pacientes com doença de múltiplos vasos apresentampiores desfechos que pacientes com doença coronariana em um único vaso. Sabe-se que a história natural de pacientes revascularizados em condição aguda é diferente daquela de pacientes revascularizados em condição estável. 33 Por exemplo, a probabilidade de disritmias malignas é significativamente mais comum em pacientes agudos, e é importante causa de mortalidade. 33 Esta revisão sistemática e metanálise resume todos os estudos publicados que avaliaram e compararam desfechos clínicos em que as decisões de revascularização foram baseadas na FFR em SCA versus síndrome coronariana não aguda. Entre os desfechos avaliados, somente o RR do IM foi significativamente maior em pacientes com SCA. O risco mais elevado de IM subsequente encontrado neste estudo e por vários autores é explicado pela diferente fisiopatologia da SCA em comparação à doença coronariana estável. 34-36 Hakeem et al. compararam os desfechos em pacientes com IAMSSST não submetidos à ICP com base na Figura 2 – Gráficos de floresta do risco relativo dos desfechos. (A) mortalidade, (B) mortalidade cardiovascular; (C) infarto do miocárdio; (D) revascularização do vaso alvo. O tamanho dos marcadores dos dados reflete o peso relativo do estudo. IC: intervalo de confiança. Estudo Mortalidade Infarto do miocárdio Revascularização do vaso alvo Mortalidade cardiovascular Fischer JJ. et al., 2006 Sels et al., 2011 Van Belle et al., 2017 Overall: total Q = 0,51, p = 0,78, I2 = 0% Estudo Mehta et al., 2015 Fischer JJ. et al., 2006 Hakeem A. et al., 2006 Potvin JM. et al., 2006 Sels et al., 2011 Van Belle et al., 2017 Lee JM et al., 2017 Overall: total Q = 1,57, p = 0,96, I2 = 0% Estudo Mehta et al., 2015 Fischer et al., 2006 Hakeem A. et al., 2006 Lee JM et al., 2017 Potvin JM. et al., 2006 Overall: total Q = 13,21, p = 0,01, I2 = 70% Estudo Fischer JJ. et al., 2006 Hakeem A. et al., 2006 Potvin JM. et al., 2006 Lee JM et al., 2017 Sels et al., 2011 Overall: total Q = 6,55, p = 0,16, I2 = 39% 2 4 RR A 0 5 RR D 0 20 RR C RR B RR (IC 95%) %Peso 1,30 (0,33, 5,15) 12,5 1,24 (0,61, 2,50) 47,6 1,79 (0,83, 3,85) 40,0 100,0 1,44 (0,89, 2,35) RR (IC 95%) %Peso 1,84 (1,17, 2,90) 35,8 2,17 (0,14, 33,72) 1,0 2,61 (1,24, 5,52) 13,2 0,98 (0,09, 10,64) 1,3 1,69 (1,11, 2,57) 41,9 1,30 (0,34, 5,00) 4,1 2,15 (0,40, 11,69) 2,6 100,0 1,83 (1,39, 2,40) RR (IC 95%) %Peso 2,93 (1,33, 6,45) 37,5 4,34 (0,41, 46,31) 4,2 0,54 (0,26, 1,11) 44,5 0,17 (0,01, 4,00) 2,3 2,58 (0,62, 10,74) 11,5 100,0 1,29 (0,39, 4,25) RR (IC 95%) %Peso 1,86 (0,68, 5,13) 7,1 1,92 (0,95, 3,91) 14,6 0,77 (0,26, 1,11) 9,1 1,29 (0,91, 1,83) 60,5 3,44 (1,37, 8,65) 8,6 100,0 1,46 (0,93, 2,29) 0 20 40 FFR àqueles em um grupo similar sem SCA. Após uma média de acompanhamento de 3,4 anos, utilizando-se pareamento por escore de propensão, as taxas de IM e de TVR foram mais altas em pacientes com IAMSSST que em pacientes sem SCA (25% vs. 12%, respectivamente; p < 0,0001). 34 Resultados semelhantes foram recentemente relatados por Lee et al. em pacientes sem SCA. 37 Quando uma lesão decorrente de IM (definida como qualquer IM atribuído ao adiamento da revascularização das lesões com base na FFR) foi especificamente avaliada, o adiamento do tratamento das lesões com base na FFR não foi significativamente diferente no RR da lesão pós-infarto entre pacientes com SCA e sem SCA [RR 1,84 (IC95%= 0,82–4,11); (I2 = 0%; p = 0,98)] (Figura 3). Se por um lado, Briasoulis et al., 15 mostraramque a estratégia guiada por FFR na SCA parece estar associada a um melhor prognóstico em comparação à estratégia emque se usou apenas angiografia, o principal achado de nosso estudo foi o fato de que o adiamento do tratamento de lesões em pacientes com SCA associou-se a um risco aumentado de IMem comparação a pacientes sem SCA, representado pelos RRs da revascularização do vaso alvo ou lesão pós infarto. 15 Além disso, mortalidade e mortalidade cardiovascular não foramdiferentes entre pacientes com SCA e pacientes sem SCA. 547

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